SET Centro-Oeste 2019: O broadcaster não deve ter interesse na prorrogação do calendário de desligamento

O último painel do primeiro dia do SET Centro-Oeste 2019 tratou de como o compartilhamento de infraestrutura é uma das melhores opções para garantir o desligamento do sinal analógico até 2023.

O moderador do painel foi Carlos Magno Silva, Gerente de Engenharia da Televisão Goya, filiada da Record em Goiás.

Ao todo, cinco palestrantes se apresentaram no painel. Flávia dos Santos Silva, especialista em Tecnologia na área de Projetos de Transmissão da TV Globo; Luiz Ricardo Tonin, coordenador de Projetos de Radiodifusão da SM Facilities; Alberto Leonardo Penteado Botelho, engenheiro de Projetos da LM Telecom, Grupo RecordTV; José Roberto Elias, consultor comercial na IF Telecom; e José Frederico Rehme, coordenador e professor do curso de Engenharia Elétrica e Engenharia de Energia da Universidade Positivo.

Magno Silva iniciou o painel apresentando dois dados de introdução. Quase 70% da população brasileira está concentrada em pouco mais de 1300 municípios que realizaram o desligamento do sinal analógico.

Tonin apresentou os modelos de negócio de compartilhamento que a SM Facilities mapeou. São eles: compartilhamento entre redes, ou seja, as emissoras se ajudando; consórcio de redes, criar uma empresa para gerenciar essa infraestrutura; seção de infraestrutura, as prefeituras ajudarem fornecendo a estrutura necessária; e por fim, o operador, uma empresa terceirizada fazendo o trabalho.

Palestrante Flávia Silvia, Rede Globo | Foto: SET

Botelho apresentou a estratégia de compartilhamento da RecordTV para permitir o switch off na região Centro-Oeste. “ As principais características do compartilhamento foram o aumento de custo da instalação lateral. a redução do custo na instalação do topo; a propagação foi maximizada; houve redução na carga da torre; e a diminuição do impacto ambiental”.

O executivo da RecordTV encerrou sua palestra pontuando os desafios de realizar a digitalização no chamado Brasil Profundo. “As prefeituras são agentes importantes nesse processo. Precisamos conscientizá-las de sua responsabilidade fiscal e de disponibilizar a infraestrutura necessária. Por parte das emissoras, existe a necessidade de criar novos modelos de negócio para tornar a digitalização sustentável financeiramente”, concluiu.

Segundo Elias, para viabilizar a etapa final da digitalização uma das opções é melhorar as antenas banda larga por meio da evolução de materiais especiais e baixar os custos. “Para tornar possível a digitalização, uma das maneiras é baixar violentamente o custo até limite de viabilidade em termos de custo. Por isso, as  soluções devem ser extremamente criativas e os projetos, cirúrgicos.

Flávia Silvia falou em relação à Rede Globo. Segundo ela, o primeiro cenário de cobertura digital do switch off 2018, 77% da população foi atingida pela Globo, representando 62% dos municípios. Silvia considera que o compartilhamento entre redes é a principal solução para atender ao cronograma e às pequenas cidades. “Somente com essa mudança de mind set e o fortalecimento da regionalidade, será possível fazer o compartilhamento e realizar a digitalização”, afirmou.

Rehme encerrou o painel e o primeiro dia de evento dizendo que “não dependemos da evolução tecnológica para implantar a digitalização. A digitalização deve ser feita por quem tem interesse,ou seja, o broadcaster que ganha dinheiro com televisão. Por isso, não devemos protelar o calendário do desligamento, pois corre-se o risco de surgir uma nova tecnologia que nos substitua”. 

“O nosso negócio é vender pão. Para isso, precisamos de farinha e a farinha no nosso caso é o sinal”, metaforizou.