A necessidade de diversificação da TV por assinatura

Para renovar seu apelo, serviços pagos enfrentam desafio de agregar vídeo sob demanda e outros serviços complementares.

As novas tecnologias de produção e distribuição de vídeo tem transformado a TV por assinatura. Para renovar seu apelo, a TV paga cada vez mais procura oferecer recursos extras, como os de vídeo sob demanda (VoD) e OTT (over-the-top). “Ainda estamos bastante atrás do que ocorre em outros países”, comentou Claudio Alberto Borgo, diretor de Engenharia e TV Digital da Claro Brasil e moderador de um painel sobre o assunto no SET EXPO 2018. “Por isso mesmo, o mercado brasileiro tem um potencial muito grande para evoluir”. Borgo comentou ainda que a crise econômica atrasou os roadmaps de diversificação de serviços das principais operadoras nacionais. “E a oferta limitada de banda larga sempre foi um embaraço”, afirmou o executivo da Claro.

Especialistas falaram do cenário internacional e forneceram recomendações para players locais. Gabriel Berger, CEO da consultoria ThinkAnalytics, afirmou que, mesmo longe da glória dos anos 80 e 90, a TV paga ainda é relevante no Brasil, nos EUA e em outros países. “No entanto”, ressaltou, “as operadoras precisam entender e entregar conteúdo significativo para cada cliente, nos moldes do que o Netflix e outros serviços de VoD já fazem”.

Uma pesquisa feita recentemente pela Ericsson verificou um índice 40% maior de usuários satisfeitos com plataformas de VoD  do que com serviços de TV por assinatura. A melhor avaliação do VoD seria explicada por seu catálogo mais amplo, com agilidade nos lançamentos; pela naturalidade na integração a múltiplas plataformas; e, sobretudo, pelo melhor atendimento aos interesses dos usuários. “Curadoria tornou-se fundamental. As pessoas não querem demorar a encontrar vídeos de seu interesse”, disse Berger. “A Netflix tem 300 funcionários trabalhando com recomendações para os assinantes. O conteúdo precisa encontrar o espectador, não mais o contrário”.

Rick Hamilton, vice-presidente de vendas da Comcast Technology Solutions para a América Latina, falou do case de implantação da X1, plataforma de entretenimento do tipo tudo-em-um, multiscreen e cloud-based, nos EUA. A solução permitiu à Comcast migrar do modelo de negócios clássico de TV paga, com programação linear, para um serviço com VoD integrado. “A migração foi massiva, com cerca de cinco mil pedidos diários de trocas de conversores (set-top boxes)”, contou Hamilton.

A X1 oferece diversos planos de assinatura, com diferentes níveis de oferta de VoD. Uma das modalidades tem até Netflix integrado – parceria surpreendente, uma vez que a Comcast é um conglomerado de mídia com diversos braços próprios para produção e distribuição de conteúdo. Hamilton detalhou ainda que, recentemente, a companhia passou a oferecer set-top boxes que oferecem internet ultra veloz, agregam recursos avançados de roteador e capacidade de compor sistemas de automação doméstica.