Amagi Fast Conference: Brasil é o quinto mercado potencial Global em FAST

A conferência realizada na capital paulista analisou o ecossistema do FAST no Brasil e no mundo, e chamou a atenção do público com a possível geração de negócios do, que podem chegar aos 210 milhões de dólares até 2028. Entre os desafios está a mão de obra especializada e o entendimento do mercado, que está em um período de amadurecimento.

A Amagi realizou em parceria com a AD Digital, está terça-feira, 5 de março de 2024 a 6ª edição do Amagi FAST Conference em São Paulo, foi a primeira edição do evento a chegar a América Latina, e  reuniu o ecossistema audiovisual com profissionais de áreas como publishers, plataformas, agências, marcas e donos de conteúdo, explorando o crescente mundo dos Canais FAST liderados pelas TVs conectadas.

O evento que reuniu quase 200 profissionais em um hotel da capital paulista deixou claro como o mercado FAST (Free Ad-supported Streaming TV) cresce no mundo, e como se posiciona o Brasil nesse contexto. Ronaldo Dias, diretor de vendas de Amagi para LATAM, disse na abertura que o Brasil aparece como o quinto país (atrás dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália) com maior prospecção de negócios para FAST e que segundo a OMDIA, até “2028 pode chegar a um faturamento dos 210 milhões de dólares, sendo que em 2022 alcançou os 56 milhões.”

Ronaldo Dias disse no evento que o Brasil é um local com oportunidades. “Hoje temos mais de 1800 canais FAST entregues no mundo. A ideia de reunir o ecossistema, desde a audiência até as marcas e os produtores de conteúdo, é entender o ecossistema. O FAST não está saturado, ele ainda começou. A Amagi tem como função a evangelização do mercado, porque ainda não há padronização. Consideramos como FAST as plataformas que tem endereçado canais lineares e canais sobre AVOD”.

Mercado Latino-americano

A primeira palestra, “FAST na América Latina, oportunidade e desafios”, teve a moderação de Daniela Souza, CGO da AD Digital e a participação de Ronaldo Dias, diretor de vendas de Amagi para LATAM; Felipe Gagliardi, Gerente Sênior de Desenvolvimento de Negócios do Samsung TV Plus; Fabricio Proti, SVP LATAM da Paramount.

Daniela disse que “o evento conseguiu reunir o ecossistemas trazendo além de broadcasters, players e fabricantes, responsáveis de agencias e marcas, o que garante que o ecossistema avance”. Proti, pela sua parte, que “a Paramount coloca o streaming como centro de distribuição. A Pluto TV é protagonista em um universo global com um crescimento de 3 dígitos em publicidade. A publicidade é importante, é protagonista e se percebe a ideia de um ecossistema combinado” e afirmou que “é possível entreter o mundo gratuitamente”.

Felipe Gagliardi analisou como funciona o seu ecossistema de aplicações. “Somos fabricantes de hardware. Vendendo uma de cada três TVs. O Samsung TV Plus começou em 2015 na Coréia. Avançou o projeto e em 2018 foi para os Estados Unidos, que com a pandemia de 2020, se expandiu. O Brasil está no quarto ano, com um incremento impressionante. Vemos que o mercado está em franca expansão, ainda estamos engatinhando, porque muita coisa vai acontecer”. Olhando para a região, Prioti disse que o México está mais ligado ao FAST que o Brasil, talvez a Televisa, TV Azteca com um mercado robusto e mais consolidado, de fato, “o mercado mexicano é mais forte que o Brasil, o que não deveria ser. Mas a entrada de Globo, SBT e Jovem Pan vai ajudar a robustecer o mercado. Na Pluto TV estamos focados na retenção da audiência e na eficiência com um inventario Premium”.

Gagliardi coincidiu que o México está mais adiantado que o Brasil, “pensamos que é por estar mais perto dos Estados Unidos. Estamos a uns três ou quatro anos dos Estados Unidos, e dois anos da Europa. Acreditamos que no Brasil temos um mercado publicitário muito peculiar, por exemplo, não temos bureau de mídia, por isso, acreditamos que estamos mais atrás, temos uma adoção mais lenta. A ideia não é se vai acontecer, mas sim, quando será”.

