NexTV Brasil debate atualidade da industria audiovisual em São Paulo

Evento realizado em modelo híbrido teve a SET e os seus associados participando ativamente dos debates, tanto como moderadores como palestrantes. Nele foram debatidos desde o futuro da TV 3.0 até as plataformas de streaming e os novos modelos de monetização e a TV multiplataforma 360.

O Nextv Series Brasil 2022 foi realizado em dois dias em modelo híbrido. O primeiro de forma presencial e o segundo de forma remota. A terça-feira (8/11), o evento presencial foi realizado no Hotel InterContinental São Paulo, na capital paulista e marcou o retorno da presencialidade deste evento no país. Os temas foram variados. Na parte da manhã do primeiro dia destaque para o painel “A transformação das operadoras de TV a cabo”, que analisou o caminho de migração FTTH, as estratégias para plataforma Android ou sem Set-Top-Box, os sistemas de multiscreen e agregação OTT, além das novas plataformas de streaming.

Raimundo Lima (Produpix/SET); Carlos Cauvilla (SBT/SET); Ronaldo Marques (TikTok Brasil); Roberto Alves de Araujo (Jovem Pan); e Erick Soares de Oliveira (Wildmoka) / Foto: Fernando Moura

Na parte da tarde os painéis foram mais voltados a TV e as novas integrações com broadband. O painel “TV para streaming: a nova publicidade”, contou com a moderação de Fabia Juliasz, CEO Market Data, e Khalil Yaghi da Equativ; Samuel Sabbag da Warner Bros. Discovery; Marcelo Souza da Globo, e Essio Floridi da Samsung Ads. No painel foi abordada a fragmentação do novo ecossistema de TV, a publicidade endereçável em CTV e OTT, os marketplaces privados para TV Premium, e o futuro da publicidade na TV.

Marcelo Souza afirmou que desde 2015 a empresa apostou na TV conectada. “Hoje quase o 70% do consumo de Globoplay está nas telas grandes. Nossos desafios são as tecnologias”, ja que a plataforma tem mais de 1800 sistemas operacionais rodando nos devices dos brasileiros. Isso, disse Souza, faz que seja complexo trabalhar métricas, motivo pelo qual a mediatech trabalha com ferramentas de Google para “melhorar as métricas”.

Para Souza, o modelo FAST (free ad-supported TV) vai gerar movimentos no mercado, mas é preciso criar ou adaptar novos modelos comerciais. “Na Globo teremos funcionando nos próximos dias o Pause Ads, uma forma rápida de comerciais”. Este é um novo formato de anúncio publicitário para streaming que a Globo vai introduzir no mercado brasileiro.

Outro painel com destaque foi o “TV  multiplataforma 360°: em busca de novos públicos”, com a presença de vários associados e conselheiros da SET. Moderado por Moderado por: Raimundo Lima, Diretor Executivo da Produpix/SET; Carlos Cauvilla, Diretor de Tecnologia e Operações do SBT/SET; Ronaldo Marques do TikTok Brasil; Roberto Alves de Araujo, CEO do Grupo Jovem Pan; e Erick Soares de Oliveira da Wildmoka.

Carlos Cauvilla, Diretor de Tecnologia e Operações do SBT/SET / Foto: Fernando Moura

No painel foram abordados temas como produção para streaming e redes sociais, novas receitas e engajamento do público; o desafio de múltiplos formatos fragmentados, entre outros. Além de TV 3.0, que para Carlos Cauvilla terá muito benefícios para as emissoras e o espectador já que deixará de existir a ideia de mudar de canal, “vamos ter aplicações, com uma conectividade que será maior. Acredito que chegaremos a um formato que tenha as informações precisas, tendo maior alcance e uma experiência unificada”.

Erick Soares de Oliveira  comentou que os produtores de conteúdo precisam trabalhar os conteúdos de maneira integrada já que a jornada de consumo mudou. “O produtor tem de ser um hub de conteúdo, um hub de entrega onde cada plataforma receba conteúdo específico e definido para ela”.

Ainda destaque para o painel, “Os desafios das emissoras de TV aberta para o streaming”, onde se debateu o crescimento do streaming versus as emissoras de TV aberta no Brasil, quais metodologias tem sido utilizadas para melhoro a experiência da TV ao vivo; quais são as oportunidade para integrar o rádio no streaming; e os novos modelos de monetização com destaque para o modelo de assinatura e FAST.

