IBC 2017 começa com forte discussão sobre fake news, governo e controle da mídia

Sally Buzbee, executiva da Associated Press, foi uma das palestrantes do IBC 2017. Foto: IBC

Fonte: IBC

As Conferências do IBC 2017 abriram na manhã desta quinta-feira, em Amsterdã, Holanda, com um dos temas mais relevantes no atual momento para o mercado mundial de produção e distribuição de notícias: as fake news.

Com o título de Lies, Damn Lies and Alternative Facts: striving for accuracy in a new world order (Mentiras, Malditas Mentiras e Fatos Alternativos: lutando por precisão em uma nova ordem mundial, em tradução livre), a sessão contou com a participação da editora executiva da agência de notícias norte-americana Associated Press, Sally Buzbee.

Este ano, a AP se juntou à revista Time e não compareceu a uma coletiva de imprensa da Casa Branca, como forma de protesto a uma decisão do presidente Donald Trump que baniu veículos de comunicação críticos ao seu governo, inclusive a CNN.

Em entrevista ao IBC pouco antes da sua fala, Buzbee falou especialmente deste assunto. Apesar da Associated Press não fazer parte dos órgãos de imprensa banidos por Donald Trump, a empresa de 171 anos decidiu não participar da coletiva.

“Excluir certas organizações de mídia cruza uma linha vermelha e nessas circunstâncias é nosso trabalho dizer “não, isso não está certo “, disse a executiva.

Ela reconhece que, atualmente, o grande desafio para a grande imprensa na era da pós-verdade é conseguir mostrar ao público quais são os fatos reais e quais são os alternativos.

“Precisamos ser mais transparentes e ir além de simplesmente apresentar as coisas como certezas”, avalia. “As organizações de mídia mais respeitadas em todo o mundo estão sendo desacreditadas como criadoras de falsas notícias. Nos Estados Unidos, isso vem acontecendo a partir de movimentos como o “alt-right” e, ocasionalmente, pelo próprio presidente.

Em sua apresentação, Buzbee também falou sobre as redes sociais, como o Facebook e o Twitter. Um debate em todo o mundo vem sendo travado e o objetivo é que o Facebook, que tem mais de um bilhão de usuários, seja reconhecido como uma mídia de comunicação e não somente como uma rede social.

Já sobre tecnologias como a Inteligência Artificial, ela avaliou com cuidado. “Como jornalista, o que mais me entusiasma é o potencial da inteligência artificial para ajudar nas reportagens mais complexas. Ela permite a avaliação de muitos dados sobre, por exemplo, o financiamento de uma campanha política ou sobre poluição. Com certeza, esta é uma ferramenta que pode nos ajudar na checagem de informações de maneira mais rápida e segura”, explica.

“Mas é importante que a AI não substitua de modo algum os jornalistas. É uma ferramenta fantástica, mas não um meio de redução de custos”, pondera.

Leia mais sobre a palestra de Sally Buzbee neste link.

As Conferências do IBC 2017 terminam na segunda-feira, dia 18. Até lá, serão mais de 90 sessões, com a participação de mais de 400 palestrantes.