NexTV Series Brasil debate as mudanças da experiência televisiva

Reportagem Especial

Evento analisou o futuro das telas e como estas trazem experiência de consumo audiovisual, enquanto as emissoras de TV brasileiras afirmaram que a TV Híbrida começou a ser uma realidade no país

por Fernando Moura, em São Paulo

A  7ª edição de NexTV Series trouxe a capital paulista executivos de operadoras de TV Paga, emissoras TV aberta, Telcos residenciais, programadores, distribuidores e executivos da cadeia audiovisual que debateram o futuro dos conteúdos, da TV e os serviços OTTs.
O dia contou com 12 painéis que analisaram o futuro das operadoras de TV por assinatura e TV everywhere; os modelos OTTs para emissoras abertas; as tendências futuras na tecnologia de TV por Assinatura e tecnologia doméstica; as estratégias “direto ao consumidor”, ou também chamadas D2C, para canais por assinatura; entre outros e teve mais de 340 executivos reunidos.

Painel moderado por Fernando Moura, editor-chefe da Revista da SET analisou a TV atual e nele ficou claro que ela é mais que um dispositivo. Na conversa de hoje com a Globo, SBT e EBC (Canal Brasil) se percebeu que as emissoras olham a TV como Híbrida e já não como unívoca, senão como um das opções de distribuição de conteúdos

Ariel Barlaro, VP Americas da Dataxis, organizadora do evento, disse à reportagem da Revista da SET que em seus sete anos de existência o NEXTV Series Brasil cresceu e foi transformando. “A conferência incorporou este ano vários temas interessantes como “O avanço do Live streaming e Vod OTTS das igrejas” e “Os desafios da TV para atingir a Geração Z” com especialistas em cada tópico, o que nos permitiu ter um leque de possibilidades que vai da TV aberta ao streaming das igrejas, e as ISPs (Internet Services Providers) que avançam para plataformas de OTT que agregam valor aos seus serviços”.
O painel moderado por Fernando Moura, editor-chefe da  Revista  da SET analisou a TV atual e nele ficou claro que ela é mais que um dispositivo. Na conversa Marcelo Souza, diretor de  Produtos  de  Vídeo  OTT do Grupo Globo, Fernando Pensado, gerente de Negócios e Inovação do SBT; e Adriano Adoryan, gerente Executivo de Sistemas de Informação e Comunicação da EBC — Empresa Brasil de Comunicação mostraram o seu trabalho de aproximação ao público, um público-consumidor cada vez diaspórico e migratório que consume conteúdos  audiovisuais em todo lugar e provenientes de diferentes estruturas de distribuição, o que de alguma maneira, foi colocado por Gustavo Marra, VP Business Development and Strategy at SeaChange International, que usou o guarda-chuva da tecnologia para explicar as novas formas de distribuição de conteúdo.

 

No painel, percebeu-se que as emissoras olham a TV como híbrida  e já não como unívoca, como simulcast e apenas broadcast, e sim como uma das opções de distribuição de conteúdos, onde o multicast já não é uma ideia, mas sim um fato. Da moderação o que parece ficar claro  é que o que mudou foi a forma de distribuição de conteúdo e com ela a experiência. O que resta saber é se o meio continua sendo a “mensagem” (Herbert Marshall McLuhan), ou agora o “meio é a experiência”.
Pensado explicou que no início de novembro de 2019, o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) fez o lançamento do SBT Vídeos, sua plataforma própria de streaming que segundo as suas palavras, funciona como um agregador de conteúdo  que  coloca a disposição dos consumidores os vídeos que estão hospedados no YouTube.  Desta  forma,  o  serviço de Video On Demand (VoD)  do  SBT possui uma interface web gratuita que permite acessar aos vídeos. O site é gratuito e transmite ao vivo a grade de programação da emissora. Entre as novidades, disse Pensado, as reprises de novelas de êxito do SBT como Revelação (2008) e Amor & Revolução (2011), e a infantil, Esmeralda (2004).

Miguel Sampaio ( MOG Technologies) e Ana Cristina Paixão ( NBCUniversal Networks International Brasil) no NexTV Series Brasil

Pensando comentou que o YouTube continua sendo a plataforma, o que mudou foi a tática, agora utilizasse um link não listado do site e publica-se na plataforma. “Reestruturamos o SBT Vídeos que tem de ser um organizador do conteúdo para o usuário da plataforma para, desta forma, podermos entregar uma melhor experiência”. De fato, disse o executivo,   o que fazemos é uma “curadoria do conteúdo”.
Marcelo Souza, diretor de Produtos de Vídeo OTT do Grupo Globo, disse que hoje a TV aberta é “mais uma janela de distribuição”, porque o Grupo trabalha com um conceito de “experiência híbrida” no qual a Globoplay alavanca a TV aberta  e  vice-versa.  “A ideia é que tudo seja transparente”, tanto no ambiente tradicional da TV como no ambiente On-demand, disse o executivo. “Hoje o contexto da TV linear continua sendo importante para o tipo de narrativas porque, por exemplo, o 60% do consumo do Globoplay em TV conectadas veio da linear, e nosso objetivo é continuar alavancando a TV híbrida”.

