Bittencourt: Estamos frente a um rolo compressor das telcos em cima da TV aberta

Bittencourt: Estamos frente a um rolo compressor das telcos em cima da TV aberta | Revista da SET

A manhã do último dia do SET Sudeste 2015 começou com a palestra de Fernando Bittencourt, vice-presidente da SET, que realizou um overwiew sobre a participação da SET no principal evento broadcast do Japão e Ásia, o InterBEE 2015.

“O Japão tem um respeito enorme pela SET e pelas suas atividades ao longo do tempo e pela forma como a SET tem contribuído com a TV no Brasil e no mundo. Hoje no Japão só se fala de 4K e 8K, praticamente não existe mais a HDTV, porque isso é um esforço governamental que discute a implantação dessas tecnologias” afirmou.

fernandobittencourt

Hoje, afirmou Bittencourt, o Japão trabalha com um cronograma claro e concreto de “implantação do 4K e 8K no qual aparecem diversas mídias, mas não tem claro quando isso será colocado no ar. O foco é a Olimpíada de Tóquio 2020. Eles querem arrasar com a tecnologia nos Jogos Olímpicos. Não está claro ainda se as duas tecnologias fiquem, parece que quem decidirá isso será o mercado. Existe um grupo de trabalho que definiu isso em conjunto com o Ministério das Comunicações do Japão. Transparece das conversas que eles preferem o 8K porque é tecnologia japonesa, enquanto o 4K nasceu na Coréia”, afirmou.

Num Keynote distendido, mas muito didático, ele mostrou estudos de caso com modulações para transmitir via terrestre para sinais abertos em 8K. Outro dos pontos destacados por Bittencourt foi o High Dinamic Range (HDR) com “um aumento muito grande na relação de contraste desde a câmera até o display que faz uma enorme diferença subjetiva na observação. Isso combinado com a High Frame Rate (HFR) e o Wider Gamma Range traz um outro patamar na qualidade. Estrategicamente, talvez pela primeira vez na história da televisão teremos a capacidade de ver estes itens combinados só por meios físicos, porque não há espectro”.

O ex diretor de engenharia da TV Globo afirmou que “antes o broadcast quality era o de maior definição. Hoje estamos caminhando para meios físicos, e o broadcast por espectro ficará com a menor qualidade porque não terá espaço de banda para colocar no ar todo o potencial que estas novas tecnologias poderão brindar.

Ainda Bittencourt analisou o plano de UHF e, com este, o de remanejamento do espectro. Ele explicou está sendo implantado no Japão e falou sobre  como o V-Low Multimédia Broadcasting pode ser utilizado para prevenção de desastres naturais. Falou ainda do plano de implantação de OTT no país, o Broadcaster Tver, um serviço de OTT gratuito que juntou 5 sistemas de TV comerciais para oferecer um serviço (Fuji TV, NTV, TBS, TV Ashahi, TV Tokyo), no qual “eles se uniram, mesmo sendo comerciais, para colocar conteúdos em alta qualidade de 4K e 8K, o que permitirá muitas vezes colocar maior qualidade no que pelo ar”.

Finalmente, o vice-presidente da SET, destacou os avanços do Hybridcast NHK, uma plataforma que combina o sinal do ar com o conteúdo que vem pela banda larga com a capacidade de transmissão via espectro e conjuntamente pela web “permitindo que o broadcaste o broadband coexistam. Isso é a combinação de uma transmissão broadcast, quem tem uma TV conectada pode ter acesso a mais informações chegadas pela internet. Ainda com conexão para a segunda tela, sendo enviadas para o Mobile. A combinação do broadcast com alta qualidade e o broadband com alta velocidade vai enriquecer muito a experiência de assistir televisão”.

Bittencourt disse que o futuro passa por uma junção, um trabalho compartilhado de trabalho entre as emissoras, as telcos,“eles têm um fórum, que é a NEXTV, onde debatem e trabalham pelo futuro da TV. Se todos os que fazem parte do mercado não se juntarem não haverá futuro”.

No fim da apresentação, ante a pergunta da Revista da SET sobre qual é o futuro do broadcast no Brasil, ele disse: “Estamos frente a um rolo compressor das telcos em cima da TV aberta, onde o espaço do espectro tende a desaparecer para o broadcast. O rolo compressor é ruim para a sociedade, sem espaço no espectro perdemos espaço local, perdemos a produção regional. Se perdemos o espectro quem perde é a sociedade”.

O SET Sudeste 2015, Seminário de Tecnologia de Broadcast e Novas Mídias, Gerenciamento, Produção, Transmissão e Distribuição de Conteúdo Eletrônico Multimídia, se realiza no Auditório da Bolsa do Rio – Centro de Convenções Bolsa do Rio, na Praça XV de Novembro 20, Rio de Janeiro de 24 a 26 de novembro de 2015.

Veja a programação completa do SET Sudeste em:

https://www.set.org.br/eventos_regionais_sudeste.asp?ano=2015