Entrevista: Sérgio Santoro fala sobre o GT de TV 3.0 e os desafios tecnológicos do setor

Sérgio Santoro é coordenador do GT de TV 3.0. Foto: divulgação.

Criado há aproximadamente um ano, o Grupo de Trabalho de TV 3.0, sob a coordenação do executivo da RecordTV Sérgio Santoro, tem promovido webinars e publicado artigos sobre as principais evoluções tecnológicas voltadas para a TV aberta.

O escopo de GT inclui estudos sobre os novos sistemas de TV Digital Terrestre (como o ATSC 3.0, o ISDB-T, o 4G/5G broadcast, etc.) e tecnologias associadas (como os novos formatos de áudio e vídeo, os padrões de codificação, a multiplexação, a transporte, a modulação, a transmissão, a integração com a internet, a interatividade, a acessibilidade, os alertas de emergência, etc.).

Nesta entrevista exclusiva, Santoro avalia a importância dos GTs da SET.  “A evolução tecnológica nesta área tem sido tão rápida que, sem iniciativas como essa, a grande maioria dos profissionais não teriam como acompanhá-las”, explica.

SET – Como você avalia o engajamento dos profissionais e empresas nas discussões sobre a evolução das tecnologias de TV?

Sérgio Santoro – Pessoalmente, entendo que a maior parte dos profissionais e, por consequência, das empresas que eles representam ainda não têm uma visão bem clara sobre a velocidade das mudanças tecnológicas que deverão ocorrer na TV aberta. Até por causa da pandemia do Covid-19, neste momento, a prioridade é a manutenção da operação do negócio como está. Tão logo passemos por esse problema, creio que as atenções se voltarão com mais intensidade para essas inovações.

SET – No caso da tecnologia em si, quais são as mudanças mais relevantes que podem ser ressaltadas?  

SS – Bem, no atual estágio, a da chamada TV 2.5, haverá a introdução do HDR para a resolução HD, do áudio imersivo e da melhoria da conectividade da TV, com o Ginga DTV, que melhorará a integração entre o broadcast e o broadband.

SET – Quais os fatores que impactam na adoção dessas tecnologias?

SS – Creio que o principal fator diz respeito à melhoria do entendimento pelos profissionais (tanto de engenharia como de operações) do que se trata essas novas tecnologias e como aplicá-las, de maneira a aprimorar o produto a ser entregue ao telespectador. Isso passa por uma atualização pessoal e pelo diálogo com seus pares, de maneira a sedimentar esse conhecimento, sem contar eventuais treinamentos dentro de suas empresas.  Baseado nesse novo cenário, passa-se à próxima etapa, que é a adaptação ou implantação de um fluxo de trabalho que contemple essas inovações, sem esquecer de avaliar a possibilidade de criar novos modelos de negócios para as empresas. Em resumo, os principais fatores seriam treinamento, projeto e aquisição de recursos para produção, e o desenvolvimento de novos negócios por parte dos Radiodifusores. Há que se lembrar também que se deve ter novos receptores de TV que contemplem essas inovações.

SET – Como a pandemia impactou neste desenvolvimento até o momento?

SS – Em função da pandemia, que gerou uma crise econômica, entendo que a grande maioria das empresas postergaram quaisquer investimentos planejados em estruturas técnicas, objetivando manterem-se operacionais neste período. Com a retomada gradativa à normalidade das atividades, a adoção desses novos recursos certamente se dará no devido tempo.

SET – O GT está conseguindo impactar ou influenciar o mercado de alguma forma? Qual é sua percepção neste sentido?

SS – A minha impressão é a de que ainda estamos na fase de conscientização dos profissionais do mercado. O  recente webinar que o GT promoveu, através da SET, a respeito do HDR, teve uma excelente repercussão e suscitou muitas perguntas sobre o tema. Isso demonstra que há ainda a necessidade de enfatizarmos a divulgação dessas evoluções, de forma a contribuir com o aperfeiçoamento profissional do setor. Tão logo esses temas fiquem mais conhecidos e entendidos, essa informação será levada para dentro das empresas, para a implantação.

SET – Quantos profissionais estão engajados no GT neste momento? Há espaço para novos interessados?

SS – Temos um total de 11 profissionais no GT. Sempre há espaço para quem queira contribuir, bastando para isso ser associado SET.

SET – Desde a sua criação, como o GT de TV 3.0 evoluiu?

SS – Até o Grupo ficar entrosado leva um certo tempo, pois é necessário o amadurecimento do entendimento do seu propósito. Paulatinamente, o nível de contribuição vai se elevando e essa evolução tem ficado dentro das expectativas.

SET – Quais os próximos passos do GT?

SS – Recentemente, entregamos um artigo a respeito da TV conectada, publicado pelo SET News na última semana. Haverá um artigo a respeito de novas tecnologias de transmissão e outro a respeito de áudio imersivo. Estamos discutindo também a possibilidade de novos webinars sobre os temas sobre os quais temos tratado.

SET – Pode incluir algum comentário sobre a importância da SET em manter o GT e sobre a importância dos profissionais se reunirem para discutirem esses assuntos?

SS – Durante toda a minha vida profissional, sempre admirei a capacidade dos profissionais de engenharia do setor de trocarem conhecimento, independentemente das empresas para as quais trabalham. Isso é altamente louvável. A manutenção dos GTs, de forma geral, permite que essa troca de informações e conhecimento, com temas definidos, seja fundamental, pois a cada encontro, podemos nos aprofundar e discutir a respeito da evolução das tecnologias que impactarão o negócio do audiovisual em diversas frentes. E essa discussão é bastante rica, permitindo que haja uma integração maior entre seus participantes, e fazendo com estes se tornem elementos multiplicadores em suas empresas.

SET – Por fim, há algo que você gostaria de ressaltar?

SS – Gostaria de ressaltar o papel que a SET tem desempenhado desde a sua criação, com o objetivo de difusão do conhecimento do setor, através do SET EXPO, dos SET Regionais, do SET e Trinta, e, mais recentemente, através dos GTs e dos webinars. A evolução tecnológica nesta área tem sido tão rápida que, sem iniciativas como essa, a grande maioria dos seus profissionais não teria como acompanhá-las. Sinto-me honrado em poder contribuir.

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