 

Publicidade em TV Conectada

Outro tema de destaque foi “Advertising en CTV”, um painel moderado por Marcelo Souza, diretor de Adtech da Globo com a participação de James Smith, EVP e GM Global Ads Sales da Amagi; Bebeto Pirró, diretor de Advertising & Ad Sales VP do UOL; Rafael Pallarés, VP para LATAM da Magnite; Pamella Dias, Gerente de mídia da Nutrition da Unilever

Souza disse que existem no Brasil oportunidades de vídeo digital Premium. No país 95% das pessoas acessam serviços tradicionais de TV aberta e paga. Para ele, a oportunidade passa pelos 31 milhões de domicílios com streaming no país. “O que interessa é pensar na complementaridade”.

James Smith disse que o FAST nos Estados Unidos continua sendo uma oportunidade, de fato, as pesquisas mostram que “67% dos consumidores preferem o FAST com respeito ao SVOD”, e disse que os anunciantes “estão mudando a forma de comprar publicidade”. Hoje o mercado se concentra nos estados unidos com 51% da venda de publicidade no FAST no mundo, sendo que

Pela sua parte, Pirró disse que o UOL representa a Pluto TV no Brasil há vários nos. “Estamos em um momento incrível para falar de FAST, ele vai seguir crescendo. As agencias precisam apreender, precisam resolver as suas duvidas. O que vemos é que elas tem todas uma proposta diferentes, muito dispares, de fato, parece que é mais opinião que certeza. Nos somos um mercado de tecnologia, estamos em um momento inicial, eu me sinto em 2015 com o programático, em um mercado que está muito imaturo. Temos de construir esse mercado”.

Pallarés disse que o programático não é apenas uma automatização da venda, esta forma da eficiência, “ele é um hub que pluga funcionalidades que torna mais ágil a transação. Nos Estados Unidos mudou a situação com uma migração da TV paga. No Brasil é diferente, a TV em escala continua, mas o streaming se junta a essa audiência. A experiência do streaming é melhor porque a da controle ao usuário, com uma possibilidade de uma experiência mais rica”.

Negócios no mercado FAST

“Construindo um business escalável em FAST”, deu início aos trabalhos da tarde da conferencia. O painel foi moderado por Luis Camargo, Media & Entertaiment Partnerships Lead da Google TV e teve a participação de Bernardo Ribeiro, Strategic Plannin Manager da Globo; Bruno Gomes, Head de Sales and Brand Latam da Tastemade; e Roberto Grosman, Chief Digital Transformation Officer do SBT. Grosman  anunciou que o SBT vai lançar nos próximos dias a sua própria plataforma, e disse que o conteúdo segue sendo fundamental para melhorar a oferta. “A diferenciação por parte do consumir começou, por isso é necessário pensar em como se distribui, onde se coloca a plataforma e o conteúdo que seja colocada em ela”.

Segundo Ribeiro, o FAST está em “um caminho de amadurecimento do mercado. Conforme o mercado vai amadurecendo e se afiançando vai ter conteúdos mais novos e ao vivo”. No caso da Globo, que nos últimos meses lançou 4 canais FAST, disse que frescor do conteúdo tem a ver com o “tipo de conteúdo” e que ele da audiência. Pela sua parte, Grosman comentou que há que ter em conta “as janelas de exibição, seja para SVOD, para FAST”. O que se coloca e onde coloca. “São recursos muito importantes levando em consideração a estratégia de monetização, a necessidade do usuário e dos recursos”. Para o executivo do SBT, a equação é difícil pensando que ter a plataforma tem custos e ela tem de fechar. “Somos diferentes da Samsung, por exemplo, não temos o hardware. Por isso, o tipo de análise deve ser diferente para cada projeto”.

Ribeiro voltou no debate e disse que se fala de um portfólio múltiplo em diferentes plataformas o que em principio é correto, mas o desafio final é como se chega a uma equação final que de certo. “Por isso experimentamos. Liberamos conteúdos no FAST. Temos vários mecanismos no qual o FAST se encaixa para tentar testar e monetizar”. O executivo da Globo explicou que com apenas um canal, é “difícil monetizá-lo, por isso, tem de ser pensando como um todo. Como encaixa esse canal FAST dentro de todos os modelos de monetização da empresa, como encaixa dentro da cadeia inteira”.

