A importância da TV no ensino remoto

A quinta sessão do SET Business aconteceu na tarde de quarta, 10 de junho, e abordou quais os futuros possíveis para a educação, os sistemas de ensino, o aprendizado remoto e o lugar da tecnologia nesta mediação.

A moderadora foi Patrícia Blanco, presidente do Instituto Palavra Aberta. Ela esteve acompanhada por Mariana Ochs, coordenadora do EducaMídia do Instituto Palavra Aberta; Giselle Santos, fundadora da Human:ia Futuros; e Julci Rocha, pedagoga e educadora.

Em sua introdução, Blando falou da rápida mudança nos rumos das discussões sobre aprendizado remoto.

“Se voltarmos para os meses de fevereiro e março, a discussão era quanto tempo a criança podia ficar à frente de uma tela, o uso do celular na sala de aula, como oferecer tecnologia para a criança de forma segura. De uma hora para outra, surgiu a necessidade de fazer com que a criança fique diante de uma tela, seja de computador ou celular, para assistir aula”, descreveu.

A presidente do Instituto Palavra Aberta ressaltou a iniciativa de estados de levar conteúdo educativo para os alunos via televisão e lamentou a política adotada pelo Governo Federal de cortar investimentos para a TV Escola.

“A TV Escola, que chega no Brasil inteiro, está sendo desmontada por uma política governamental que acaba afetando o todo da educação. Isso é bastante triste”, disse.

TV para a educação

A pedagoga Julci Rocha corroborou com a fala de Blanco sobre a importância de levar educação por meio da televisão neste cenário de pandemia e isolamento social.

“Os canais de TV têm mostrado força como veículo possível de integrar conteúdos a uma prática pedagógica. O Centro de Mídias do Estado de São Paulo, lançado agora neste momento da pandemia, e o Centro de Mídias do Amazonas, criado há mais de 10 anos, estão mostrando caminhos multiplataforma e também como a TV – seja canal público ou pago – é veículo democrático para o aprendizado, chegando a 97% dos domicílios brasileiros”, ressaltou.

Isso é muito diferente quando se pensa nas dificuldades encontradas por estudantes em ter acesso à internet e a um dispositivo (seja o smartphone ou um computador).

Rocha pontuou atitudes consideradas adequadas que as redes de ensino e as escolas precisam ter para a continuidade da educação em meio ao isolamento social.

“Aquelas escolas que possuem facilidades de comunicação online, (como uma conta em uma rede social, por exemplo), investem na proximidade com familiares dos alunos e promovem uma educação interativa e mais voltada para o estudante, terão mais facilidade para dar continuidade ao trabalho após a pandemia”, afirmou.

Necessidade do aluno

Mariana Ochs, coordenadora do EducaMídia do Instituto Palavra Aberta, falou da dificuldade de encontrar uma solução para o ensino remoto.

“Não é possível encontrar uma solução única para o ensino remoto que não leve em conta os contextos socioemocionais, tecnológicos e individuais em cada família. É importante não replicar o modelo de oferecer conteúdo, e sim, proporcionar experiências.”

Para Ochs, “um dos principais problemas encontrados é como incluir toda a diversidade humana, neurológica, as diferentes formas de aprender neste modelo de educação remota. Como criar formas de avaliação que contemplem a diversidade de situações e pessoas. E finalmente, como oferecer uma formação continuada aos professores.”

A coordenadora do EducaMídia citou alguns princípios do manifesto do ex-diretor do Massachusetts Institute of Technologyque (MIT), Joi Ito, que ela considera relevantes serem tratados no mundo moderno.

“Devemos puxar ao invés de empurrar. É preciso entender as necessidades dos alunos e do mundo do trabalho do século XXI: foque em habilidades criativa, cognitivas, de análise crítica e comunicativas. O letramento midiático é fundamental”, concluiu.

O futuro é hoje

Giselle Santos, fundadora da Human:ia Futuros, destacou as disrupções como consequência da pandemia e do isolamento social.

“Houve disrupções muito grandes em algumas arquiteturas. Arquitetura emocional, por exemplo: como lidar com nossas emoções e com as emoções dos outros? Uma ruptura na arquitetura instrucional, uma mudança no entendimento do que é aprender, do que é escola, do que é ensinar”, disse.

Santos também levanta o questionamento em relação ao papel do educador.

“Os educadores se vêm presos porque durante muitos anos foi sempre a dicotomia: o educador educa e o estudante estuda. E não é mais assim. Vivenciamos uma roda em que todos aprendem e têm um lugar de fala dentro do ensinar também”, afirmou.