SET Sudeste 2023 debateu a transformação do mercado audiovisual

O painel abordou a transformação digital nas emissoras, incluindo as mudanças de conceito e hábito com a nova geração de TV, a personalização e regionalização do conteúdo, e como entregar conteúdos para a nova geração de telespectadores.

O segunda painel da tarde do SET Sudeste 2023, realizado em Copacabana, no Rio de Janeiro, moderado por Isabele Benito, apresentadora do SBT Rio, teve a participação de Paulo Henrique Castro, Diretor do MediatechLab da Globo; Roberto Grosman, CTO – ChiefTransformation Officer (Diretor de Transformação Digital) do SBT; e Giulio Caio Junqueira Breviglieri, Gerente Executivo de Tecnologia do GrupoEP.

Isabele Benito começou o painel falando de como, nos seus mais de 20 anos de TV, ela mudou, e não só ela mudou, mas também alterou a forma de produzir e assistir publicidade. O CTO da SBT, Roberto Grosman, disse que mudou a forma de assistir e de como a TV se comunica com o consumidor, e como se entrega benefício e valor a quem paga a conta. O pensamento “passa desde por quem está do outro ladodas telas até quem produz”.

Paulo Henrique Castro disse que a tecnologia avança muito rápido e fornece elementos, “a tecnologia transborda com muitas plataformas que apontam para ferramentas tecnológicas que ajudam a saciar a necessidade do consumidor. É o algoritmo que vicia. As indústrias têm de acompanhar as tecnologias conectadas a problemas e fazer isso rápido, copiar, testar rápido para acompanhar a evolução. A questão transcende o nosso segmento”. Pela sua parte, Giulio Caio Junqueira Breviglieri disse que ultimamente a tecnologia está suportando o negócio, e trouxe uma provocação para dentro do nosso segmento que fez comque nossas áreas se estendam como gerar negócio. “O desafio passa pela diferença de gerações que tem a tecnologia como protagonista do negócio, com um modelo de negócio que mudou”.

Paulo Henrique disse que “a SET faz uma catequese de educar diversos segmentos explicando como fazemos para combinar ferramentas tecnológicas para conectar o mundo das bolhas, que são as massas e os indivíduos. Hoje a internet não tem capacidade para chegar às massas, mas se o usuário pode ver um replay, pode ver pela internet. Por isso, queremos que a TV 3.0 seja conectadaà nossa audiência, aos nossos clientes – agora temos um ecossistema, enão uma cadeia de produção – na qual se satisfaçam as massas e os indivíduos”.

Falando da relevância da TV, Breviglieri disse que a EPTV chega a 11 milhões, mas poderia chegar a mais se a população crescesse. “Trabalhamos na personalização, as pessoas querem se sentir no consumo, elas querem se enxergar, como fazem as redes sociais. Hoje entregamos a TV 2.5, uma parte do TV 3.0, mas o caminho é positivo”.

Monetização

No modelo atual, Breviglieri disse que o ao vivo continua a ser fundamental. “A TV é relevante, porque o conteúdo ao vivo faz a diferença”, e as emissoras já “entenderam que devem estar em todas as plataformas”. Paulo Henrique disse que o caminho passa por formar marcas fortes, “os antigos canais são importantes na internet pelas suas marcas. O SBT no Youtube é relevante porque há uma marca por trás, da mesma forma que a Globo no TikTok”. O executivo foi além e disse que um dos problemas que se enfrenta é a pirataria na internet, porque ela quebra a cadeia de valor.

No caminho da internet, Grosman falou de mídia programática e como as plataformas digitais são complexas. “Somos enormes no Youtube, mas a monetização é complexa, porque não temos controle desse conteúdo” o que “não nos permite diferenciar o nosso conteúdo digital”, porque, desde a sua ótica, “a valoração de marca é fundamental para não perder a relevância”.

Credibilidade e responsabilidade

Paulo Henrique analisou a “responsabilização das plataformas” e como fazemos “para ser credíveis”. Muitas das nossas questões passam pela demora da legislação frente a aceleração da tecnologia e a sua evolução. Pela sua parte, o executivo do EPTV disse que “posicionar-se em todas as plataformas faz com que plantemos algo para que os usuários saibam em quem podem acreditar. Precisamos continuar construindo a credibilidade”. Ele disse que o regionalismo “é extremadamente relevante, nós queremos o regionalismo. A relevância das afiliadas é o conteúdo local e a entrega de sinal”. Paulo Henrique foi mais além, e disse que “acredita na hiper-regionalização. Um subgrupo da personalização. Faz parte da equação conhecer a pessoa, conhecer o seu perfil e os seus desejos”. Grosman concorda, mas disse que o “mais difícil é a produção de conteúdo, porque a orquestração já se faz, mas talvez, no futuro, a inteligência artificial possa ajudar no conteúdo”.

Por Fernando Moura e Tito Liberato
Fotos: Luana Bravo, Olimpio Franco e Roberta Munhoz