Quarta revolução industrial demanda iniciativa e investimento da indústria de broadcast

Para especialistas, ferramentas de Inteligência artificial precisam estar atrelados a mudança de cultura corporativa.

O potencial das novas tecnologias parece claro para o setor de broadcast, mas a aplicação prática de ferramentas como inteligência artificial na produção e na distribuição de conteúdo ainda depende de algumas mudanças, como a reinvenção das culturas das empresas e ter iniciativa para a disrupção.

Nesta quinta (30), o painel 4ª revolução industrial e o impacto no mercado de mídia e entretenimento, na SET Expo 2018, promoveu o debate a partir dos pontos de vista do setor de software as service e de desenvolvimento de IA. “As empresas precisam ir fundo, agir, fazer sem esperar acontecer. Se errar, volta e corrige. É preciso um ‘no regrets moves’ ”, afirmou Gustavo Vilardo, managing director da Accenture, empresa de consultoria que também precisou se reinventar. “A gente não mudou só os negócios, mas a forma como nós entregamos as coisas. Antigamente a gente desenvolvia com o cliente e implantava de modo sequencial. Tudo é tão rápido que a gente precisa ir fazendo e aprendendo a fazer, meio uma cabeça de startup.”

Ele citou tendências que estão impactando a indústria de mídia hoje, como competição pelo conteúdo, ecossistema de parcerias e reinvenção da publicidade. O mercado da relação com os clientes é promissor, e o “céu é o limite no consumer experience“, defendeu Rodrigo Marcondes, vice-presidente de vendas da Adobe para a América Latina.  “A gente precisa escutar o nosso cliente o tempo inteiro. Segundo pesquisa realizada no Brasil neste ano, 70% dos millennials evitam uma marca por causa de uma má experiência e 40% esperam experiências personalizadas. Mas é preciso cuidado para não invadir a privacidade do usuário. É uma linha tênue.”

Há casos concretos do uso de inovações da quarta revolução industrial no segmento de mídia. Washington Cabral, Client Technology Advisor for Media & Entertainment da IBM, citou o projeto da empresa aplicado a cinco décadas de imagens de acervo da Budensliga, campeonato alemão de futebol. A inteligência artificial gerou metadados que possibilitam hoje a busca específica de vídeos de um jogador num período de tempo e a edição automatizada de um determinado material. “O consumidor pode viajar por um acervo que estava praticamente congelado, sem uso. E hoje a experiência inclui a escolha de cenas, jogadores, jogadas, logomarcas”, disse.