Pandemia deixa saldo de novas tecnologias e rotinas de trabalho mais em conta nas emissoras

As emissoras de televisão tiveram que se reinventar para lidar com os desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus. Uma das medidas adotadas foi a revisão e o aumento do rigor dos protocolos de higiene, impactando diretamente os meios e resultados produtivos das emissoras.

A trilha de Criação & Produção do SET eXPerience Academy foi criada para mostrar como foi o processo de adequação às novas exigências e debater as perspectivas para o futuro.

Os curadores da trilha são Raimundo Lima, diretor de Tecnologia e Operações do SBT, e Mauro Garcia, presidente Executivo da Brasil Audiovisual Independente (BRAVI). Ambos concederam entrevista à SET sobre a trilha.

Confira a seguir as respostas do executivo do SBT:

SET: Como foi a elaboração desta trilha? Quais os objetivos pretendidos com os temas abordados?

Raimundo Lima: Na verdade, a trilha foi uma sugestão da SET, baseada nos temas que chamaram muita atenção nos eventos anteriores. É claro que procuramos atualizar mais ainda os temas, trazendo assuntos do exato momento que atravessamos, tanto nos aspectos tecnológicos como os impactos da pandemia mundial que atravessamos no momento. Refletir o momento e discutir o futuro.

SET: Alguns dos episódios da trilha abordam protocolos de higiene e assédio no setor audiovisual. Como tornar o ambiente de trabalho desse setor mais seguro, tanto em termos de saúde, quanto em termos de respeito, principalmente para as mulheres?

RL: Seguir os protocolos de higiene estabelecidos dentro das organizações, se tornou uma questão de vida e respeito ao próximo. Muitos dos protocolos, impactam diretamente nos meios e resultados produtivos das emissoras de televisão. Vou citar o SBT como um exemplo, os programas de auditório são uma marca da emissora, como realizar um programa de auditório sem auditório? Os protocolos de prevenção da COVID-19 recomendam que sejam evitadas aglomeração de pessoas, não há como ter auditório nos mesmos moldes anteriores. Os auditórios virtuais entraram em campo, com as suas mais diversas variações, supriram em parte a solução para as emissoras de televisão, mas não se revelou ser a mesma coisa. Até as transmissões esportivas, sem a participação das torcidas em campo, acabaram por exigir uma sonoplastia para o campo e para a transmissão do rádio e da televisão. Todo mundo foi aprendendo um pouquinho, copiando os bons exemplos de outros e acho que já formamos um conceito junto aos expectadores.

A segunda parte da pergunta sobre o ambiente de trabalho, eu diria que o ambiente saudável é aquele que também é saudável para todas as pessoas. Historicamente, o mundo sempre cobrou mais das mulheres em todos os ambientes, especialmente no ambiente de trabalho que elas precisam se provar em dobro para se estabelecerem e progredirem. Mas, a passos largos, as empresas e profissionais das emissoras estão se transformando e, a cada dia, temos mais a presença feminina nas mais diversas áreas de trabalho dos meios produtivos.

SET: Qual o impacto da pandemia na criação e produção de conteúdo? Houve mais avanços ou retrocessos devido aos desafios impostos por ela?

RL: No primeiro momento da pandemia, os produtos gravados ainda tinham algum estoque inédito para ser exibido, todos seguiram dessa forma. Depois, quando se percebeu que o período de pandemia seria mais longo do que o inicialmente pensado, começaram as reprises. Quando veio a confirmação que as restrições e os protocolos rígidos ainda permaneceriam por um período mais prolongado, foi que os meios de criação tiveram que entrar em ação. Fórmulas adaptadas, fórmulas criadas e modelos adaptados tiveram que entrar em ação para manter a atratividades dos nossos veículos. Vários processos criativos e tecnológicos tiveram seus testes acelerados, encurtando a entrada em funcionamento de equipamentos e formatos de produção em tempo recorde. Muitas das restrições técnicas que tínhamos foram simplesmente implodidas diante da incapacidade de realização da maneira clássica conhecida. O saldo de novas tecnologias e rotinas de trabalho mais em conta vieram para ficar como um legado do período da pandemia do COVID-19.

SET: Como os hábitos de consumo da população tem influenciado a criação e produção de conteúdo por parte das emissoras e serviços de streaming?

RL: Me arrisco a dizer que de uma maneira geral, para todas as emissoras, que aceleramos o que já estava em andamento.  Ações foram antecipadas, pesquisas e experimentos acelerados, deixando um saldo positivo para o futuro. Os serviços de streaming vão ao encontro das novas necessidades do consumidor, independentemente da pandemia. Como disse anteriormente, o que aconteceu foi uma aceleração e a descoberta de novas maneiras de produção e disponibilização de conteúdos, porque os hábitos dos consumidores também mudaram.

SET: Por que as pessoas devem assistir aos vídeos desta trilha?

RL: O conteúdo, resultado das entrevistas, debates e explanações dessa trilha, estão muito ricos em novidades, atualizações e visão de futuro. É imperdível para qualquer profissional da área e muito interessantes para o público em geral.