SET SUL fecha com Keynote de Roberto Franco

Ex-presidente da SET traz uma grande reflexão sobre temas como inovação, mundo digital, pessoas, seus hábitos de consumo de conteúdo, e as conexões com a radiodifusão de hoje e do futuro.

Roberto Franco, ex-presidente da SET e Diretor de assuntos institucionais e regulatórios do SBT, fechou o SET SUL, que se realizou nesta quarta-feira (24/5) em Curitiba, com o keynote: “Como a tecnologia tem impactado nossa vida real”.

Franco começou a sua apresentação falando da curva de adoção da tecnologia desde 1970 até hoje. Ele disse que há que considerar tecnologia, pessoas, negócios e políticas públicas, entendendo que as tecnologias “crescem rapidamente, e ainda se entende a tecnologia como uma forma de melhorar as nossas vidas”. Mas, explicou, falta ver como entender a aceleração linear, “o crescimento real, orgânico, para uma empresa crescer saudavelmente. Quando estamos na indústria das startups, vemos um crescimento com aceleração exponencial. No ponto de disruptura se cruzam as curvas de crescimento. O problema são os pontos cegos que estão abaixo do radar”.

Franco explicou como se define a inovação disruptiva e quais os benefícios dela, que passa por “ser mais barata, mais rápida, mais accessível. Mas isso traz problemas, que têm a ver com assimetrias que passam por regulação, autoral e trabalhista. Temos conversas difíceis que não estamos tendo, continuamos com as mesmas regras sociais e o novo, que era insipiente, se tornou mainstream”, o que gerou assimetrias de mercado. É muito fácil ter o monopólio de concentração vertical junto de problemas sociais, como “desigualdades, segregação, desinformação, o que nos leva à dificuldade ou incapacidade de responsabilização”.

Ele ainda disse que é importante entender o dilema de Collingridge (um paradoxo), que analisou como tratar a inovação, e a sua evidência de impactos, com a disjuntiva de como controlar e regular “as Big Techs e plataformas, que hoje são gigantescas”.

“Regulação das plataformas” é complexa porque “são um gatekeeper, aproveitando-se da economia de escala, adquirindo o domínio de mercado. E, ainda, elas têm uma dinâmica competitiva das plataformas, dizendo quem faz negócio, como se faz a relação e quem transita na sua área”. Frente a isto, o desafio passa por “criar dispositivos que não prejudiquem a inovação, preservem a liberdade de expressão e privacidade, e evitem a fragmentação regulatória”.

Ele prosseguiu trabalhando o conceito de Cauda Longa (The Long Tail), e disse que o radiodifusor tenta enfrentar este caminho. “O mundo, como o mercado, vai ficando líquido. A competência do público é pelo momento. O consumidor é uma Persona diferente em cada um dos seus consumos audiovisuais”. Desta forma, o desafio é como monetizar os conteúdos, como “gerar valor” em uma época de disrupção. “Nós estamos no olho do furação, e este olho vai durar muito tempo. A disrupção é tornar algo diferente do que era e nunca mais será igual. Hoje existe personas que consomem”.

A publicidade é a discussão do momento, disse Franco, e ela passa pelas diferenças entre publicidade digital e tradicional. A primeira não está regulada e a tradicional está muito regulada “com grande assimetria”. Tudo isto acontece porque estamos em um mundo complexo no qual “estamos aprendendo”.

Ele definiu caminhos a seguir e como tratar a evolução tecnológica, e disse que a “inovação pode ser utilizada para aumentar as capacidades humanas, ou para ser capaz de suplantar ao ser humano, e para isso ser resolvido temos de falar de ética”. E assim entender como será o futuro do trabalho, que passa pela otimização e criatividade ou estratégia, que se cruzam com a necessidade ou não de compaixão. Franco, disse, que o ciclo do conhecimento está mudando, “o que nos deixa no turbilhão, no caótico, a maior parte das coisas está em contextos não ordenados”.

Ele finalizou dizendo que as plataformas digitais subtraem todo o ecossistema e a cadeia de valor das mídias tradicionais, que antes eram dividas em partes. Isso provocou a situação em que os meios jornalísticos perderam espaço e as plataformas ganharam relevância impulsionando conteúdos apenas por questões financeiras. Por isso é necessário “regulação” e “responsabilização” das plataformas e as suas aplicações.

 

Por Fernando Moura e Tito Liberato
Fotos: Luana Bravo, Mariana Gimenes e Olímpio Franco