Moderado por Luiz Eduardo de Souza do Grupo Conecta de Comunicação, e com a participação de Rosangela Wicher da Vibra Digital (Band); Igor Macaubas da Globo; e Alessandro Malerba da Record TV, os executivos traçaram um perfil do momento atual da indústria e como a TV 3.0 pode ser importante na estratégia delas para futuro.

Igor Macaubas, Diretor de plataformas digitais da Globo e coordenador do GT de OTT da SET afirmou que na Copa do Mundo Catar 2022, 117 afiliadas estarão integradas a plataforma do Globoplay e poderão oferecer publicidade segmentada. “Teremos venda regional e entrega personalizada e regionalizada em cada afiliada”. Segundo ele, isto é possível pela construção de uma estrutura de CDN própria que foi pensada para baixar custos de transporte. “Em 2019 decidimos usar nossas afiliadas de forma digital da mesma forma que fazemos com a televisão. Hoje temos 17 pop e temos pontos de presença em Fortaleza e Porto Alegre, assim reduzimos quase em 80% o custo de CDN e deixamos de usar CDN comerciais, apenas usamos algumas para transbordo em momentos de pico. Melhoramos drasticamente a experiência do consumidor. Estamos entregando mais de 6 Hexabits de tráfego por ano”.

Rosangela Wicher da Vibra Digital (Band); Igor Macaubas da Globo; e Alessandro Malerba da Record TV / Foto: Fernando Moura

Falando de afiliadas, Rosangela Wicher da Vibra Digital (Band), comentou que no Bandplay a rádio é muito importante, “por isso começamos a trazer as afiliadas na plataforma com as rádios, e hoje o 100% das rádios das afiliadas estão na plataforma. Temos alguns produtos que são transmitidos em áudio e vídeo que tem uma audiência relevante. Também trabalhamos com podcast, e agora trabalhamos a ideia de ter aplicativos de música regionais dentro da nossa plataforma”

Finalmente, Alessandro Malerba da Record TV disse que a TV 3.0 suprimirá o atrito do broadband e o broadcast, que existe hoje, porque “a TV será transparente” e dará as emissoras maiores recursos para oferecer conteúdo e publicidade personalizada.

Experiência virtual

O segundo dia do Nextv Series Brasil 2022 teve três conferências virtuais. A SET esteve presente com a moderação de Fernando Moura, editor-chefe da Revista da SET do painel, “A força do streaming da TV religiosa”, que contou com a presença de Francis Torres, Gerente de Engenharia e Operações, Sistema Canção Nova de Comunicação; Lucas Miranda, Head de Marketing, Igreja Pentecostal Deus É Amor; e Paulo Cezar Mendes, Diretor de Negócios, Univer Vídeo.

A força do streaming da TV religiosa / Foto: Reprodução

No painel foram tratados diversos temas, já que a mídia religiosa no país tem tido grande relevância nos últimos anos, especialmente com a mudança para o streaming, de fato, antes da pandemia havia demanda e projetos, mas o isolamento social transformou o streaming em um meio de comunicação essencial para os cultos.

Paulo Mendes disse que o serviço de streaming VOD (por subscrição) começou em 2016, com a ideia de “ter uma igreja online no Brasil e no exterior”, e que hoje esse serviço tem assinantes em mais de 140 países do mundo, “realiza mais de 500 transmissões ao vivo por mês” em varias línguas e está criando sinergias com os demais serviços digitais da Record TV como o PlayPlus.

Por sua parte, Lucas Miranda disse que o serviço de streaming foi fundamental na pandemia e que os cultos online fizeram aumentar a quantidade de pessoas que assistem as transmissões e conteúdos da igreja no Youtube. “Tivemos picos no primeiro e segundo lockdown da pandemia. Com a volta a normalidade a audiência baixo, mas aumentamos nossa base, que hoje é maior do que era ante do isolamento social”.

Finalmente, Francis Torres, do Sistema Canção Nova de Comunicação, explicou que o grupo de mídia está trabalhando na integração de todas as plataformas de distribuição de conteúdos e que a TV e rádio continuarão sendo relevantes, mas que mesmo assim, em 2023 será lançada uma plataforma de streaming que unifique a distribuição e seja um ponto de integração e convergência dos conteúdos gerados pelo grupo cristão.

Por Fernando Moura, em São Paulo