Intelsat anuncia expansão no Brasil durante evento em São Paulo

Carlos Fini, presidente da SET, participa do encerramento do “Closer Connections São Paulo 2023”, evento que reuniu dezenas de profissionais do mercado audiovisual brasileiro para debater os desafios da indústria e como as mudanças do transporte de sinais podem se adaptar aos novos hábitos de consumo audiovisual. 

Carlos Fini, presidente da SET junto Phelippe Daou Junior, CEO da Rede Amazônica; e Marcelo Amoedo, Diretor Sênior de Vendas de Broadcast Services de Brasil / Foto: Fernando Moura

Intelsat reuniu nesta quinta-feira (1/6), na capital paulista, profissionais de mídia e entretenimento para anunciar algumas inovações em sua linha de produtos e para debater os principais desafios de um mercado em transformação. Das palestras fica claro que a operação satelital já não é o cerne de empresas como está, mas sim um dos elementos da oferta de serviços que incluem soluções híbridas que são compostas por satélites, redes terrestres e plataformas em cloud que formam um combo de serviços. 

Pascale Fromont, VP & GM Media disse que “a experiência do serviço dos clientes é cada vez mais importante”, e por isso a empresa trabalha para oferecer uma solução integrada com mais de 185.000 milhas de fibra óptica, 62 teleportos/datacenters e PoPs, 12 plataformas MCPC e uplinks e downlink em diversos locais do planeta. Tudo isso, complementado com a solução “Cloud Connect” e a plataforma IntelsatOne IP, “porque não somos exclusivamente uma empresa de satélites, oferecemos um serviço robusto e autônomo, que é híbrido juntando a distribuição terrestre e satelital com soluções modernas para entregar conteúdos”. 

Carmel Ortiz, SVP de tecnologia e aplicações da Intelsat, reforçou e disse que a empresa trabalha em uma nova geração de redes com tecnologias inovadoras para “transformar a transmissão”, e muito disso passa pela virtualização e cloudificação de operações e serviços. Segundo a executiva a transformação passa por quatro (4) grandes movimentos, que são: “Primeiro, passando de hardware para software com satélites funcionando com software-defined satelital. Segundo com a diversificação de orbitas D2D; terceiro, com a adaptação das frotas pensando em 5G e futuras formas de distribuição com MEF, DIF, ETSI-Mano; e quarto, trabalhando o conceito de “hiperescalas” na nuvem pública com associações com Azzure Space, Amazon Ground Space e Google, por exemplo”. 

Pascale Fromont, VP & GM Media da Intelsat apresenta a expansão da empresa no Brasil / Foto: Fernando Moura

Fromont afirmou, ainda, que o desafio continua a ser a qualidade do vídeo, porque “o consumo de vídeo está mudando da TV tradicional para o streaming”, por isso, as grandes empresas de mídia investiram “milhões de dólares em plataformas de streaming para ter melhor qualidade e maior quantidade de usuários”. Mas a curva está mudando à medida que as perdas de streaming aumentam e os preços sobem o que está impactando o crescimento, a produção de novos conteúdos, e o investimento em novas tecnologias “fazendo que a cadeia de valor da mídia este sofrendo os efeitos combinados do streaming, nuvem, novos modelos de anúncios e a disseminação do transporte IP”. 

Outro dos pontos analisados foi o conceito de “multi órbita”, e como ela se coloca em uma perspectiva de futuro. Isso porque os executivos afirmaram que está é a melhor solução porque combina as orbitas GEO, MEO e LEO, permitindo que seja otimizado o serviço prestado. Carmel disse a nova geração de satélites GE que utiliza Software-Defined Satellite (SDS) permite “superconectividade, capacidade de flexibilização e uma interação dinâmica baseada em software com terminais de usuário e redes centrais para permitir a orquestração de serviços ponto-a-ponto”. Ela disse que até 2026 haverá quatro (4) satélites com capacidade de operação que terão feixes dinâmicos, potência flexível, largura de banda e configuração de frequência. 

