SET Norte vislumbra TV 3.0 e streaming

Presidente da SET modera última painel do Regional Norte analisando o futuro da TV e como as transformações do padrão de TV podem ajudar a TV aberta a continuar transcendente em um mundo em transformação

O painel foi moderado por Carlos Fini, presidente da SET, que esteve acompanhado por Igor Macaubas, Coordenador do GT OTT Video Streaming da SET e Diretor de Plataformas Digitais da Globo; Marcelo F. Moreno, Professor Associado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); Luis Camargo, Conselheiro SET e Media &Entertainment Business Developer Lead da Google Brasil; e Rosangela Wicher , Diretora de Business Development  da Vibra Digital.

Fini começou o painel afirmando que é importante analisar este tema, e que é preciso entender e debater sobre o ambiente da indústria e os novos passos, que incluem “tecnologias, novos hábitos de consumo somado à hiperconectividade”. Nesse contexto, o presidente da SET disse que a TV 3.0 permitira “concatenar a banda larga com o sinal do ar. A TV vem do modelo linear para embarcar no digital, e vice-versa. No mercado mundial temos a tendência de D2D (Direct-to-Consumer), os stickers e boxes proprietários de empresas de mídia, com o crescimento das TVs conectadas com uma régua de qualidade que chegam com um patamar maior do que a TV se acostumou com catálogos em 4K/8K, HDR com áudio imersivo”.

Ele disse que há que encontrar soluções que misturem as características brasileiras  que sejam para tela grande ou portátil, que cheguem a todo o território nacional. Fini destacou a segmentação espectral geográfica, com transporte IP, baseado em software, “baseado em aplicações, e não mais em hardware e canais, que nos ofereça flexibilidade e dinamismo”, com um conteúdo audiovisual imersivo e personalizável para consumo em qualquer dispositivo, a qualquer momento.

Moreno disse que um dos desafios na TV 3.0 será a sincronização das camadas de broadcast e a de broadband, “as aplicações têm de manipular conteúdo que as emissoras podem disponibilizar em um canal over-the-air como em canais de serviços baseados na web”. Segundo o professor, a camada de transmissão deverá ser “IP, o que fará com que se alcance uma convergência IP”, para assim chegar à “ansiada personalização do conteúdo”.

Outro dos pontos analisados por Moreno foi como deixar a varredura de canais nos aparelhos de TV. Será possível “começar a jornada do usuário com aplicações”, para que a TV seja orientada a aplicativos disponíveis de TV aberta da região do aparelho, “assim passaremos da abstração de canais para os aplicativos de TV aberta que, no primeiro momento, levarão o linear da TV aberta e, com o usuário logado, poder gerar recomendações personalizadas”. Outro ponto analisado por Moreno foios efeitos sensoriais para ter em conta os efeitos imersivos.

Para a Diretora de Business Development da Vibra Digital, Rosangela Wicher, que a personalização será fundamentalpara “trazer a experiência digital para o grande device que é o televisor. Teremos recomendações mais precisas e personalizadas e com pensamento sempre de 1 a 1”;

Luis Camargo, Conselheiro SET e Media & Entertainment Business Developer Lead da Google Brasil, expressou no SET Norte que o “consumidor busca o que é melhor. Acreditamos que aqui todo mundo compete pela atenção, por isso, quando mais segmentada seja a experiência, ela será melhor. Esta conversa mostra que a tecnologia está aqui. O que temos de saber é como fazemos a personalização”, já que desde a sua ótica,quanto mais conhecimento as empresas obtenham do consumidor, mais perto estarão dele.

Igor Macaúbas da Globo disse que com a TV 3.0 vai mudar radicalmente a forma com que monetizamos os conteúdos. “Começamos a fazer a inserção dinâmica de publicidade no digital na Globo, e percebemos que há uma mudança na forma. A TV 3.0 vai possibilitar,medianteo conhecimento do usuário,novas maneiras de monetizarmos nossos sinais lineares”, porque será vendido o que chega ao consumidor.

Camargo disse que “a indústria está voltando para um momento no qual se debate se é bom ter uma aplicativo próprio ou estar presente em integradores. Penso que a TV 3.0 poderá entregar um serviço, ela é um shopping, vamos para o caminho de empacotar conteúdos através de serviços”, o que para Macaúbas faz sentido, porque “nos próximos anos teremos uma pulverização das OTTs”, já que as empresas “não têm dinheiro infinito”.

No final do painel foi analisada a personalização e os modelos de EPG que permitem a escolha de conteúdo pelo consumidor, e que este tenha uma livre escolha.

Por Fernando Moura, em São Paulo