Soluções de Inteligência Artificial marcam última edição da NAB

Editorial

A falta de grandes disrupções na NABShow 2018 não reduziu o brilho do maior evento anual da indústria audiovisual, nem o descredenciou como farol das tendências tecnológicas que impulsionam a produção de conteúdo, as mídias audiovisuais e novos negócios de áudio e vídeo que surgem a cada dia.

O IP continuou como o principal protagonista, nos debates e na feira, atraindo sempre plateias consistentes. Mas, em vez da “corrida” para a transformação completa em IP, que era esperada com o término da padronização 2110 pelo SMPTE, o foco esteve nas soluções de transição, reconhecendo-se que, durante alguns anos, SDI e IP ainda precisarão conviver lado a lado. Parente próxima do IP, a nuvem (cloud) manteve a majestade, com uma infinidade de soluções de ferramentas para colaboração.

Quanto à Realidade Virtual (VR), apesar de presente num pavilhão de experiências imersivas, foi nítida sua perda de espaço no quadro de tecnologias de entretenimento audiovisual, e franca a migração para aplicações de nicho como games, talvez pelo isolamento que provoca, enquanto a Realidade Aumentada (AR) parece estar subindo no ranking.

A grande novidade em relação ao ATSC 3.0, a nova geração de TV aberta dos Estados Unidos que já havia sido apresentada em 2017, foi sua aprovação pela Federal Communications Commission (FCC) como padrão voluntário, ou seja, padrão que pode ser utilizado pelas emissoras que assim o desejarem. Na Coreia do Sul, onde já está em operação, a população assistirá a Copa do Mundo Rússia 2018 em seu formato original de produção, o 4K. Nos Estados Unidos, estações experimentais testam, com sucesso, essa e outras capacidades do ATSC 3.0, tais como a mobilidade em HD e a transição entre sinais transmitidos pela emissora e conteúdos customizados provenientes da internet, imperceptível ao telespectador. E se preparam para as primeiras implantações comerciais.

Mas, a meu ver, a grande estrela do NAB 2018 foi a Inteligência Artificial. Aliada ao Machine Learning (aprendizado das máquinas), AI/ML parecem estar em expansão explosiva. Encontrar matérias de acervo, seguir repórteres com câmeras não operadas, distribuir processamentos entre instalações locais e a nuvem, analisar dados de consumo para direcionar conteúdos são apenas alguns exemplos de aplicações de AI/ML. Tudo indica que AI/ML, aliadas à interface de voz, serão o combustível do universo IP e, em particular, o cerne das soluções para toda a cadeia audiovisual. Depois de compartilhar minhas impressões mais fortes da NAB 2018 com você, leitor da Revista da SET, recomendo que aprecie outras nesta edição, bem como reportagens sobre vários dos lançamentos feitos no evento. Também saiba sobre o SET e Trinta, total sucesso no novo formato, e leia mais um excelente artigo do SMPTE.

 

Boa leitura!

Liliana Nakonechnyj
Presidente da SET