“Desde testes a vídeos transacionais, a tecnologia Vizzi permite criar triggers cada vez mais atraentes entre o seu conteúdo e as demandas do seu público”, disse Mónia Gomes (MOG)

No painel “Os Desafios da TV para atingir a Geração Z”, o CEO da MOG Technologies, Miguel Sampaio, disse os nativos digitais “vivem e respiram digitalmente” pelo que as empresas de tecnologias e os produtores e distribuidores de conteúdo tem que criar ferramentas que permitam “captar a atenção” de um público que muda rapidamente de gostos e preferencias, por isso a solução passa por ser “ágil, inovador e interativo”. No painel, Ana Cristina Paixão, gerente de Conteúdo da NBCUniversal Networks International Brasil, disse que a TV como multi-telas não vai acabar, o “que vai acabar é a tipo de programação e o mindset que temos ainda, que é um mindset de TV não linear. Por este motivo precisamos aprimorar o consumo de conteúdo e levar esse conteúdo para a geração Z, que é uma geração que pelo seu capital social assistem um conteúdo que para nós é considerado de TV”. Roberto Primo de Globosat, Luis Santos de Fox Sports e Flavio Menna da Turner participaram em um painel sobre tendências futuras na tecnologia de broadcasting e streaming onde foi debatida a situação  atual da indústria de TV paga no país e na região e como as grandes produtoras e programadoras olham para a nova década.
Também  participaram  executivos das operadoras de TV por assinatura como Mauro Fukuda da Oi, Alexander Greif e  Igor  Chambon  da  Sky,  Luiz Bento da Silveira, da Telefónica Vivo, Guilherme Rapchan de Cabonnet e Marcio de Jesus da Silva de  Algar Telecom que  analisaram  como as plataformas de TV por assinatura das grandes operadoras se adaptaram à nova era, com sistemas de TV everywhere e plataformas híbridas que permitem exibir todo o  conteúdo on demand e fazer catch up, retro EPG ou start over; e ainda, se é viável ter plataformas OTT e rede de fibra e migrar para um modelo sem STB  diretamente  com  um  aplicativo para TV ou com um dispositivo chromecast, por exemplo, ou migrar para plataformas de TV Android para assim aproveitar o próprio STB e ir diretamente para smarTVs.
Ainda, destaque para Eldes Matiuzzo, do Telecine; Paulo Barata da NBC; Rogério Francis da Viacom; Cicero Aragon da Box TV; e Newton Suzuki da Band. Outro tema relevante foram os serviços OTTs com Luiz Bannitz de Looke, Renato Svirsky de Guigo TV, Yuri Petnys de Crunchyroll; e Mauricio Almeida de WatchTV.

Deisy Fernanda Feitosa, cofundadora e cocoordenadora do Observatório Brasileiro de Televisão Digital e Convergência Tecnológica (Obted), foi a moderadora do painel do painel “Adressable TV e publicidade segmentada”, que contou com as palestras de Rafael Pallares, diretor general para LATAM de Telaria; Ari Martire, diretor sênior de soluções de marca e vendas de publicidade de Viacom; Herbert Zeizer, diretor de Publicidade Comercial da Globosat; e Danielle Barros, gerente de Criação de Valor de Rede TV

Tecnologias

A MOG Technologies apresentou soluções “inovadoras e interativas para construir uma plataforma OTT end-to-end”, disse Mónia Gomes à reportagem da Revista da SET. Entre os destaques, o  Vizzi  End-to-end OTT Platform da MOG, uma plataforma que permite “experiências dinâmicas interativas”,  já  que  segundo a executiva trata-se de uma plataforma “iOTT totalmente inovadora, com características únicas como o T-Commerce, Watch Together, Multiple Viewing e outras implementações especificamente desenhadas para manter a sua audiência cada vez mais engajada”.
Monia afirmou que a plataforma pretende gerar valor “baseando-se em tecnologias para vídeo interativo, como uma maneira inovadora de atingir objetivos on-line, incentivando a interação do usuário”.
Ainda, a VisualOn apresentou soluções de sincronização 5G MultiStream com baixa latência demonstrando a sua parceria com a KDDI para transmitir a Copa do Mundo de Voleibol da FIVB Japão 2019 transmitida pela Fuji Television, pioneira no uso de CMAF de latência ultra baixa e vários ângulos de câmera para esportes ao vivo no Japão. Segundo os executivos da empresa, o VisualOn suporta reprodução multistream; decodificação realizada via hardware, software ou ambos, dependendo dos recursos do dispositivo — em 5G e outras redes de banda larga.

 

A Guigo TV estrou no evento, e o CEO da plataforma, Renato Svirsky participou do painel OTTS E VOD 2.0 No Brasil, debatendo questões sobre a concorrência com a Netflix e os D2Cs; conteúdo local e novas oportunidades de nicho; análises, personalização e descoberta de conteúdo. Para o CEO da plataforma de distribuição e acesso aos canais de TV por assinatura via internet, participar de eventos assim contribui para a disseminação de seu serviço, além da ótima oportunidade para networking. “É muito importante que a Guigo TV esteja presente na conferência. Isso marca nosso crescimento e destaca nossa tecnologia e boa entrega”.
O NexTV Series Brasil contou com a participação de empresas como SBT, Globo, Rede TV, Record TV, Band, TV Cultura, Globosat, Fox Sports, Turner, NBC, Telecine, Claro, Oi, Sky, Telefónica Vivo, Google, Algar, Cabonnet, Nt Telecom, Gigalink, Watch TV, Univer, Look, Crunchyroll, UOL, Viacom, Box Brazil Assim Net, Guigo TV, SatTV Cabo, Disney, Jovem Pam, A & E, Discovery, HBO, Warner Media , entre outras.