SET Nordeste debate situação das emissoras brasileiras na linha do Equador

 

SET NORDESTE

Nº 153 – Ago 2015

por Fernando Moura, em Fortaleza (CE)

A cerimônia de abertura contou com a presença de Carmen Lúcia Rocha Dummar Azulai (ACERT); José Afonso Jr (Anatel); Esdras Miranda (SET/TV Jangadeiro); Aminadabe Sousa (Estácio Ceará) e do presidente da SET, Olímpio Franco

A Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão realizou pela primeira vez o SET Nordeste em Fortaleza, transformando-se em um excelente pólo de transmissão de conhecimentos sobre a indústria na região

SET Nordeste 2015, Seminário de Tecnologia de Broadcast e Novas Mídias Gerenciamento, Produção, Transmissão e Distribuição de Conteúdo Eletrônico Multimídia foi realizado de 8 a 10 de Junho no Auditório Central do Centro Universitário Estácio do Ceará, Unidade Moreira Campos em Fortaleza.
A cerimônia de abertura começou com as palavras de Aminadabe Sousa (Estácio Ceará), que afirmou estar “muito orgulhoso” pela SET ter escolhido a Universidade Estácio de Fortaleza para sediar o primeiro encontro da SET no Ceará. “Porque um dos principais objetivos da Universidade é brindar o conhecimento”.
Olímpio Franco ressaltou a importância de realizar o SET Nordeste pela primeira vez em Fortaleza porque “um dos nossos objetivos é levar as novas tecnologias a todo o país”. Durante o seu discurso, Franco explicou os principais desenvolvimentos do SET Expo 2015 e do Congresso SET, que analisará a situação do mercado audiovisual brasileiro e mundial. Ele descreveu, então, as atividades da SET durante a NAB e o IBC, e falou da importância delas para o posicionamento internacional da entidade.
Franco explicou ainda que a SET trabalha para ter uma revista acadêmica, com alcance internacional, com o objetivo de se tornar referência internacional para dar maior relevância ao Congresso da SET e assim permitir que os pesquisadores e estudantes que enviem “papers para o Congresso ganhem maior relevância e valor”.

O presidente da SET, Olímpio Franco se mostrou muito satisfeito por abrir o primeiro SET Regional Nordeste na capital Cearense

José Afonso Jr. (Anatel) explicou como será feito o processo de desligamento analógico no país e, especificamente, no Ceará. “O desligamento em Recife, Fortaleza e Salvador será realizado em Julho de 2016, se 93% da população coberta pelo sinal receber a TV Digital”. Ele disse que o processo está avançando e em novembro de 2015 começará com o desligamento da cidade de Rio Verde (GO).
Outro dos temas abordados por Afonso Jr. foram as licitações de posições satelitais e como a Anatel tem trabalhado para dar mais acesso à banda Ka no país. Ainda explicou como será feita a migração da rádio AM para a FM. “No dia 3 de junho foi aprovado o valor que as rádios devem pagar para migrar e isso será um benefício para todos porque haverá uma melhoria de sinal”.
A presidenta da ACERT, Carmen Lúcia Rocha Dummar Azulai, agradeceu à SET por permitir que os profissionais do Estado de Ceará possam ter acesso às novidades do mercado audiovisual, e afirmou: “Precisamos destacar a recepção da tecnologia da radiodifusão terrestre, porque a recepção de TV permite vários usuários simultâneos”.

José Afonso Jr. (Anatel) disse que o desligamento em Recife, Fortaleza e Salvador será realizado em Julho de 2016, se 93% da população coberta pelo sinal receber a TV Digital

Para ela, “hoje falta clareza e objetividade sobre os receptores do futuro porque estamos migrando para os dispositivos móveis. E nessa transição não temos capacidade de recepção de sinais terrestres”. Para Carmen Lúcia, os dispositivos móveis não disponibilizam recepção de rádio por uma questão comercial. “A Apple cobra 30% de todos os aplicativos, por isso não está interessada em que o dispositivo de rádio esteja incluído no aparelho”.
“Hoje depende de nós que os aparelhos móveis tenham acesso à recepção de sinais terrestres”, disse Carmen Lúcia. “Sejam de rádio ou TV, sempre depende de nós. Está nas nossas mãos que isso aconteça”. Esdras Miranda, diretor regional do SET Nordeste, agradeceu a Estácio pelo apoio na realização do evento e à SET por trazer pela primeira vez o SET Regional para o Ceará com o intuito de abranger todo o nordeste em suas discussões, e anunciou uma nova parceria da entidade, desta vez assinada entre a SET e a Associação Cearense de Emissoras de Rádio e Televisão (ACERT), para unir forças.

