SET e TRINTA: Um quarto de século debatendo o futuro da TV

SET e TRINTA 2016 Parte II

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Celebrando os 25 anos desde o primeiro o encontro, em 1991,a edição 2016 do SET e TRINTA analisou os principais assuntos da indústria broadcast brasileira e mundial; com o espectro radiofônico cada dia mais escasso, o futuro da TV passa por sistemas inteligentes que utilizem a mobilidade como um benefício, indicaram os especialistas internacionais convidados para palestrar no evento

por Fernando Moura* em Las Vegas

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MouraWill Walters ( NewTek) explicou os desenvolvimentos tecnológicos de sua companhia nessa área, abrindo a discussão a respeito do futuro do IP

O SET e TRINTA 2016 se realizou entre os dias 18 e 20 de abril, em Las Vegas, nos Estados Unidos, e foi palco da comemoração do jubileu de prata da reunião, como os leitores puderam acompanhar na última edição da Revista da SET, em uma primeira reportagem sobre o encontro. Nesta segunda parte de nossa cobertura, mostramos os destaques do Fórum de Tecnologia “A TV Aberta está à beira da extinção?” e apresentamos o que as palestras do segundo e do terceiro dia do evento abordaram.
Partindo da hipótese de que o espectro radiofônico está cada dia mais ameaçado pelo avanço das operadoras de telecomunicações, o SET e TRINTA trouxe reflexões acerca dos caminhos que as emissoras de broadcast podem seguir para atingir seus objetivos, e mostrou quais são as tentativas atuais dos canais de TV aberta para lidar com a mudança na forma de consumir conteúdos audiovisuais.

David Tasker ( SAM) afirma que “a opção da empresa é por equipamentos com Software-defined e common-off-the-shelf (COTS)”

David Tasker (SAM) afirma que “a opção da empresa é por equipamentos com Software-defined e common-off-the-shelf (COTS)”

Outro dos temas que permeou quase todas as falas no SET e TRINTA 2016 – e também esteve em evidência na NABSHOW 2016 – foi a implantação de redes IP. Com a pergunta: IP: Internet Protocol ou Integrated Production? Will Walters, diretor de marketing da NewTek, falou dos desenvolvimentos tecnológicos nessa área de sua companhia e abriu a discussão a respeito do futuro do IP. Em sua exposição, o executivo analisou como os fluxos de trabalho com base em IP vão direcionar a indústria de vídeo em um caminho inteiramente novo.
“Hoje, muita gente se pergunta se usa o IP ou continua com banda base. A implementação deve ser gradativa. Vivemos uma pressão do mercado, com uma indústria de IT de 3,7 bilhões de dólares contra um mercado de apenas 4 bilhões para a indústria broadcast, por isso é necessário tomarmos precauções”, afirmou Walters, lembrando que, na transição, os broascasters devem considerar a es-cala, qual infraestrutura SDI utilizam, e como ela está conectada, uma vez que há imensas possibilidades para desenvolver infraestruturas.

André Altieri (Cisco) afirmou que o novo conceito da empresa avança para a solução Infinite Video

André Altieri (Cisco) afirmou que o novo conceito da empresa avança para a solução Infinite Video

