OTT promete incluir e incrementar receitas

A transmissão de eventos esportivos poderá se tornar uma mina de ouro para as plataformas OTT (over-the-top) – serviços de oferta direta aos consumidores, via internet, de conteúdo audiovisual (streaming de vídeo). De acordo com a Digital TV Research Forecasts, até 2021 os chamados OTT video services gerarão uma receita global de US$ 65 bilhões. Esse negócio promissor foi o foco do segundo painel sobre Tecnologia e Negócios da SET Expo 2018.

“A expectativa é de que o OTT se dissemine em curto prazo, a exemplo de que ocorre com outros tipos de serviços de vídeo sob demanda”, afirmou o moderador José Salustiano Fagundes, CEO da HXD OTT Solutions. A aposta no OTT se deve ao fato de o recurso permitir atingir bases segmentadas de público que, de outra maneira, não seriam atendidas de maneira satisfatória no Brasil – onde o futebol domina amplamente os espaços para esportes nas tevês aberta e fechada.

“O OTT é oportuno por diversas razões”, afirmou Guilherme Figueiredo, CEO da TV NSports, uma nova plataforma de streaming para transmissão de eventos esportivos patrocinada pela Netshoes e focada em modalidades normalmente sem espaço em TVs abertas e a cabo, como handebol e futsal. “Temos muitos eventos sem transmissão, lacunas que podem ser preenchidas pelo OTT mediante custos de produção muito menores que os da TV. Ademais, a solução atende ao novo perfil de consumidores e tem receita publicitária crescente”, resumiu Figueiredo.

Através de operações iniciadas em 2014, a Liga Nacional de Basquete (LNB) foi a primeira entidade esportiva no Brasil a oferecer a transmissão global de seus jogos por streaming em plataformas de redes sociais (Facebook e Twitter). Álvaro Cotta, diretor de marketing da entidade, falou da experiência. “Em 2017, registramos um pico de 2,2 milhões de espectadores únicos numa transmissão. A média foi de 58 mil espectadores unique viewers por partida”, contou Cotta. “Em alguns casos, a audiência superou aquela normalmente registrada nos jogos de basquete nacional transmitidos em canais de tevê fechada”.

De acordo com uma pesquisa do Ibope, o Brasil abriga 8,9 milhões de grandes apreciadores de basquete. O sucesso do OTT da LNB atraiu patrocinadores e vem gerando campanhas de branded content com imagens de lances das partidas. A iniciativa também chamou a atenção da NBA (liga norte-americana de basquetebol profissional), que fechou um acordo de cooperação tecnológica e de conteúdo com a LNB. “Foi uma parceria que não prejudicou nosso produto. Pelo contrário: ajudou-nos a atrair mais espectadores”.

O live streaming é também uma oportunidade para os esportes mais populares. A Copa do Mundo de Futebol de 2018, recentemente realizada na Rússia, bateu todos os recordes de audiência e tráfego online para um evento de streaming em HD e 4K. Comparada à Copa de 2014, no Brasil, a Copa deste ano registrou 63% de incremento de minutos totais transmitidos por streaming. “Após quatro dias de evento, o volume de tráfego de dados já havia superado aquele registrado em toda a edição anterior, no Brasil”, revelou Samuel Yuen, Major Account Executive da Akamai, companhia provedora de uma plataforma de vídeo ao vivo utilizada pela Fifa no evento.

Yuen exibiu estatísticas de audiência e qualidade de streaming da Copa do Mundo de 2018. Segundo ele, o pico de tráfego evoluiu 241% em relação ao da Copa anterior, e a largura de banda utilizada para a transmissão alcançou 24 terabits. “Felizmente, houve 99,9% de estabilidade na transmissão. Foram 60 emissoras no mundo utilizando simultaneamente a nossa plataforma”, disse Yuen.