Migrantes AM-FM ampliam a sua cobertura após estreia no dial FM

Reprodução tudoradio.com 

Autor: Daniel Starck

 

A migração AM-FM tem provocado uma mudança no panorama do dial em todo o país. Com o processo saindo do papel em 2016, foi possível observar o comportamento das novas FMs no espectro, principalmente em relação à cobertura de sinal. E na maioria dos casos a ida para o FM resultou em um maior alcance geográfico do que a abrangência observada na faixa AM. Parece que a afirmação contraria a lógica existente entre a comparação de cobertura entre AM e FM, mas ela é real na maioria dos casos. Acompanhe:

O tudoradio.com acompanhou de perto o comportamento de duas migrantes AM-FM, sendo uma em São Paulo e a outra em Santa Catarina. No caso catarinense, é possível observar o comportamento de sinal da “nova FM” em um dial FM com lotação considerável, onde a migrante AM-FM encontrou duas “vizinhas de dial” em sua região. É o caso da Rádio Brasil Novo FM 94.3 de Jaraguá do Sul (SC), rádio que no AM tinha a sua cobertura de sinal restrita à sua microrregião (apesar da classe intermediária de sua operação).
Quando iniciou as transmissões em 94.3 FM, a Rádio Brasil Novo passou a cobrir de forma local a cidade de Joinville, além de alcançar várias praças do litoral norte catarinense, litoral paranaense e “raspar” na Grande Curitiba. No AM, apesar de obter um alcance mais considerável em relação à distância (mas para ouvintes que contam com um bom receptor AM), a Rádio Brasil Novo não conseguia cobrir metade da área que hoje é alcançada em FM. Detalhe: a oferta de receptores em FM é maior e a qualidade de sintonia tem sido aprimorada na faixa FM.
Com um bom projeto técnico, a migrante AM-FM consegue ampliar a sua capacidade de cobertura regional após a ida para FM. E detalhe: novamente no caso da Rádio Brasil Novo, a emissora encontrou na região as vizinhas de dial Jovem Pan FM 94.1 de Itajaí e Aquarela FM 94.5 de Barra Velha. As três emissoras convivem de forma “pacífica” no dial FM do norte catarinense, sem reduções em seus alcances após a estreia da Brasil Novo em 94.3 FM. E detalhe: a 94.1 FM é uma emissora de classe E3 e conta com uma das maiores coberturas de sinal no sul do país.
O caso paulista acompanhado pelo tudoradio.com também é semelhante. Com a ida para o FM, a Jovem Pan News FM 103.3 de Barretos teve o seu alcance regional ampliado, passando a cobrir com mais facilidade cidades como Bebedouro, Guaíra, Olímpia, entre outras. E o alcance máximo também foi ampliado, com a Jovem Pan News sendo captada por ouvintes residentes em praças como Sertãozinho, Pontal, Jaboticabal, Monte Alto, entre outras localidades (coberturas parciais). Quando estava em 1140 AM, essa cobertura de sinal regional era dificultada pelas interferências e pela baixa oferta de bons receptores para a faixa AM. E a situação da outra migrante de Barretos (Rádio Independente FM 93.5, que estava em 1010 AM) também é parecida, com ampliação de sua cobertura após a ida para o novo canal.
O tudoradio.com também recebeu relatos de ampliação da cobertura regional de várias outras migrantes AM-FM. Um dos casos que mais chamou a atenção foi a da CBN FM 91.1 de Natal (Rio Grande do Norte), estação que estava com a sua cobertura regional limitada quando estava em 1190 AM. Após a ida para 91.1 FM, a emissora nordestina conseguiu “preencher” o raio de cobertura na Grande Natal, onde contava com muitas sombras na operação AM. E o alcance máximo também foi ampliado, com a FM chegando a proximidades da divisa com Pernambuco e no litoral mais ao norte de Natal.
O engenheiro Eduardo Cappia (diretor e membro do comitê técnico da Aesp / EMC Solução em Telecomunicações) explica a situação: “A sensibilidade dos receptores de AM, que é em média de 150 uV/m, atuando numa faixa abatida pelo ruído elétrico. A sensibilidade média dos receptores FM, principalmente dos automotivos é entre 7 e 10 uV/m. Isso facilita a recepção em FM. Outro aspecto fundamental é a questão do relevo já que as emissoras FMs, fundamentadas em um bom projeto técnico e estudo de avaliação de locais de instalação  tem se conseguido um bom rendimento”, explica Cappia.
Cappia também lembra de outro caso em São Paulo. “Também há o caso da Transamérica Hits de Auriflama, que deixou de operar em AM 1550 e agora só opera em 96.1 FM, cobrindo muito melhor do que fazia o AM.  A migração se apresenta como uma excelente resposta à radiodifusão, preservando o conteúdo das emissoras AM, recuperando em muitos casos audiência perdida pela baixa qualidade do serviço AM. De fato, gratifica e demonstra o caminho certo do Processo”, finaliza Eduardo.
“Gordura” 
Em resumo, após migrar para a faixa FM, a antiga AM passa a ter mais “gordura” na sua área de cobertura. Cada emissora FM possuí uma classe de operação, que determina um contorno protegido para a estação (neste raio, nenhuma outra emissora poderá interferir em seu sinal). Porém a transmissão em FM não fica restrita à esse contorno da classe, situação que é considerada como um “bônus” para a abrangência da emissora.
O mesmo ocorria na faixa AM que, mesmo tendo um alcance maior em distancia, a “gordura” na cobertura não era constante e também não consegue contemplar regiões próximas de sua área de transmissão (cerca de 30 a 70km em relação ao ponto de partida do sinal em FM). Na maioria dos casos esses sinais podem ser percebidos de forma parcial em localidades distantes em relação à emissora FM em questão, superando os 100km de distância em linha reta.
Já para coberturas superiores a 100 km ou alcances regionais (ou até interestaduais) parecidas com a faixa AM, o rádio já conta com a transmissão via internet através de sites e aplicativos.
 (tudoradio.com)

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