“O mais difícil é trabalhar em workflows mistos. No IBC 2015, apresen-tamos o NDI, Network Device Inter-face, uma solução que trabalha com software base automaticamente e é transparente aos diferentes networks de Ethernet. Opera em real time com um frame rate independente e uma latência muita baixa, sendo bidirecional e extremamente simples de implementar devido ao software”.
O executivo ressaltou, ainda, que a empresa deve pensar no processo e analisá-lo bem antes de assumir que fará e como fará a transição ao IP. Neste ponto, pensar em latência, network, qualidade e quantidade de vídeo é fundamental, na visão do palestrante; assim como pensar, no futuro, adaptar-se a estruturas 4K ou 8k, “em estruturas que sejam transparentes”.
Neste contexto, Walters voltou a sua fala às mais importantes funcionalidades da plataforma Tricaster, da NewTek, e explicou como essa ferramenta pode ajudar os radiodifusores neste novo cenário. No final da palestra, o expositor avançou para algumas outras soluções da companhia, com destaque para a NewTek Connect Pro, e mostrou como ela pode ser utilizada para “conectar diferentes workflows de trabalho”.
A palestra, “a abordagem da SAM para infraestrutura de transmissão de sistemas baseados em IP e playout virtualizado”, de David Tasker, VP de Sistemas e Tecnologia da Snell Advanced Media (SAM), mostrou como a empresa trabalha a infraestrutura baseada em IP e argumentou que as emissoras precisam analisar a possibilidade de investir em hardware common-off-the-shelf (COTS), produção de vídeo ao vivo baseada em IP e aplicativos virtua-lizados que suportem os requisitos crescentes de transmissão de TV.
Tasker afirmou que essas novas tecnologias oferecem soluções escaláveis para expandir canais lineares, acrescentando novos playouts de mídia, nos quais seja possível conviver com estruturas SD, HD e UHD. Na opinião do representante da SAM, a indústria está em um processo de migração para o IP, mas, esse processo deve ser analisado adequadamente e funcionar de uma forma que permita a interoperabilidade, e com um padrão definido. Nesse sentido, a SAM analisou as diferenças entre o SMPTE 2020-6 e o VR-c3.Outros dois pontos a se estabelecer, na visão do palestrante, são como fazer a compressão desse sinal e como ele irá trafegar pelas redes. “A SAM aposta em equipamentos agnósticos que possam trabalhar em SDI e IP tanto na entrada como na saída de vídeo”, explicou, mas cada emissora deve ver o que pode e o que necessita. “Muitas vezes, o modelo OPEX é o mais recomendável”, concluiu.

Plataforma customizada para OTT
André Altieri, diretor de Mídia e Entretenimento da Cisco, ministrou a palestra “Infinite Video: como disponibilizar o seu conteúdo de forma rápida e segura através de soluções em cloud”, no SET e Trinta 2016. Em sua exposição, afirmou que o novo conceito da empresa avança para a solução Infinite Video.
“A oferta de conteúdos de vídeo para diferentes tipos de dispositivo está se tornando cada vez mais importante para os provedores de conteúdo. Fazer isto de forma rápida e segura através de uma solução em BrasilCloud, onde possamos definir quais dispositivos, através de que meios, e com quais informações este conteúdo será publicado, pode gerar uma vantagem competitiva para aqueles que pretendem levar a sua informação onde ela nunca havia chegado”, ressaltou.
“A Cisco introduziu ao mercado o Infinite Video, que possibilitará ampliar a oferta de nossos clientes e, com ele, trabalhar na nuvem” com soluções de software e não tanto de hardware com “capacidade de produção e de distribuição com uma cadeia mantida em segurança”, frisou.
Para Altieri, hoje, é necessário criar uma nova experiência com flexibilidade e velocidade com “Time to Market que nos provisiona novos serviços, simplificando a infraestrutura e gerenciando os novos serviços de cloud de nossos clientes, por meio de diferentes soluções. Uma é a solução one way que é a solução Infinite Broadcast. Uma segunda com dois caminhos, a Infinite Home, e a tercei-ra para OTT que muda continuamente segundo as necessidades dos nossos clientes que é o Infinite Video”.
O Infinite Video se oferta na “cloud com um portal que oferece serviços de self-services, que trabalham em cima de redes de terceiros com uma rápida monetização de produtos. Esta é basicamente uma experiência completa de vídeo OTT gerenciada pela Cisco. Esta é uma plataforma que garante Uptime”.
Altieri disse que a plataforma já tem mais de 70 clientes no mundo e tem perspectivas para continuar avançando à medida que o mercado cresce. “Temos uma flexibilidade muito grande, não temos programação com codificação, porque tudo é simples”.

