MCom afirma que TV 3.0 deve estar no ar até a Copa do Mundo de 2026

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou que em 2025 começará o processo de implantação da TV 3.0 no país, e que está será lançada com a melhor tecnologia. Ainda, afirmou que tem como objetivo ver a Copa do Mundo 2026 com a tecnologia já disponível na casa dos brasileiros.

Juscelino Filho durante a apresentação da TV 3.0 / Foto: Shizuo Alves/MCom

O Ministério das Comunicações (MCom) e a Secretaria de Comunicação Social (SeCom) realizaram em Brasília, junto a entidades do setor, o “Seminário Apresentação da TV 3.0”, que contou com conferências e exposições de tecnologia no prédio do MCom, os dias 3 e 4 de abril de 2024.

Na cerimônia de abertura (3/4), o Ministro Juscelino Filho anunciou que espera terminar o processo de definição do padrão levado adiante pelo Fórum SBTVD, “até o final de 2024”, para dessa forma, “definir qual é a melhor tecnologia”, e estabelecer qual será a tecnologia que o Brasil vai utilizar nessa nova geração da nossa televisão. “Em 2025 estaremos prontos para começar de forma efetiva a implantação da TV 3.0 no Brasil. É claro que será um processo em longo prazo, não é um processo rápido. Vai ser um processo semelhante ao que aconteceu com a migração do analógico para o digital, mas hoje estamos criando os alicerces para a implementação da TV do futuro, com a experiência, justamente, do passado que nos vivemos e com a visão do futuro”.

Juscelino Filho foi mais adiante, e disse que “estamos diante de uma das mais esperadas revoluções do setor, que chega a ser mais significativa do que vivemos na transmissão do analógico para o digital. É o futuro da TV no Brasil. Na prática, é a integração definitiva entre a televisão aberta e gratuita com a internet. Todas as evoluções de imagem e som vão estar disponíveis na TV aberta para a população. A interatividade, com a internet, que vai ser possível é um instrumento a mais, mas não significa que a população precisa ter internet para ter acesso à TV 3.0”.

No final da sua exposição, o Ministro afirmou que “o Futuro deve estar mais próximo de nos. A TV 3.0 nos proporcionará novas oportunidades beneficiando não apenas o setor da radiodifusão, mas toda a sociedade brasileira que é quem vai consumir esse conteúdo, quem é que vai consumir essa televisão”.

Juscelino Filho deixou “uma missão para todos nós. O governo brasileiro e o setor da radiodifusão que vem trabalhando lado a lado. Governo, setor privado, as universidades, todos envolvidos nessa definição. Em 1970 tivemos um marco para a TV brasileira com a transmissão em cores (SIC – Foram transmissões experimentais que realizaram de forma  internas nas dependências da Embratel no Rio de Janeiro e São Paulo)  da Copa do Mundo do México quando a camisa do Brasil passou do cinza para o vibrante canarinho, que em 2026 possamos, também, ter a nossa primeira Copa do Mundo já transmitida pela TV 3.0 com muito mais qualidade, tecnologia e interatividade para toda a sociedade brasileira”.

SET na sessão inaugural

A SET esteve representada pelo ex-presidente da SET, Roberto Franco, que na “Apresentação – TV 3.0” disse aos presentes que a entidade trabalha para que os brasileiros tenham a melhor experiência de TV e afirmou que estamos em um momento histórico.

Franco disse se sentir orgulhoso por ter sido presidente da SET no momento que o país migrou do analógico para o digital, e que conduziu junto à entidade as definições do padrão que faria da TV brasileira um referência mundial. “O Brasil foi propositor de tecnologia. O Brasil sempre tinha usado as tecnológicas, mas nesse momento começamos a ser propositores de tecnologia”.

O ex-presidente lembrou que naquela altura teve a oportunidade como presidente de participar do processo de implantação da TV digital. “Nesse momento a discussão era polarizada sobre linhas, e nós na SET, nós no setor de radiodifusão discutíamos o que a TV deveria atender da expectativa e demandas da sociedade brasileira. E nós vimos a necessidade da mobilidade, da interatividade, da portabilidade e, também, da alta definição, mas não só ela”.