Esdras Miranda (SET/Jangadeiro) e o Senador Inacio Arruda no SET Nordeste 2015

“O nosso objetivo é estar perto das entidades que trabalham no setor.
Nossa vontade é atrair forças para o setor e trabalhar juntos”, afirmou Olímpio Franco. Para Carmen Lúcia Rocha Dummar Azulai, presidenta da ACERT, “o acordo é de vital importância para avançar nos estudos em prol de uma melhor radiodifusão no Estado do Ceará e no país”.
O último painel do primeiro dia do SET SET Nordeste contou com a presença do Senador Inácio Arruda, secretário de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Ceará, que afirmou que o governo tem de ter a capacidade de trazer para dentro do programa de TV Digital toda a população brasileira.
O representante do governo cearense disse que “é necessário desenvolver projetos que não sejam só de um país, mas sim que possam envolver uma região”, referindo-se à discussão que travou no Senado Nacional para a aprovação da lei que criou a conhecida “lei da TV Paga”. “Isso gerou um crescimento exponencial na produção de conteúdos que hoje se vendem para os grandes meios de comunicação nacionais”.

Carmen Lúcia Rocha Dummar Azulai (ACERT) e o presidente da SET, Olímpio Franco, após a assinatura de uma nova parceria da SET com a Associação Cearense de Emissoras de Rádio e Televisão (ACERT)

Arruda afirmou ainda que o processo de desligamento analógico é um passo a mais. “É importante que exista dia e hora para acontecer. E vamos mostrar que o Ceará está pronto para contribuir nesse processo em defesa de que um melhor conteúdo e uma melhor imagem chegue à casa de todos os brasileiros”.

Satélites com cobertura no país
Abel Souza, diretor de vendas para América Latina da SES, mostrou em sua palestra o crescimento dos canais HD e UltraHD (UHDTV) e como este aumento gerou maior demanda satelitel na região, obrigando a empresa a aumentar o investimento no país com a licitação de novas posições orbitais.
O executivo apresentou em Fortaleza, na palestra “Nova capacidade de vídeo da SES para o Brasil”, o conceito de comunidades de vídeo que suportarão o crescimento na América Latina, além de trazer detalhes sobre os novos satélites recentemente anunciados para a região. Estas comunidades trabalham com “banda planejada”, baseado no “desenvolvimento da nova comunidade de Vídeo – NSS-806 @ 47.5ºW” que provê capacidade adicional em Banda C e Ku para a região, e gerou um aumento de capacidade em banda C para a distribuição de vídeo para América Latina”.

Senador Inácio Arruda afirmou que o governo tem de ter a capacidade de trazer para dentro do programa de TV Digital toda a população brasileira

Assim, disse Souza, o aumento da comunidade de vídeo em conjunto com o programa de antenas para operadores de TV poderá providenciar antenas e alimentadores LNBs para os operadores de TV na América Latina com 3.7 metros de altura. Souza explicou aos presentes o desenvolvimento do projeto O3b, do qual a SES participa, e que “é uma espécie de fibra óptica no espaço, uma tendência de futuro que funciona como um provedor de serviços de comunicações de rede de nova geração. Ao todo, o projeto O3b está composto por uma frota de doze satélites e que no futuro chegará aos 16 satélites operacionais”.
Ricardo Calderon, diretor de vendas da Eutelsat afirmou que um dos maiores desafios das emissoras e geradoras brasileiras é o cronograma de desligamento analógico. “Estamos ainda nos perguntando como fazer para passar por esse momento de transição.”
O executivo afirmou na palestra “Como a Eutelsat pode contribuir para a distribuição da programação digital e regionalização das emissoras brasileiras”, que o satélite Eutelsat 65º West contribuirá na distribuição da programação digital, que “será a primeira vez que em uma mesma posição orbital se coloquem dois satélites, de duas operadoras diferentes, com abrangência no país e América Latina”.
O Eutelsat 65º West “será tri-banda com banda C, KU e Ka. Nesta banda terá 24 feixes em banda Ka, com 16 feixes sobre o Brasil que já estão vendidos e que terá um suporte técnico no Brasil”, afirmou e reforçou que este satélite faz parte da estratégia de expansão na América Latina da Eutelsat “aportando ao mercado brasileiro capacidade adicional nesta consolidada vizinhança de vídeo através do emprego das bandas C e Ku planejadas, além da banda Ka”.