Sony Brasil apresentou as diferenças entre o Espaço de Cor e o HDR na horada captação de imagens

Sony Brasil apresentou as diferenças entre o Espaço de Cor e o HDR na horada captação de imagens

Sony mostrou como foi desenvolvida uma cadeia completa de produção com um workflow completo em 4K HDR BT.2020 na Alemanha

Sony mostrou como foi desenvolvida uma cadeia completa de produção com um workflow completo em 4K HDR BT.2020 na Alemanha

 

Neil Ugo, gerente de produto da Panasonic, analisou os vários fatores que são discutidos na indústria com respeito à implantação do 4K e do 8K

Neil Ugo, gerente de produto da Panasonic, analisou os vários fatores que são discutidos na indústria com respeito à implantação do 4K e do 8K

Novo switcher de produção baseado em TI
Christophe Almeras, Product Manager da EVS, ministrou a palestra “Switchers baseados em TI” no primeiro dia do SET e Trinta 2016. Em sua fala, o palestrante mostrou as novas soluções da empresa belga em termos de switchers de produção baseados em transporte de TI e destacou o switcher DYVI, que “utiliza a expertise da empresa na produção de eventos ao vivo”.
Na opinião do executivo, o switcher de produção ao vivo tradicional já não suporta as necessidades, o aumento da atividade e a complexidade das transmissões com uma matriz pesada e uma arquitetura M/E.Assim, Almeras afirmou que a plataforma de produção ao vivo DYVI é totalmente escalável “trazendo os benefícios das mais recentes tecnologias de TI para transmitir eventos ao vivo em estúdios ou externas”.
Entre as principais características do switcher, o congressista ressaltou a sua “flexibilidade, com uma configuração HD SDI com 32 entradas e 16 saídas com um PM (Módulo de processamento), um RAM Recorder para vídeo adaptado, com painel de efeitos integrado mediante a junção de efeitos independentes pensando nos sistemas back-to-back”.
Almeras frisou que o equipamento chega como uma “tecnologia disruptiva, com novos macros e ações de memória com definição específica de inputs que fazem dele fácil de operar, intuitivo e simples. Esta forma pode ser utilizada localmente, em produções remotas, unindo, por exemplo, dois switchers em dois estúdios diferentes”.
Para finalizar, o representante da EVS afirmou que a disrupção passa também pela utilização de componentes COTS e que este switcher pode ser integrado a todas as soluções da companhia que hoje trabalham na produção, na distribuição e no managment de conteúdo.

Da esquerda para a direita: Olímpio Franco ( SET), Barbara Lange ( SMPTE) e Robert Seidel (CBS) na entrega de uma distinção ao vice-presidente de Engenharia e Tecnologias Avançadas da CBS, a mais importante rede de televisão dos Estados Unidos

Da esquerda para a direita: Olímpio Franco (SET), Barbara Lange (SMPTE) e Robert Seidel (CBS) na entrega de uma distinção ao vice-presidente de Engenharia e Tecnologias Avançadas da CBS, a mais importante rede de televisão dos Estados Unidos

Captação em HDR
Em uma indústria que avança a passos largos na captação e na qualidade de imagem, a Sony Brasil trouxe ao SET e TRINTA 2016 um tema importante: o HDR (High Dinamic Range), a cor e as suas diferentes gamas.
Erick Soares, engenheiro de Suporte a Vendas da Sony Brasil, explicou a diferença entre espaço de cor e HDR em sua palestra no SET e Trinta 2016 e afirmou que os broadcasters têm que “pensar na qualidade, mas também, no espectro de cor Rec.2020 com uma riqueza de preservação maior, que, associada ao HDR, que aumenta o volume de cor e a sensação de realidade”.
O desafio é “garantir a preservação do HDR em toda a cadeia de produção e, com ela, garantir o range dinâmico que o olho humano pode enxergar”, destacou o representante da Sony.
“Hoje, as câmeras trabalham em até 14 stops e, por isso, a mudança na captação é drástica. Agora, é preciso ter dispositivos que possam colocar na tela o que a captação de imagem possui. Precisamos pensar na cadeia de produção e em como transmitimos, ou seja, em como preservamos a cor”, completou Soares, afirmando que objetivo é o range dinâmico.

O palestrante alertou, também, que o que muda é o sistema de SRD, porque a imagem foi otimizada para a faixa de luz da tela. Precisamos “aumentar a luminância do dispositivo. No HDR temos de ter a imagem de princípio ao fim (9,00) com luminosidade preservada e sem compressão”, ponderou.
Assim, a grande discussão da indústria está no padrão de transmissão que hoje está moldada para a transmissão SDR. “Estamos discutindo o OETF (SPMTE ST 2084) e EOTF (ITU-R /AIR STD B67) e como são combinadas as curvas de transmissão que tem a ver com como representamos a luz em uma tela”.

