SET Sudeste: O que esperar da TV 3.0

O encerramento do SET Regional Sudeste 2024 esteve a cargo de Carolina Duca, Gerente Sr de Tecnologia da Globo, que brindou a plateia com o keynote: “TV3.0: o que esperar da TV para todos e para cada um”, e disse que a verdadeira evolução ocorrerá se a TV mudar o seu modelo de negócio.

Carolina Duca começou o seu Keynote, em Belo Horizonte, com uma pincelada técnica de porque a evolução é importante. E disse que o mercado publicitário tradicional vem sendo desafiado pela economia digital. Essa nova realidade fez com que modelo de TV por assinatura entre numa rota de redução de base promovida pela disrupção dos novos serviços de streaming, e a ampliação da concorrência de forma acelerada, tanto com novas plataformas de streaming quanto pelos serviços FAST, que “não são nada menos que canais lineares por streaming”.

Por outro lado, ela disse que o Brasil tem condições únicas para a penetração da TV aberta, porque “apesar dos avanços da digitalização, a TV aberta continua sendo muito relevante”. Carolina disse que a TV continua com poder, mas cada vez mais as TVs estão conectadas e o “consumo de internet pela TV mais que dobrou nos últimos cinco anos no Brasil”. Dentro do mercado brasileiro, explicou, é preciso mudar, por isso “a TV 3.0 é muito além da tecnologia, ela é um conceito de como podemos fazer com que a força da TV aberta se junte ao digital e melhore”. E se perguntou: o que a TV gerou de novos negócios de 1950 até a TV 2.5, em 2020?Sempre o foco esteve em qualidade, porque “foi uma evolução da engenharia, se discutiu a evolução no âmbito da tecnologia. Precisamos nos perguntar que novos negócios nos vai brindar a TV 3.0”.

Para Carolina, a evolução terá sucesso se “houver novos negócios, e com isso, novas receitas. Temos de colocar tecnologia que gere novos negócios. Não pode ser uma discussão de tecnologia, tem de ser um debate sobre receber novas receitas, que combinam a TV aberta e a segmentação do digital”. Para isso, explicou, a TV 3.O deve explorar novos territórios e modelos de negócios como uma “combinação de estratégias” que traga duas frentes, uma que seja a de Media Centric gerando novas experiências e novos modelos de negócios na TV Aberta, e um segundo que seja o Data Centric que gere novos negócios a partir do uso da infraestrutura de radiodifusão para transmissão de dados.

A executiva da Globo disse que as oportunidades passam pela “experiência do usuário” e a facilidade está muito atrelada ao dispositivo, por “isso a janela de oportunidade com uma norma, como política pública atrelada, que permita que a TV aberta siga estando no aparelho com, por exemplo, uma antena de TV embutida, da mesma forma que está o receptor de Wi-Fi”.

Ela apresentou como caso de uso o DAI na TV aberta com segmentação de conteúdo “dependendo do usuário que está lá com, por exemplo, uma experiência logada na TV aberta. Outro ponto seria o T-Commerce com métricas de conversão no break e no conteúdo”. Carolina disse que o problema de hoje com códigos QR na tela da Globo é que “não tem site de compras que resista”, porque até agora todos os que implementamos “fizeram cair os sites de vendas”.

Outro exemplo foi como ter áudio imersivo com áudio MPEG-H que permite ao usuário “ter conteúdo de massa, mas com experiência personalizada”. Por fim, falou da segmentação geográfica que se realiza apenas usando RF.

Em termos de Data Centric, falou do Datacasting que pode ser explorado como oportunidade de monetização adicional ao Media Centric, com serviços potenciais como a atualização de firmware e software de carros, educação remota, alerta de emergência e Enhanced GPS.

Resumindo, Duca disse que o core da TV 3.0 terá como grande diferencial ter um player que tornará a experiência do consumidor mais fluida. “É uma evolução da norma que na camada física haverá um conceito de eficiência, por isso falamos de Reuso1, podendo usar a mesma frequência em dois lugares diferentes”. Com os estudos se chegou a definir o reuso com MIMO, que permite otimizar a transmissão.

Carolina Duca anunciou que a Globo fará um teste nos Jogos Olímpicos Paris 2024. “A TV 3.0 terá de nascer de forma virtualizada e que possa ser escalada. Não implantaremos a TV 3.0 se não tivermos visão de negócios”.

O SET Sudeste teve o patrocínio de Alliance, Canon, CIS Group, Embratel, Panasonic, Pinnacle, Convergint, SES e Speedcast, e o apoio da NeoID e Teletronix. Além do apoio institucional da Globo, AMIRT, ABERT, ABRATEL, TV Alterosa e Record Minas

Por Fernando Moura e Tito Liberato