Para Camargo as plataformas desempenham papeis diferentes para cada projeto. Por isso, a plataforma é importante. Ele se perguntou qual e o papel da plataforma. Gomes disse que “ela é fundamental, quando mais dados tenhamos das plataformas, mas fácil será monetizar”. Ribeiro reforçou e comentou que é “preciso education para que todo o ecossistema, desde o consumidor ao produtor, entenda o que está assistindo e por quê? Ainda é preciso entender o ROI, os dados, e como converte em vendas e negócio para as marcas”. Finalizando o tema, Grosman disse que há que pensar a questão regulatória e como ela influi. “As TVs abertas tem algumas obrigações e direitos, e este mercado ainda não esta regulamentado, precisamos discutir como se faz, para que quando o usuário muda de canal para FAST ele saiba o que esta fazendo”.

Carmago disse que o Google TV sofre como pagar a conta nos Estados Unidos, entretanto, Ribeiro disse que estamos oscilando “em um mercado que esta nascendo e tentando encontrar a forma. Temos uma jornada longa para poder enxergar como será?”. Grosman, brincou e disse, que “se o Google não paga a conta”, a pergunta do SBT deveria ser “qual conta, porque ela é distribuída em varias plataformas. O FAST ainda é recente, e não paga a conta”, porque está no inicio, “onde a Publicidade programática ainda não decolou”.

Mixologia do vídeo

“Visão do mercado: Mixologia do Vídeo” foi o keynote ministrado por Adriana Favaro, diretora de desenvolvimento de negócios da Kantar Ibope Media. Ela disse que o Brasil cresce +12% com respeito do mercado global, e que aumentou de 2022 para 2023 em 3,4%.

Ela disse que para haver resultados no streaming é preciso ter investimento em produção de conteúdo original e exclusivo. De fato, as pessoas que assinaram streaming em conteúdos originais entende que estamos em “um momento delicado na vida dele, porque tem uma quantidade de assinaturas e uma sobrecarga de opções ; o que permite a “favorabilidade de Ads dos consumidores no Brasil, com +14% do que a media Global”.

Adriana destacou as possibilidades da TV 3.0, “que vai interferir com o consumidor e a sua interatividade”. E disse que no futuro há que pensar em uma mixologia de vídeo que amplia os ingredientes do vídeo. Segundo ela, o FAST esta baseado nesta mixologia “linear + digital + gratuito”, o que permite uma análise multidevice cross-mídia. “Percebemos que o 50% do share do tempo de consumo é para CTVs” e que nos últimos tempos houve “um resgate do consumo compartilhado”.

Para a executiva, para o FAST decolar é necessário ter profissionais para atuar como verdadeiros mixologistas, por isso o desafio passa por saber como os players “encontram o mix perfeito que tem a ver com diferenciar em conteúdo e distribuição, e fidelizar o público”.

Futuro difícil de prever

O painel final debateu “O futuro do FAST” e teve a participação de Srini Ka, CRO da Amagi e Raymundo Barros, CTO da Globo. Os executivos debateram como a Globo se posiciona frente ao FAST e como tem disso os resultados dos 4 canais lançados nos últimos tempos. Ficou claro que o FAST é mais uma forma de distribuição dos conteúdos que se integra de maneira complementar aos serviços do GloboPlay e a TV aberta.  Desde a perspectiva da Barros o FAST esta em evolução, tem muitas perspectivas de exploração para utilizar o acervo da emissora, por isso, é uma parte importante da estratégia da Globo para o futuro

Barros disse que é impossível prever o futuro, “mas que trabalhar com tecnologia digital nos permite trabalhar e melhorar na medida em que avançamos”. Ante a pergunta de Srini Ka de porque o FAST esta na Globo, o conselheiro da SET e presidente do Fórum SBTVD disse que a Globo está nesse caminho desde a ideia de ter canais simulcast e incorporar capacidades de monetização por Ads. E afirmou que o FAST é “muito importante na nossa estratégia de distribuição, seja em nossas apps como em plataformas de distribuição”. Tudo, porque desde a sua visão o FAST é um processo, um negócio que esta sendo escalado, “nosso objetivo é o processo de distribuição, como monetizar, como obter e trabalhar com a data dos nossos milhões de GloboID”.

Por Fernando Moura, em São Paulo