Ela ainda apresentou a Constelação MEO Intelsat, uma “nova constelação de satélites, que trabalha com a cloud integrada na órbita, integrada a um sistema de rede multi órbita 5G permitindo criar uma plataforma compartilhada, com bandas similares em todas as orbitas (SDN e 5G), que garantem a integração LEO/MEO com redes MNO”. 

Marcelo Amoedo apresenta o novo canal BM&C News do Grupo Stenna que agora esta disponível para PayTV / Foto: Fernando Moura

Lançamento de um novo canal de TV por Assinatura 

O evento serviu para que a Intelsat e o Grupo Stenna anunciem o lançamento, nesta quinta-feira (1/6) do novo canal de PayTV, o BM&C News é a versão televisiva do BM&C News no Youtube, que segundo disse o CTO da empresa, Fabio Buhr, conta com quase 500 473 mil seguidores e uma audiência média diária de 200 mil usuários. 

O BM&C News começou a ser distribuído por meio do satélite IS-14 da Intelsat. Para isso, o Grupo Stenna envia o sinal da nova emissora de TV por assinatura para o teleporto da Intelsat em Atlanta, nos Estados Unidos, por SRT a 4.5 Mbps pela plataforma IntelsatOne IP. Daí o sinal é subido ao satélite em banda C a 2.2 Mhz, e daí retransmitido a comunidade de antenas da Intelsat no Brasil em formato HD. Segundo Burt, o delay desde a saída até a recepção, nos primeiros testes realizados em “operadoras como a Claro chegaram aos 20 segundos, mas esperamos reduzir a latência”. 

O canal terá uma programação voltada à cobertura jornalística dos mercados econômico e financeiro, com informações, em tempo real, a respeito dos principais acontecimentos do Brasil e do mundo. Marcelo Amoedo, Diretor Sênior de Vendas de Broadcast Services de Brasil, disse que a comunidade de antenas instalada pela própria Intelsat supera as 200 e garante a qualidade da recepção do sinal. Ele disse à reportagem que “estamos experimentando outros serviços além de SRT para movimentar o conteúdo desde nossa rede”. Que em agosto próximo será inaugurado no Rio de Janeiro o novo teleporto da empresa que estima que a partir de outubro deste ano seja possível, com a conexão de mídia no Rio de Janeiro, receber e entregar sinais SRT/IP e, assim, “entregar conteúdo até outro ponto utilizando a estrutura de fibra da empresa, este sinal pode ser encriptado ou não pelo cliente, que será que realiza o playout na nuvem”. Assim, disse Amoedo, a Intelsat está investindo no Brasil para ter um “novo teleporto e um novo PoP no Rio de Janeiro, e um Global Network Operations Center (Centro de operações de rede Global). 

Participação da SET 

Presidente da SET Carlos Fini junto a Samuel Possebom (Teletime), Alex Pimentel (Casa Blanca) e Fabio Buhr (Grupo Stenna) / Foto: Fernando Moura

A palestra de encerramento do “Closer Connections São Paulo 2023”, teve a participação de Carlos Fini (Presidente da SET); Luis Octavio (CCO da Vrio); Cicero Aragon (CEO da Box Brazil); Alex Pimentel (CEO da Casablanca); Alexandre Britto (Presidente da Abott´s) e Fabio Buhr (CTO da Stenna), e foi moderada por Samuel Possebom (Teletime). 

