Regionais SUL 2022 – A transformação e tendências do mercado de mídia audiovisual

Mercado audiovisual gaucho analisou, com casa cheia, o estado da arte do negócio na região e como avança a complementaridade dos meios tradicionais e os meios e plataformas digitais

Moderado pelo Presidente da SET, Carlos Fini, o painel teve a presença de  Alexandre Gadret, presidente da Rede Pampa de Comunicação; Marco Gomes, Diretor de Entretenimento e Canais, Grupo RBS; Tânia Moreira, Secretária de Estado de Comunicação; Carlos Roberto Alves, Diretor Executivo do Grupo Record RS; Lisiane Russo, Diretora Geral do Grupo Bandeirantes RS; e Gabriel Casara, Head de Negócios do SBT

O painel começou com algumas provocações de Fini sobre tendências do mercado mundial, ele citou o ATSC 3.0, os modelos FAST e a retorno ao modelo de conteúdo mais comercial. “Quando achei que tinha entendido tudo, recebi uma publicação que disse que em 2008, as pessoas tinham em media três (3) fontes de sinal, e em 2022, há nas telas das pessoas, mais de 7.4 fontes de sinal”.

Gabriel Casara, Head de Negócios do SBT disse que temos de pensar que tudo começa pelo consumidor. “Precisamos ver o que esta acontecendo com as crianças e os adolescentes em casa, eles são um referencia importante. Acredito que temos de estar atento ao que a internet faz. Desde o ponto de negócio, temos de ver o que o cliente quer e criar iniciativas que cheguem a outros canais para fechar esse combo, essa oferta que falei com todos os canais”, mesmo que hoje seja difícil estar em todas, “precisamos testar e saber que o negócio esta sempre em evolução”.

Casara, ainda, comentou que há que “rever o conceito das métricas, e como os veículos digitais estabelecem o que uma visualização” e assim “ter uma unificação das métricas”. Tudo porque “a tecnologia cria a solução, mas precisamos estar atualizados e ter trilhas com áreas de capacitação para o mercado”.

Carlos Roberto Alves, Diretor Executivo do Grupo Record/RS falou do futuro e da integração com internet e traçou o caminho da TV no país. “A transformação acontece em uma velocidade inacreditável e que em 1953 nasceu a TV Record. A primeira transformação foram os aparelhos em 1956, depois a primeira transmissão em cores em 1970. Em 1980, o controle remoto. Em 1990 o vídeo cassete acoplado e em 2000 a TV LCD. Transmissões em HD com mudança de aparelhos em 2006 e em 2016 a TV Digital”.

Alves, disse ainda que para “a TV 3.0 precisamos pensar em nosso negócio com um custo muito alto, porque essa TV de hoje não é compatível”, falando do futuro, ele disse que a multiplataforma é hoje, “mas vai acontecer ainda mais. Passaremos a ter na oferta para o telespectador onde ele poderá escolher o que quer, mas para isso precisamos um investimento alto nas emissoras”.

Concorrência com Big tech

O presidente da Rede Pampa de Comunicação, Alexandre Gadret,  disse que “o segmento vive um momento de transição enorme, não só tecnológica. Percebemos a transformação pela mudança de hábitos dos consumidores. Nos estamos atentos aos outros caminhos, porque acima de tudo, a TV aberta e o rádio continuam presentes e são soberanos. Segundo a Kantar Ibope 205 milhões de pessoas continuam assistindo. Sabemos das facilidades da internet, mas entendemos que levar o conteúdo aberto e gratuito é importante.

O grande desafio, explicou Gadret, é a “competição comercial atual. O desafio é disputar a fatia do mercado com Google, Facebook, TikTok, uma disputa muita maior com o desafio de ajustar a operação e a forma de operação para seguir presente na vida dos consumidores, mas sobretudo na vida dos profissionais da marketing. O momento deve fazer que continuemos atingindo o público. Acredito que o momento é emblemático, especialmente o desafio comercial”.

Marco Gomes, Diretor de Entretenimento e Canais do Grupo RBS, falando da NAB e dos influenciadores, disse que as empresas devem defender e vencer essa percepção de que o radiodifusor pode atingir influenciadores. “Cada um dos nossos espectadores podem chegar a 250 pessoas”, afinal, “eles são influenciadores”. Gomes disse que o estado atual da indústria é fruto de uma disputa com o comportamento do consumidor, e a tecnologia permitiu satisfazer as necessidades do consumidor “com uma oferta imensa”, que fez que hoje “conviva a TV aberta, a TV paga, o VoD, os players de streamings. O que vejo que a Netflix esta com perda, e na minha visão, isso é fruto de comportamento do consumidor, que é um eterno insatisfeito pelo preço das coisas. Uma fadiga pelos pagamentos, nos Estados Unidos, as pessoas estão pagando mais do que podem, com uma disputa importante pela atenção”.

Na minha ideia, disse Gomes, haverá mudanças no modelo de negócios das plataformas OTTs, com mais fusões e consolidações de operação, e no Brasil, “a TV aberta é forte, é fundamental, mas precisamos avançar porque o consumidor tem o conteúdo a hora que quer, onde quer. O poder do consumidor esta adquirido e precisamos acontecer a transformação digital criando uma plataforma digital, ou distribuição nos conteúdos nas Big Tech ou nas plataformas Fast que levam para o streaming a experiência do linear no streaming com a publicidade”.

Evolução tecnológica

Lisiane Russo, Diretora Geral do Grupo Bandeirantes RS, “enxergamos como uma união. A TV brasileira tem muita força. A união da TV com o digital é o caminho, pensamos no caminho digital. O que trabalhamos é em profundidade com o digital e entender como os meios se está transformando. O rádio se transformou tanto, que hoje assistimos rádio no Youtube, usando as ferramentas sejam as tradicionais como as digitais”.

Em termos de Grupo Bandeirantes, ela disse que “nenhum projeto sai casado entre TV e digital, fazemos ações conjuntas. Nos temos de entregar o conteúdo onde a pessoa estiver. Sabemos que temos de estar em todas as plataformas, mas sabemos que temos quase 6 horas de audiência em TV aberta. Por isso, temos de pensar em como fazer que os conteúdos casem. Por isso, devem não brigar, unir os esforços e ter profundidade para entender os públicos”.

Finalmente, a Secretária de Estado de Comunicação/RS, Tânia Moreira, disse que o consumidor passa pelo dilema de “saber exatamente o que quer e onde quer estar com a dinâmica digital. Vivemos em um momento que é difícil quanto anunciante. O governo é um anunciante, mas nosso problema é traçar o que o consumidor quer. Nosso desafio é saber o que o consumidor deseja”.

Por Fernando Moura
Fotos: Luana Bravo – SET e Anderson Moura – Wolfram Engenharia