Toni Feliú, gerente Senior ProAV para Espanha e Portugal da Panasonic, e Emili Planas da MediaPro, produtora esportiva internacional com sede na Espanha, apresentaram no SET e TRINTA 2016 os resultados da transmissão do clássico espanhol “Barcelona Vs Real Madrid” em 4K, utilizando a nova câmera AK-UC3000 de Panasonic

Toni Feliú, gerente Senior ProAV para Espanha e Portugal da Panasonic, e Emili Planas da MediaPro, produtora esportiva internacional com sede na Espanha, apresentaram no SET e TRINTA 2016 os resultados da transmissão do clássico espanhol “Barcelona Vs Real Madrid” em 4K, utilizando a nova câmera AK-UC3000 de Panasonic

A proposta da Sony é ter uma cadeia completa de produção com um workflow completo em 4K HDR BT.2020 S-Log3 para “desta forma, preservar a cadeia de produção e nela o HDR que é o grande diferencial da tecnologia atual”, concluiu Erick Soares.
Na palestra “Próxima geração para criação de vídeo: abordagem da Panasonic para 8K/4K, VoIP e HDR”, Neil Ugo, gerente de produto da Panasonic, analisou os vários fatores que são discutidos na indústria com respeito à implantação do 4K e do 8K.

Ugo explicou as principais características da Curva de Gamma e como ela influencia na nova geração de câmeras Ultra-HD. Dentro desta temática, o congressista analisou o HLG (Hybrid Log Gamma) e o padrão ST.2084 para a distribuição de vídeo Ultra-HD BD e mostrou como este padrão é compatível com os equipamentos de TV utilizados neste mercado.
O executivo destacou, ainda, que uma boa opção pode ser a utilização do SDR, dependendo da forma de distribuição e de recepção do sinal que os broadcasters utilizarem – seja por set-top box, OTT ou espectro.
Outro dos temas abordados pelo especialista da Panasonic foi o HDR/SDR e como este pode ajudar os radiodifusores na hora de criar um workflow em UHD em suas emissoras. Ugo abordou, também, as diferenças que se estabelecem nos equipamentos e comentou a utilização de um ISO nativo nas câmeras na hora da captação das imagens.
Antes de encerrar a sua fala, o palestrante descreveu as diferenças do sistema VOIP e do sistema 12G-SDI e, por fim, mostrou a importância de se desenvolver um workflow em 4K.“A opção da Panasonic é por um sistema que seja interoperável, no qual se possam utilizar ambos os sistemas, dependendo da situação”, concluiu.

Fernando Carlos Moura é professor do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação e Educação da Universidade Anhembi Morumbi (UAM)


Revista da SET no Periscope

O Prof. Francisco Machado Filho ( costas) prepara a transmissão ao vivo pelo Periscope da entrevista de Fernando Moura (editor-chefe da Revista da SET) com Olímpio José Franco (Presidente da SET), na sala de imprensa da NAB 2016. Veja na integra no link contido no QR

O Prof. Francisco Machado Filho (costas) prepara a transmissão ao vivo pelo Periscope da entrevista de Fernando Moura (editor-chefe da Revista da SET) com Olímpio José Franco (Presidente da SET), na sala de imprensa da NAB 2016. Veja na integra no link contido no QR

Aed160_pag32_11 Revista da SET, acompanhando as tendências tecnológicas, inovou e realizou uma série de entrevistas na cobertura do Congresso da NAB e do NABShow 2016 por meio do aplicativo Periscope, que possibilita transmissão de áudio e vídeo em tempo real. Durante o evento, foram realizadas algumas entrevistas que estão disponíveis no Canal da Revista da SET no Youtube. Se quiser assistir à conversa com o Presidente da SET, Olímpio José Franco; com o Presidente do Gired, Rodrigo Zerbone; com Wladimir Martinez, jornalista mexicano que cobre a NAB para diversos órgãos de in-formação latino-americanos, e as conversas com o Professor Francisco Machado Filho, colunista da Revista da SET e docente na UNESP/Bauru, digitalize o
QR (ao lado) e acesse o canal.

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