SET e Trinta: 4ª Revolução Industrial exige parar de pensar no Exterminador do Futuro e focar no Homem de Ferro

Painel da 4ª Revolução Industrial. Foto: Tainara Rebelo

O que vem ser a 4ª Revolução Industrial? O termo foi cunhado pelo diretor do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, em 2014. Na época, ele explicou ter sentido o impacto da disrupção pelo qual passamos agora. “Assim como nas Revoluções Industriais antigas, quando surgiram as maquinas a vapor, a eletricidade, computadores, computadores pessoais, e depois a chegada da internet, vem agora a quarta revolução industrial, que são várias tecnologias em diferentes graus de maturidade, combinadas para surgirem novos produtos e serviços”, explicou Luciano Possani, diretor de Inovação da Globosat, moderador do painel “A 4ª Revolução Industrial e a Transformação Digital”, que aconteceu na manhã desta terça-feira (10), no SET e Trinta, em Las Vegas.

De acordo com Possani, o escopo a ser trabalhado é a hibridação de várias tecnologias como não tinha se visto até então (as Inteligência Artificial, o VOT, a impressora 3D, a nano e biotecnologia) suportada pela terceira revolução, que era do mundo físico no digital. “Só que na hora que fica digital, a gente transforma a maneira que a gente processa. Digitalizamos o mundo e isso se aplica também a produtos e negócios, dai estamos vendo essa aceleração no surgimento de novas tecnologias, a 4ª Revolução Industrial”, explica.

São o caso das impressoras 3D que, de 100 mil dólares passaram a custar 100 dólares. Drones eram iniciativa militar, robôs industriais, sensores para veículos autônomos, painéis solares particulares novos materiais para nano e biotecnologia… tudo isso está mais acessível e suportado pela recente capacidade do consumidor de processar tudo rapidamente, “Isso é a chamada disrupção, e isso está afetando a empresa. Novos negócios estão surgindo, a concorrência não é mais quem está do seu lado, é alguém de fora que vai entrar e transformar a indústria”, alerta.

Conforme dados apresentados, no início da década de 2000, nos EUA, 41% da indústria de bens de consumo que estavam bem no mercado sucumbiram, e a previsão é que mais metade das existentes terão o mesmo destino nos próximos 10 anos. “E no Brasil? Nós temos o nosso cenário específico. Temos algumas deficiências, mas também temos oportunidades. O povo abraça tecnologia e inovação com um mercado enorme, mas tem muita coisa a ser feita ainda. Com tudo isso acontecendo, tem um cenário distópico do “Exterminador do Futuro”, com as maquinas dominando e destruindo tudo, que pede espaço para o “Homem de Ferro”, com máquina e homem juntos. É a tecnologia empoderando o ser humano e fazendo com que ele produza mais e melhor”, argumenta.

Na prática

Mike Chapman, líder de estratégia global da M & E, Accenture, questiona em que nível essas mudanças deverão acontecer. “Essas empresas vão competir em experiencia ou conteúdo? Onde eu coloco o meu investimento? Como eu penso nesse universo para achar o local correto para investir? Em que plataforma eu coloco? E, por fim, o que vai crescer e o que vai morrer?”.

Chapman explica que estamos vendo um mercado que não conseguem mais vender, e ao mesmo tempo, empresas novas chegam atendendo a muitos clientes diferentes. Um mundo novo e novas experiências baseadas por práticas de consumo e serviços focados no consumidor, no qual a Netflix é um dos melhores exemplos. “A usabilidade da plataforma deles foi totalmente inovadora. A apresentação de conteúdo, a maneira de procurar por conteúdo. E eles ainda disponibilizam um recurso para mostrar outros títulos parecidos com o que você está assistindo. Isso é um belo benchmarketing”, exemplifica.

Para a Cisco, o tema da indústria 4.0 é a automação. “Quando você pode automatizar esse processo de atendimento, a automação evolui para entender o cliente e acaba resultando novas oportunidades de negócio. Acho que a discussão da indústria 4.0 acontece em todas as vertentes e está só começando, tem muito para evoluir”, afirma Fábio Souza, evangelista de negócios em vídeo da Cisco Systems.

“Você não precisa ser a Netflix, mas pode aprender com ela. Temos que ficar alerta e temos que ficar atentos. Temos muita solução e muitas conversas para deixar tudo conectado e com segurança. Tragam os vendors para essa discussão e abracem-na. Mas, além disso, revisem todos os seus processos, que vocês irão encontrar onde colocar a automação. Para quem não começou, esta na hora. Para quem já começou, parabéns”, pontua.

O Diretor da Área Editoral da SET e de Tecnologia e Operações do SBT, Raimundo Lima, defende que o desafio é muito grande e que cada empresa vai encontrar a sua maneira enfrentar, e que qualquer revolução digital dentro da empresa começa pelo quadro de profissionais. “Se não nos importarmos em trazer esse comportamento digital para dentro da empresa, não adianta ter as ferramentas para implementar. E se não lidarmos com esse planejamento, vamos ser atropelados pela 4ª revolução industrial”, enfatiza.

 

Tainara Rebelo, de Las Vegas.