Congresso NAB: O futuro é agora

por Francisco Machado Filho, em Las Vegas

Várias sessões na NAB discutiram o futuro da televisão – e o futuro não é tão distante assim. Há pouco mais de quatro anos, vínhamos percebendo que o congresso e a feira apresentavam soluções para o broadcaster que optasse por também oferecer um conteúdo On demand para a segunda tela e para os dispositivos móveis. Discutiam-se as mudanças no comportamento da audiência e a necessidade de políticas de comunicação atuais. Tudo muito natural, quando pensamos em dois setores diretamente ligados à entrega de conteúdo, mas, naquela ocasião, os dois setores caminhavam próximos, porém, ainda separados. De agora em diante, a união se consolida de uma vez e se torna impreterível tanto para o Broadcast quanto para o Broadband, entretanto, uma questão importante pende para o lado dos broadcasters: a alta qualidade de imagem e som do sistema 4K.
A sessão “Broadcasting Beyond HD: Global Plans for Next Generation Television” discutiu o futuro da TV além do padrão Full HD. As demandas da sociedade não cessaram com a alta definição do padrão HD e continuam impondo grandes desafios para os executivos de televisão e Telecom.
A sessão foi coordenada pela Future of Broadcast Television (FoBTV), grupo que vem discutindo o futuro da televisão em todo o mundo. O grupo foi criado em 2011 por 11 instituições internacionais incluindo a NAB e a SET – Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão. No encontro deste ano, expositores da China e da Coréia do Sul apresentaram o “estado da arte” da televisão terrestre em cada país e indicaram as perspectivas de futuro.
Sammy Cho, da SBS/Korea apresentou como se deu o processo de switch off naquele país e o uso do ATSC 3.0, antes mesmo da adoção nos EUA que desenvolveu o novo padrão. Como perspectiva de futuro, Cho afirmou que a televisão coreana quer investir ainda mais na capacidade do UHD e na prestação de serviços. Em 2018, o país será sede dos próximos Jogos Olímpicos Tokio 2020, e esperam consolidar a TV terrestre comprovando que a confiabilidade do sistema e penetração nos domicílios são os fatores preponderantes do setor broadcaster na união como o sistema broadband.

© Foto: Francisco Machado Filho

Peter MacAvock, representante da DVB, chamou a atenção para os desafios que a indústria está enfrentando, principalmente no que diz respeito ao impacto no crescimento do consumo de televisão que a internet está provocando. Somente nos Estados Unidos da América entre 2015 e 2018 o crescimento de consumo de TV foi de 2%, enquanto consumo de internet foi de 15% maior. Na Europa o cenário não é muito diferente. Por isso, a TV na Europa precisa continuar inovando, na opinião de MacAvock e a aposta é na TV Híbrida, sistema que agrega tanto o setor broadcaster quando o broadband. Alguns países da União Europeia já utilizam o HbbTV, padrão híbrido adotado por alguns broadcaster que tentam responder aos desafios da nova geração.
O que ficou claro na sessão é que o futuro da TV está cada vez mais ligado à Ultra Definição de imagem e à união do Broadcast com o sistema Broadband. Ficou evidente também que esta união será diferente em escala e aplicação de país para país, mesmo que os desafios sejam semelhantes em todos os mercados. O Brasil, certamente, será um destes países onde a aplicação destas características para o futuro da televisão terrestre ocorrerão de forma diferenciada e interessante de ser estudada.

Unificando o futuro da Televisão
A televisão em todo mundo está enfrentando desafios que afetam desde o seu modelo de negócios, até o seu papel em nossa sociedade atual. Esses desafios são em maior ou menor escala dependendo do contexto de cada país, mas independente destes contextos um fator é comum a todos os mercados televisivos no mundo: a distribuição de conteúdo em diversas plataformas. Pode parecer que isso seja óbvio, mas as implicações desta nova possibilidade de entrega de conteúdo estão forçando a união do mundo broadcast e o mundo broadband. Os Estados Unidos estão dando um passo decisivo para isso com a implantação do padrão ATSC 3.0.
Na sessão: Unificando o futuro da TV, Giusepe Pascale, CEO da Opera TV, chamou a atenção para a necessidade das duas indústrias em convergirem, não apenas em processos e hardwares, mas também em conteúdo. Isto porque a união destes dois mundos permite que “confiabilidade e escala do sistema broadcast se una à personalização e interatividade do mundo broadband”, afirmou Pascale. Desta forma esta plataforma híbrida pode oferecer conteúdo em qualquer lugar, em qualquer hora, de forma interativa e personalizada, principalmente na publicidade.
Agora os americanos podem sonhar com esse mundo perfeito para distribuição de conteúdo, pois o novo padrão para o setor broadcast, o ATSC 3.0, permite esta integração e isto permite novos modelos e oportunidades de negócios e que podem ajudar o setor broadcast enfrentar com sucesso essa nova configuração de sua audiência, que continua consumindo produtos audiovisuais, mas não mais apenas pela tela da televisão.
Além da questão da entrega do conteúdo o novo padrão já está preparando para atender as outras demandas da indústria audiovisual, com o padrão 4K, HDR, Wide Color Gamut e até mesmo o 3D, que já vem sendo descontinuado por algumas fabricantes de TV. Pascale finaliza apontando as principais características do novo padrão: a flexibilidade, adaptabilidade e foco no futuro do audiovisual.