Adeus ao simulcast analógico/digital em São Paulo

por Fernando Moura

O SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) entrou no ar no dia 19 de agosto de 1981. Em 1976, o grupo conhecido até hoje pelo nome do seu fundador, Silvio Santos, tinha ganhado a concessão do canal 11 do Rio de Janeiro. O ano de 1981 marcou o início de uma nova concessão de rede de TV no país.
Após mais de 36 anos com sinal analógico, no dia 30 de março, o sinal analógico de todas as emissoras de São Paulo e o seu entorno apagaram. Por este motivo, a Revista da SET conversou, em Osasco, zona metropolitana de São Paulo, com José Roberto Maciel, vice-presidente do SBT, sobre as principais consequências do apagão analógico na cidade de São Paulo e quais eram as perspectivas da emissora paulista frente a este marco na história da TV brasileira. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Revista da SET: O apagão chegou na hora certa?
Roberto Maciel: Sim. São Paulo foi a primeira cidade brasileira a ter o início das transmissões digitais. Foram 10 anos de simulcast analógico/digital, tempo suficiente para a população migrar de uma tecnologia para outra, de maneira tranquila e sem transtornos.
O simulcast que deu esta tranquilidade para o mercado migrar a seu ritmo, trouxe, por outro lado, para o radiodifusor, a obrigação de manter duas plantas de transmissão, aumentando a complexidade e duplicando despesas operacionais. Já era então a hora de finalizar o vitorioso ciclo da TV Analógica, que também se iniciou nesta cidade e durou 67 anos e dar sequência ao também vitorioso e promissor mundo da TV Digital.
Revista da SET: Muito se tem falado de cobertura de sinal e de quantos telespectadores atinge o sinal digital. O número de 92% é satisfatório para a SBT?
Roberto Maciel: Em qualquer migração tecnológica existe um conjunto de retardatários que só adotam o novo serviço após a interrupção do anterior. Esta parcela do mercado costuma ser superior a 10% do mercado. Desta forma, os 92% dos domicílios que migraram antes do desligamento comprovam o sucesso do processo. A tendência é de que os 8% restante, agora após o desligamento, se movam com rapidez, e que os 100% sejam atingidos em poucas semanas.
Revista da SET: E agora, por onde passam os desafios da radiodifusão?
Roberto Maciel: O grande desafio é se manter atualizado e competitivo em um mundo cada vez mais veloz e com ciclos tecnológicos cada vez mais curtos.
Revista da SET: No foro pessoal, o que sentiu quando a emissora desligou o sinal analógico?
Roberto Maciel: Fora a melancolia em desativar um sistema transmissor que nos bem serviu por longo tempo, sentimos uma enorme alegria em vermos um projeto que nos demandou estudos, uma calorosa discussão, grandes esforços de execução se tornar realidade e sabermos que fomos parte de um momento histórico da Televisão brasileira.