Franco disse, que nessa altura, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva perguntou por quê escolher um sistema ou outro sistema. Lula enxergou nesse momento após resposta da SET que “o rico ia ter acesso à alta definição no Brasil, o rico no Brasil ia ter mobilidade, ia ter interatividade, mas o que a SET estava discutindo era se a TV ia manter a sua característica democrática em que qualquer pessoa no Brasil, tendo posse de um dispositivo ia continuar a ter programação de alta qualidade (…)  O que estava à mesa do Presidente era se iria haver uma TV do rico e outra de pobre, ou iríamos a ter uma TV inclusiva e democrática que alcançasse a todos. E ele tomou a decisão de seguir nesse caminho acompanhando as indicações da SET. Hoje, de novo, este presidente tem na sua caneta a possibilidade de decidir essa nova migração. Se naquele momento nós queríamos trazer para as empresas de comunicação a capacidade de competir com as empresas de telecomunicações, que eram os conglomerados de comunicação à época, na oferta de conteúdos de qualidade competindo com o SeAC, competindo com as redes móveis, hoje o que se faz com a TV 3.0 é trazer a TV para este mundo liquido, para esse mundo que não tem fronteiras de internet, de OTT, de dados, e trazer ela de uma forma que ela também possa competir, não só com as TV a cabo ou satélite, mas com as OTTs e as mídias sociais de uma maneira mais efetiva”.

O ex-presidente da SET finalizou dizendo que o evento foi uma questão do Estado Brasileiro. O Ministério toma iniciativa, que são questões de Estado porque a radiodifusão é prevista na Constituição Federal. “Estamos discutindo aqui uma questão de Nação, uma questão de interesse dos brasileiros, faço votos de que tenhamos o mesmo sucesso que na TV digital onde implementamos o melhor sistema”.

O olhar do setor

“A TV 3.0 representa a possibilidade de incluir novos atores e democratizar a comunicação. Ela vem gerando expectativa como revolução na forma de programar e assistir televisão, com integração entre internet e TV, melhor qualidade de áudio e vídeo, lógica baseada no modelo de aplicativos e segmentação de conteúdos”, afirmou Jean Lima, presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que representou o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, no evento.

Assinatura de outorgas EBC/ Foto: Luana Bravo

O presidente do Fórum SBTVD e conselheiro da SET, Raymundo Barros, disse em Brasília que a TV 3.0 é a “digitalização e personalização da TV”, porque “traz todos os casos de uso típicos que encontramos na jornada digital, portanto, ela se beneficia de uma completa integração”. Ainda ressaltou que ela trás para modelo de aferição da TV aberta ao modelo de censo. Hoje 50% das televisões estão conectadas. “Quando o aparelho está conectado a internet ganha uma convergência, a primeira é a experiência do consumidor com ampliação da interatividade com uma experiência mais imersiva, um espaço de cores maior e uma nova capacidade de explorar ao contraste”, mas não a única, porque ela será uma TV a que acessemos por meio de aplicativos, “o conceito de canal deixa de existir em uma TV com maior interatividade”. Finalmente, voltou a reforçar, que a TV 3.0 poderá ser acessada sem conexão a internet.

Pela sua parte, Flávio Lara Resende, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert), disse que “as mudanças que acontecem no nosso setor nos colocam sempre em momentos cruciais. Hoje passamos por mais uma etapa chave de transformação digital e a evolução da TV 3.0 é um exemplo concreto de que a tecnologia e a internet são nossas aliadas nesse processo”.

“Conseguir levar a informação para a população, independente do meio, é um dos principais objetivos do nosso ministério. E a radiodifusão tem papel fundamental nesse processo. Em torno de 70% da população brasileira tem como seu principal meio de consumo do audiovisual a TV”, ressaltou Wilson Wellisch, secretário de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações.

 

Por Fernando Moura e Luana Bravo, em Brasília