Pandemia obriga emissoras a adaptarem seu modo de operação

No dia 2 de junho, Paulo Rabello (Globo), Raimundo Lima (SBT) e José Marcelo Amaral (RecordTV) estiveram reunidos virtualmente com o presidente da SET, Carlos Fini, para um webinar especial da série SET Tech.

Sob a temática Operações nas redes de TV no momento: aprendizados, tendências e oportunidades, os quatro executivos debateram o que vem acontecendo dentro das emissoras devido ao cenário atual de pandemia e como ficará o modelo operacional no futuro.

Em sua introdução, Carlos Fini destacou a evolução da tecnologia nas emissoras de TV aberta.

“Há décadas atrás, a tecnologia era um limitante. As pessoas queriam fazer mais coisas, mais resultados, mais possibilidades, mas a tecnologia não permitia. Na década passada, no setor de radiodifusão, a tecnologia passou a oferecer possibilidades além do que utilizamos, com lançamentos de novos produtos, novos sistemas e novas tecnologias mais disruptivas. O objetivo deste webinar é mostrar a evolução dentro das emissoras de TV aberta”, pontuou.

O primeiro convidado a palestrar foi Raimundo Lima, membro do Conselho Deliberativo da SET e diretor de Tecnologia e Operações do SBT.

“Para saber se uma tecnologia é viável ou não, deve-se observar se ela foi adotada ou não”, começou.

Segundo o executivo do SBT, a adoção de novas tecnologias não é um limitador. O principal problema hoje nas emissoras é a questão do financiamento.

“O nosso modelo de negócio está abalado e não sabemos quando haverá uma recuperação econômica que nos permitirá investir novamente”, afirmou.

Lima destacou uma solução encontrada pela emissora para adaptar a produção ao atual cenário de isolamento social e pandemia.

“No SBT, por exemplo, nossos editores começaram a trabalhar de casa e a mandar o material resolvido. Estamos trabalhando com muitas reprises e o material precisa ser reeditado e readequado. Então, estabelecemos protocolos de segurança para recebimento destas edições”, explicou.

Para o conselheiro da SET, nenhuma tecnologia vai gerar soluções se não houver mudança na mentalidade dos operadores, gestores e produtores. “Temos que nos atualizar! É uma questão de postura e de conhecer o ambiente no qual você trabalha. A adaptação e aprendizado das pessoas tem a mesma importância que a transformação digital.”

Na sequência, José Marcelo Amaral, presidente do Fórum SBTVD e diretor de Engenharia e Operações da RecordTV, disse que um dos aprendizados da pandemia é a capacidade das empresas e das pessoas em ajudar uns aos outros.

“Quando vim para este segmento [televisão], percebi que, em um momento de crise como este, as pessoas se desdobram, elas se engajam em uma missão para que tudo seja entregue da melhor maneira para nossos clientes e espectadores. Isso é uma característica do nosso mundo da TV”, destacou.

Amaral abordou a necessidade que a pandemia trouxe de se adequar aos recursos tecnológicos disponíveis, como virtualização e cloud, além de elencar tendências em um cenário pós-pandemia, como home office, otimização das estruturas prediais e consumo de conteúdos de TV via streaming.

“Deveremos nos preocupar cada vez mais com esse processo de aprendizado contínuo, porque os acontecimentos e tecnologias progridem em um ritmo muito rápido. Os profissionais precisam ter consciência da necessidade de implementar e utilizar as tecnologias que aparecem”, afirmou.

Paulo Rabello, diretor de Tecnologias e Hub de Operações de Conteúdo da Globo, foi o último a se apresentar e falou sobre as medidas adotadas pela emissora para se adaptar a este momento de pandemia e da tentativa de projetar o novo normal pós-pandemia.

“A Globo teve uma transformação muito rápida. Em uma semana, 85% dos funcionários tiveram que trabalhar de casa, levando nossa grade de programação a ficar muito focada em jornalismo e acervo. Hoje, 15% do conteúdo da TV aberta é acervo, um número bastante expressivo”, declarou.

Rabello abordou que a Globo elencou dois grandes desafios. O primeiro deles foi a preservação das equipes e o segundo foi a continuidade dos negócios.

“Cuidando intensamente das pessoas, como abordagem psicológica para se sintam seguras para trabalhar. E novos procedimentos operacionais, como separação de áreas fixas, mapas de relacionamento e higienização de equipamentos. Tudo isso em um curtíssimo espaço de tempo”, afirmou.

Ao final da apresentação, o executivo da Globo fez uma reflexão para o contexto pós-pandemia e elencou algumas situações que já se consolidaram, como home office, uso intenso da nuvem (produção e pós) e mais produções multiplataformas

“O home office veio para ficar e transformar nossa forma de trabalhar. O segundo ponto é a utilização mais intensa da nuvem nos processos de produção e pós-produção. Precisamos nos aprofundar neste caminho e sair um pouco dos provedores tradicionais, além de entendermos a necessidade de mais produções multiplataforma, fazendo uma calda longa, começando na TV aberta e depois migrar para os meios digitais”, encerrou.