Debate reúne executivos do mercado para apontar tendências para o streaming

Carrasco, do Youtube: plataforma tem quatro pilares para os próximos anos: AVOD, Shorts, podcasts e videocasts e o Prime Time, que visa atender a distribuição de conteúdos de media companies.

A indústria de streaming segue passando por transformações e buscando convergências para a produção e distribuição de conteúdos. Segundo José Schulz, gerente de desenvolvimento e parcerias técnicas da Globoplay, muitos dogmas estão caindo neste mercado e muitas previsões feitas no calor da inovação já se dissiparam. Ele cita como exemplos a entrada de publicidade na Netflix, que muitos achavam que nunca aconteceria, e o equívoco em achar que a TV linear iria acabar.

Essas foram as observações de Schulz ao abrir o debate sobre os desafios e rumos do streaming. Para compartilhar outras visões, o encontro teve a participação de Eduardo Quintes, gerente marketing do Flamengo, Roberta Luzio, gerente de produto da Globoplay, Phillipe Carrasco, Lead of Film, TV and Primetime Partnerships do Youtube, e Nikolas Corbacho, gerente de produtos da Semp TCL.

A simples presença de um executivo de marketing de um time de futebol já foi um indicativo da diversidade e da capacidade de atração do mercado de streaming. Quintes explicou que com o serviço do time é possível produzir e distribuir conteúdos exclusivos, sobre os quais eles têm total controle, como bastidores, acesso a vestiários e treinos.

Como modelo, o serviço adota duas opções para consumo de seu conteúdo, com assinatura recorrente e conteúdo aberto, por meio de parcerias com Youtube e Globoplay. “Queremos crescer para sermos um player relevante no mercado, criando conteúdo dentro do nosso core, que é o futebol. Para isso, precisamos de parcerias fortes para a distribuição”, afirmou. O executivo acrescentou ainda que muitos patrocinadores estão com o time por causa do canal: “Nosso público é diverso, engloba todas as classes sociais e todas as regiões do país”.

Importante player nesse mercado e com um dos acervos mais ricos em conteúdos proprietários, a Globoplay tem investido em parcerias para também distribuir outros conteúdos, além de diversificar formatos, abrangendo podcasts, jogos e conteúdo linear e ao vivo.

Com tanta diversidade, Roberta Luzio disse que parte do desafio é manter a clareza do que é a Globoplay para o público, quais são as diversas formas de consumir o conteúdo e garantir uma boa experiência ao usuário, o que exige uma grande infraestrutura. O serviço é um case quando se trata de integração entre TV aberta e streaming. “Muitas vezes, temos milhares de pessoas migrando da TV aberta para a Globoplay no mesmo minuto”, contou a executiva para ilustrar o tamanho do desafio.

Com quase 60 serviços de streaming operando no Brasil, Luzio destaca a importância de parcerias para a distribuição de conteúdos entre plataformas. “O brasileiro não tem condições de pagar por todos esses serviços, por isso é fundamental desenvolver formatos de parcerias. Seguimos buscando meios de dar mais autonomia aos parceiros que disponibilizam seu conteúdo dentro da plataforma, mas ainda estamos avançando nos modelos de parceria”.

Phillipe Carrasco apresentou a visão do Youtube por meio de quatro pilares que a gigante de vídeos quer fortalecer nos próximos anos: AVOD (Advertising Video On Demand), o formato de Shorts em vídeos verticais com monetização, podcasts e videocasts e, por fim, o Prime Time, que visa atender a distribuição de conteúdos de media companies.

Na perspectiva de fabricantes de aparelhos de TV e desenvolvimento de hardware, Nikolas Corbacho falou sobre a discussão do momento: “Hoje na indústria a busca é por uma tecnologia que traga para o usuário de TV uma experiência mais próxima possível da que ele tem no smartphone”. Nesse cenário, tecnologias como comando de voz vêm ganhando  atenção.

Sobre a entrada de marcas de TV como LG e Samsung no segmento de serviço de streaming e FAST TV, o executivo diz que a empresa não se vê como criadora de conteúdo e que o foco é fornecer hardware e sistemas eficientes. Na sua visão, marcas que estão entrando no streaming fazem isso buscando fidelizar o consumidor, mas ele acredita que essa fidelidade pode vir mais de uma experiência positiva de interface do que de conteúdo proprietário.