O presidente da SET disse que o grande desafio das emissoras brasileiras visando a TV 3.0 passa primeiro por se adequarem aos ciclos de reacomodação de mídia com o bolo publicitário. “Houve muitas reacomodações até hoje. Vivemos agora a reacomodação do streaming. A análise é complexa pelos vetores que integram o bolo publicitário que é altamente afetado por hábitos, pela capacidade econômica das famílias (no Brasil estamos mudando), pela interferência enorme de tecnologia. Tudo isso faz que se ofereçam coisas que mudam os hábitos e as regulamentações do setor. Todos estes fatores acabaram alterando a divisão do bolo, que ainda é medido com métricas diferentes (por views, por tempo de tela etc.). Sem termos uma métrica única e com reacomodações cada vez mais rápidas, com mídias que começam a entrar no campo dos outros, a dificuldade de analisar é grande. Estamos em uma disputa de reacomodação de mercado”. 

Britto disse que vivemos em um mundo de “apostas” no mundo do streaming e a internet, e ainda há muito a ser resolvido. O CTO da Stenna, Fabio Buhr disse que concorda, e que como disse Fini, estamos em ciclos e estes não se repetem, “porque as tecnologias antigas não são mais utilizáveis. Lançamos hoje o BN&C News, na semana passada lançamos outros com futebol, e ambos têm de ser eficientes, ter equipes reduzidas e descentralizadas”, além de um modelo comercial diferente. “Temos que nos adaptar e chegar ao cliente. Acreditamos na TV aquário, o lugar onde o usuário assiste, mas continua com a sua rotina. A diferença do pensando, os canais de televisão linear têm muita demanda, motivo pelo qual trabalhamos para ver o que o público final quer. Nós estamos adaptando para isso de forma rápida, essas decisões são feitas em uma reunião”. 

Alex Pimentel disse que a pandemia mudou o mercado, viemos do mundo broadcast onde se exigiam cercas normas e qualidades, para um mundo no streaming, “com exigências de rede perfeita sem garantias de entrega. Venho de uma época que existiam procedimentos, querendo tudo o que a confiabilidade da televisão oferecia, sem métodos e com custos baixos”. Pimentel disse que a “uma tentativa de reprodução do modelo de TV, que passa pelo conteúdo, anunciante e entrega em alguma plataforma. A novidade são as plataformas de apostas, agora entregamos para diferentes plataformas de Bet em diferentes lugares do mundo”. 

Intelsat reuniu profissionais da indústria broadcast brasileira em São Paulo

Pela sua parte, Ciccero Aragon disse que a tecnologia é fundamental na estrutura da Box Brazil. Ele lembrou dos 12 anos de parceria da empresa com a Intelsat, e explicou que a tecnologia é fundamental para que chegue conteúdo de qualidade aos usuários. “A tecnologia é o fator definidor de muitos fatores de entrega, e essa entrega é fundamental para a experiência. A tecnologia é a sua essência. Nós a usamos para que chegue ao usuário. Ela é definitiva”, por isso, “para entregar uma experiência customizada, vou ter de usar muita tecnologia, que se define por necessidade”. 

Desafios de integração 

Luis Otavio da Vrio disse que a integração trouxe desafios além da engenharia. “Não podemos ter a ansiedade de integrar o legado rapidamente. Não podemos adaptar algo ao antigo. Criamos uma nova plataforma, por exemplo, na Copa, no DGO tivemos um jogo com mais de 1,5 milhões de usuários simultâneos o que seria impossível com tecnologia antiga. Não temos como adaptar legado, temos que construir coisas novas e avançar depois para possíveis integrações”. 

Para o presidente da SET um dos desafios na nova etapa da TV serão os direitos e remunerações. “A TV aberta por ser regulamentada usa espectro e ele é finito. Na TV 3.0 vamos a distribuir conteúdo pelo ar e pelo streaming, conteúdo 4K e com áudio imersivo. Com a ferramenta que está sendo regulamentada, a TV aberta vai competir de uma forma mais simples com os serviços de streaming que tem a tem a vantagem da não ter regulamentação, mas tem o ônus da CDN. A TV 3.0 terá distribuição para massa, personalização e localismo, com informações e produções regionais, essa será a sua grande vantagem ao respeito dos serviços de streaming”. 

  Por Fernando Moura, em São Paulo