SET NORTE: Produção remota aplicada ao Jornalismo

Desafio da produção remota no norte do Brasil passa por uma conectividade mais estável e confiável, garantem os painelistas.

O último painel da manhã de Manaus foi moderado por Eduardo Lopes, diretor de Tecnologia da Rede Amazônica/SET, e teve a participação de Paulo Fernandes, Diretor de Jornalismo do Grupo Rede Amazônica e Glaucia Mattioli, Gerente Executiva de Vendas da Embratel.

Falando de “Produção remota aplicada ao Jornalismo”, Lopes disse que “trabalhamos na Rede Amazônica com produção remota porque produzir é muito custoso na região. Nós somos engenheiros que criamos produtos para que o jornalista possa trabalhar sozinho, por isso convidamos a quem produz e cria conteúdos e o juntamos com quem faz a infraestrutura, que somos nós, e juntos, poder atender as demandas”.

Paulo Fernandes disse que nos 27 anos de profissão entendeu que a revolução passa por “produção com menos peso e menos pessoas. Por isso, hoje fazemos jornalismo em 6 estados com 16 emissoras afiliadas à Globo com menos pessoas que antes. Nosso maior desafio passa pela distância, que às vezes é continental, e tem logística complicada e custos muito altos”.

Ele explicou que antes uma equipe de reportagem tinha 4 pessoas, repórter, cinegrafista, auxiliar e motorista, “hoje, um jornalista com kit Mojo pode fazer o mesmo, ou até melhor. Temos usado iPhones porque nos dá um bom retorno. Em termos de telejornal, passamos de 10 pessoas para 3 pessoas: Apresentador/editor-chefe; Editor de Produção; Operador de Vivo/Master”.

Outra mudança tecnológica mostrada por Fernandes foi a utilização de cenários virtuais “para termos melhor imagem e redução de custos. Hoje temos 12 estúdios, o que nos dá maior autonomia”. Ele disse que “estar na vanguarda da tecnologia é arriscar, e nós aqui ariscamos muito, mas nosso maior gargalo é a conectividade”.

Os estúdios funcionam e trabalham, explicou, com Vmix, mesa de corte/áudio, TP com controle remoto para o apresentador, e câmeras PTZ para o estúdio com acesso remoto. Assim, “passamos de 5 telejornais em 2021 para Julho de 2023 com 14(quatorze) telejornais produzidos em Manaus”.

Um dos desafios futuros, disse Fernandes, passa pela edição remota, que começará a ser realizada a partir de dezembro, “edição em nuvem – a partir de dezembro e Switcher em nuvem”, o que “nos vai gerar uma redução do número de pessoas no Switcher em Manaus, e  assim como nos jornais do interior, fazer com 3 pessoas”.

Voltando aos problemas de conectividade, Fernandes disse que hoje o maior desafio da produção de Conteúdo Remoto passa por conectar-se. “Temos apenas 3 rotas de internet entre RR e AM com o restante do país (BR-319 e Belém). Com o apagão parcial de internet no dia 15/11, ficamos fora do sistema e sem possibilidade de trabalhar”, o que torna “caótico o dia a dia”.

Glaucia Mattioli disse no início da sua fala que a Embratel está redobrando esforços para evitar os cortes e a entrega de banda na região norte do país. “Sabemos que a situação é crítica. Até meados do próximo ano haverá mais uma rota de backbone para o norte”.

Segundo a executiva, a Embratel está usando anéis para que dessa forma os rompimentos de rota não afetem tanto o serviço. Ela disse ainda que o 5G ajudará a ter a possibilidade de transportar vídeo 4K, por exemplo, ou outras aplicações que possam vir a aparecer. “Sabemos que quanto maior a frequência, menor a latência, mas com isso, é maior o investimento”

Falando de cases da Embratel, explicou o trabalho feito junto da Globo no Carnaval de São Paulo em 2023, quando se trabalhou em 5G com “conectividade para mochilink e a criação de Slice de rede de serviço de transmissão de vídeo com banda garantida” para dessa forma “ter um serviço descentralizado e virtualizado”, que garantiu a qualidade do vídeo transmitido.

Outro case foi o da Fórmula 1 2023, na qual a Band TV transmitiu o GP de São Paulo usando faixa exclusiva de 5G da Claro com uma rede própria que serviu de ambiente de conectividade para a transmissão. Finalmente, explicou como à Globo trabalhou o conceito de “Estúdio Conectado”, no qual câmeras sem fio e câmeras com fio foram combinadas por rede 5G e controle remoto sem perca de qualidade.

O SET Norte se realiza no Quality Hotel Manaus, na capital amazonense e tem como objetivo As últimas novidades do mercado de produção e distribuição de conteúdo em seminários conduzidos por profissionais renomados do setor. Os debates abordarão tendências tecnológicas e modelos de negócios das áreas de broadcast, mídia e entretenimento.

O SET Norte tem patrocínio de Canon, Embratel, Sony, SpeedCast, Convergint Seal e SES. Ainda conta com apoio da TV Coins e SM Facilities.

Por Fernando Moura e Tito Liberato