SET SUL perspectiva o que esperar das transformações do mercado audiovisual

Transformação digital das emissoras, inteligência artificial como ferramenta de trabalho e chegada da TV 3.0.

O primeiro painel da tarde do SET SUL, que se realiza em Curitiba, capital paranaense, analisou o “Mercado audiovisual e suas transformações: o que esperar?”. O painel teve como moderadora a Editora chefe e apresentadora na Rede CNT, Carina Godoi; e a participação de Roberto Dias Lima Franco, Conselheiro da SET e Diretor de assuntos institucionais e regulatórios do SBT; Alexandre Barros da AERP; e Robson Tavares, Diretor Técnico na REDE CNT no local, e a de Marcelo Souza, Conselheiro da SET e Diretor de Tecnologia para Produtos Digitais da Globo de forma remota.

Roberto Franco disse que “acredita no futuro construído. Feito de incertezas. Somos nós que escolhemos os milhares de futuros que vêm pela frente. O mais importante é que entendamos que somos nós que construímos o caminho. Temos de botar o ser humano no centro. A tecnologia nos dá ferramentas e suportes para irmos muito além de onde estamos, temos de torná-las úteis, aí estão os grandes desafios”.

 

Robson Tavares, Diretor Técnico na REDE CNT, disse que antes se enxergava a mídia, se viam os gráficos, “foi andando, e hoje a mídia está no centro dos servidores, na nuvem, ela ficou volátil. Temos de pensar no ser humano, e não só no negócio. Temos que estar com o olho no cidadão, precisamos conhecer e saber como vamos vender, mas também como usuário, como ser humano, para deixá-lo feliz e dá-lhe o que a ele lhe interessa”.

Alexandre Barros disse que a AERP se “preocupa com as pessoas e com a emoção que transmitimos com os nossos conteúdos. As ferramentas que estão surgindo e que, às vezes, nos assustam devem ser interpretadas para ajudar o ser humano”. Ele disse ainda, “que o cenário de futuro é imenso, mas precisamos zelar para que seja feito de uma forma humana”.

Marcelo Souza disse que a TV ainda está forte. “Estamos em mais um ciclo. A TV tem desafios. O digital mexeu bastante com o nosso modelo de negócio, mas fortaleceu o jornalismo de qualidade. Hoje, temos um ambiente onde a TV conectada voltou a tomar conta do digital, mas hoje. Hoje as pessoas usam o Globoplay quando, por exemplo, têm dificuldades com antenas internas. Por nossos cálculos, temos mais de 60 milhões de TVs conectadas no país”. Segundo o executivo, o digital trouxe o desafio da oferta, e agora temos o ambiente para melhorar.

TV 3.0 e a experiência de streaming

Souza disse que o padrão de TV 3.0 é muito mais que uma evolução tecnológica, ela vai viabilizar a convergência técnica com IA generativa, “facilitando do modelo simulcastàs métricas. Vamos ter uma TV aberta como um funil de conversão”,no qual o grupo de mídia poderá ter o conhecimento do consumidor e todo o seu arcabouço digital. “O desafio não é só tecnológico, mas também como vamos nos posicionar nesse ambiente de negócio”.

Franco disse que o problema atual é definir onde estamos. “Temos de enxergar o que a tecnologia atende. A TV 3.0 oferece uma coisa que o consumidor quer. Cada emissora atende de uma forma diferente”. O ex-presidente da SET disse que a TV 3.0 fará com que “comecemos a fazer comunicação não pensando em como vou fazer. O como passa a ser o último ponto. As emissoras devem aprender a desaprender, aprender a descobrir. O que temos de definir é “o que entregamos?”.

Souza reforçou o conceito da dor trazido por Franco, e avançou para a ideia da “dor do anunciante, que é importante no ambiente. A TV conectada é o dispositivo que vai ligar o domicilio com a pessoa, dois mundos que até agora andaram separados. Com a convergência dos meios e das métricas, podemos trazer melhorias para ambos os mundos”.

Falando de rádio, Barros disse que “a internet chegou ao rádio como ferramenta de comunicação. A internet alavancou o rádio, expandiu o alcance do rádio. Hoje, nosso desafio é transformar isso em termos de receita e monetização”.

Em termos de distribuição, Robson Tavares disse que o ecossistema de mídia está sendo criado, e a TV 3.0 fará com que integremos estruturas. “Hoje estamos rodando nas smartvs, nas quais temos os streamings com o FAST entrando e sem regulação. Vivemos em um mundo interligado, onde o usuário pode ver conteúdos em diferentes plataformas, mas ainda a TV aberta é relevante”. Desde a óptica de Tavares, “o desafio é ocupar e manter o nosso espaço para manter o 73% de audiência, entendendo que temos de manter a simplicidade para chegar ao usuário”.

Franco disse que a TV 3.0 será um espaço para “dar soluções mais integradas. O usuário muda a forma que está vendo”, pensando em que “temos de ser agnósticos, porque estamos em um mundo beta”, um mundo em transição “que não pode ser pensando com as métricas anteriores. O mundo está repensando até como se medir”.

Inteligência artificial (IA) nas emissoras de rádio e televisão

Tavares disse que a IA é um caminho sem volta, e que no setor de mídia já está sendo aplicado e funcionando, por exemplo, em jornalismo. “Nós transmitimos emoção, quem faz isso é o ser humano. A IA cada vez será melhor, mas sempre vai necessitar a participação do ser humano”.

Souza disse que “não chegamos na Skynet, como no filme ‘O Exterminador do Futuro’”, mas, segundo ele, “o desafio é a ética, e a propriedade intelectual, mas vemos com bons olhos. É uma ferramenta que usamos em vários lugares do Globoplay. É a IA funcional, que é limitada porque prediz, mas não cria. O salto são as CPUS específicas que trabalham com algoritmos, e saímos da IA funcional para a IA criativa, que abrirá novas narrativas para a criação, o que é uma novidade”.

 

Por Fernando Moura e Tito Liberato
Fotos: Luana Bravo, Mariana Gimenes e Olímpio Franco