Os caminhos do SDI para o IP em Manaus

Da esq. para a dir: Henrique Camargo (TV Cultura do Amazonas), Henrique Salazer (Televisão A Crítica), Eduardo Lopes (Rede Amazônica) e Erick Soares (Sony). Foto: Rodrigo Lima/SET

A instalação de uma infraestrutura IP é um desafio para a engenharia de operações em emissoras de TV. No entanto, isso não tem impedido que essas empresas invistam nesta solução. As experiências da Rede Amazônica e da TV Cultura do Amazonas foram apresentadas no SET Norte 2019 na manhã desta quinta-feira, 1 de novembro, no SET Norte 2019.

Com moderação de Henrique Salazar, Coordenador Técnico da Televisão A Critica, o painel IP: dificuldades de ser um early adopter” contou com as participações de Henrique Camargo, Diretor Técnico da TV Cultura do Amazonas; Eduardo Lopes, Diretor de Tecnologia da Rede Amazônica e Erick Soares, Expert em Tecnologia da Sony Brasil.

A primeira apresentação foi do executivo da Rede Amazônica. Lopes dissertou sobre os caminhos e desafios da implantação da tecnologia IP na empresa, que atua nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima.

Para começar, traçou uma linha do tempo sobre o processo de IP na afiliada da Rede Globo na Região Norte. Ele informou que, em 2017, a emissora avaliou a obsolescência do seus equipamentos. A dúvida entre renovar os equipamentos tradicionais ou partir para o IP foi sanada em 2018, quando foi tomada a decisão de mudar a base tecnológica a partir de um estudo comparativo entre o SDN x IP x SDI. Em 2020, a emissora estima ter um Central Casting  na norma ST 2110.

“A ideia do Projeto Central Casting na Rede Amazônica é elevarmos a qualidade da exibição, tanto no aspecto operacional, quanto no técnico, já que entramos na fase de obsolescência dos equipamentos das 13 exibidoras da Rede. Em vez de renovar o parque tecnológico de todas elas, teremos uma robusta estrutura em Manaus para centralizarmos a operação e estratégias de exibição em um só lugar, garantindo a melhoria em todos os aspectos”, explicou.

Na sequência, apresentou dados mais técnicos do projeto, como a planta do Central Casting, dados comparativos entre o SDI e o IP, desafios do projeto e elencou as empresas parceiras, detalhando os equipamentos utilizados na infraestrutura.

Henrique Camargo, Diretor Técnico da TV Cultura do Amazonas, deu continuidade à sessão, apontando o case de uma emissora pública. “Gostaria de ser um early adopter? Não”, começou. E explicou os motivos a partir de alguns questionamentos relacionados a padronização, confiabilidade, operacionalidade e custos.

“A padronização está definida?”, questionou. “Como mostrou o tutorial do José Antonio Garcia, sim e é o ST 2110. Mas não acredito que isso será adotado em todas as emissoras. É o nosso caso: nossa emissora é pequena e trabalhar com vídeo não comprimido não faz sentido. Além disso o nosso orçamento que é  pequeno.”

Ele reconheceu que o sistema apresenta boa confiabilidade, mas que ainda precisa de mais tempo de uso. “Não é razoável se permitir ficar fora do ar por algum tempo. Conhecemos muito bem o mundo SDI e se alguma coisa dá errado, sabemos o tempo que leva para consertar. No entanto, não sabemos quanto tempo leva no mundo IP”, ressaltou.

No quesito operacionalidade, ele destacou a difícil adaptação do pessoal operacional acostumado com o SDI. “Desde que inventaram o multiview, todo mundo quer um monitor na frente para ver todos os videos que trafegam pela emissora. A partir de agora, basta olhar a tela de um computador e ver se o streaming está ok”.

A TV Cultura do Amazonas deve passar pela transformação para o IP, devido a obsolescência dos atuais sistema de vídeo composto. No entanto, Henrique Camargo ressaltou a importância da capacitação dos profissionais de TI para operação em televisão e do pessoal de engenharia de operações para os sistemas em rede.

” O projeto está em licitação e deverá ser implantado no próximo semestre. Treinamento sobre o uso de todos os equipamentos foi contratado, como também 60 dias de operação assistida e suporte de todos os sistemas por três anos”, disse.

Erick Soares, da Sony Brasil, foi o último palestrante a falar. Ele trouxe uma visão do mercado e como fabricante. Ressaltou a escalabilidade do IP e também o fato de que esta mudança é irreversível. “O broadcast está chegando tarde ao mundo de TI”, afirmou.

“Toda tecnologia passa por um ciclo até a maturidade. A indústria passa por várias etapas, como inovação, adequação e, finalmente, escala.  Em uma curva de expectativa, os desafios e dificuldades trazem altas expectativas que criam certa desilusão até que tenha uma capacidade de produção em grande escala. Este é o caminho das tecnologias”, explicou.

Para ele, a adoção do IP chegou a um momento de maturidade. “Com o padrão ST 2110 é possível ter escalabilidade e produtos padronizados. Os desafios vêm sendo superados e, no caso de novos projetos, não faz mais sentido projetá-los em SDI”, afirmou.

“Estamos vivenciando um momento de maturidade tecnológica na indústria como um todo. As novas gerações já estão adaptadas ao uso de redes e sistemas de TI. Queremos agora chegar à alta produtividade em ambiente de escala”, afirmou.