O SET Nordeste teve sala cheia e mais de 200 participantes vindos de vários Estados do Nordeste

Outro dos temas foi o da Banda C planejada e quais as principais funcionalidades e benefícios desta, com destaque para “o menor nível de interferência de satélite adjacente (ASI), e ser menos suscetível a interferência terrestre devido a maior distância da faixa de operação do WIMAX em 3.5GHz”, e na banda Ku a possibilidade de ter “disponibilidade de espectro para novos satélites”.
No workshop proferido por José Raimundo Cristóvam Nascimento, vicediretor de ensino da SET e diretor Técnico da Unisat, “TV Digital e Internet via satélite HTS em Banda Ka”, o executivo fez uma análise do momento pelo qual passa a indústria afirmando que “este mundo seria outro sem satélites. Não há tecnologias melhores ou piores. O que há são alternativas diferentes para cada problema, e uma delas é a tecnologia satelital”.
O animado workshop analisou pormenorizadamente os segmentos espaciais e transponders; as diferenças do segmento terrestre e as estações terrenas, e descreveu diagramas básicos de Up-links de TV Digital via satélite.
Ainda foram analisadas as faixas de frequências nas Bandas C, banda C estendida, banda C Planejada, Ku, Ku Planejada e Banda Ka. De todas, Cristóvam enfatizou a Banda C planejada, “pensada como uma banda menos suscetível a interferência terrestre devido à maior distância da faixa de operação em 3,5 GHz”.

O professor Wellington Aguiar, da Universidade Estácio do Ceará (FIC), analisou como a evolução tecnológica proporcionou uma revolução na vida das pessoas e organizações nos últimos 50 anos

No fim, ele disse que o Brasil é um dos poucos países que ainda utilizam transmissão analógica via satélite e, em conjunto, usa transponders de satélite geo-estacionários en banda C e banda Ku. “Normalmente se utiliza banda C para enlaces de distribuição e de contribuição, e banda Ku para enlaces de contribuição e DTH porque ainda existe um certo mito em relação à banda Ku”.

Produção Jornalística
Outro dos temas de destaque do SET Nordeste foi a produção jornalística, e dentro deste macro-tema, a contribuição ao vivo, sistemas de edição e ingest, e redes IP dentro das emissoras. Armando Ishimaru (JVC) afirmou na palestra, “Novos meios de contribuição ao vivo, soluções integradas” que “a pressão por rapidez sobre a equipe de jornalismo é cada vez maior, requerendo equipamentos com melhor mobilidade e conectividade. Por isso a JVC apresentou o desenvolvimento de uma solução com a mais avançada tecnologia em captação de imagem integrada à tecnologia IP e de telecomunicações em uma câmera compacta de alto rendimento capaz de fazer um streaming ou ftp in loco a qualquer parte do mundo”.
Ishimaru apresentou ainda os novos desenvolvimentos em termos de câmeras da JVC que trabalham com 3 sensores CMOS de 1/3” de 1920×1080 (x3) com sensibilidade F11 (@ 2000 lux) com uma iluminação mínima 0.15 lux. Outro dos pontos tratados pelo executivo foi o do suporte para gravação de mídia e os encoders incorporados nas câmeras que trabalham de forma independente. Ainda se trabalhou o conceito de metadata, que é enviada à câmera através da conectividade disponível (App ou FTP) onde cada clip gravado contém a informação do metadata descritivo.
As mudanças tecnológicas na produção jornalística foram abordadas por Erick Soares (Sony Brasil) na palestra intitulada “Novas tecnologias e o impacto na eficiência da produção de jornalismo”. O executivo desenvolveu os conceitos de eficiência de workflow, soluções IP Live; mainstream em 4K e range dinâmico (HDR), afirmando que estes melhoram a “eficiência na produção de jornalismo”.
Soares deu alguns exemplos de como a produção jornalística está mais flexível e como hoje já é possível, por exemplo, realizar envios por sistemas de “wireless file transfer” que estão incluídos em algumas câmeras que a Sony disponibiliza ao mercado permitindo, também, o “live streaming, e soluções de baixo custo que ajudam na produção jornalística”.
Para o palestrante, as novas tecnologias e sua adoção na área de produção de jornalismo podem contribuir para uma maior eficiência operacional. “O processo de produção jornalística está mudando, e uma das novas formas de preservação é o avanço para discos ópticos porque a tecnologia de transferência magnética está perdendo suas principais funcionalidades, enquanto a mídia óptica é mais durável, compatível e flexível”.
Ainda explicou as funcionalidades das plataformas IP Live Production, que permitem o trabalho remoto e uma transição tecnológica mais simples e sem tantos investimentos.
“Hoje a produção já é praticamente feita em rede IP, mas ainda não está resolvido o “tráfico IP e como esse tráfico pode ser realizado.”
Com o título “Automação na produção do jornalismo”, Raquel Caldas Oliveira, coordenadora de treinamentos e capacitação da SNews, destacou a importância da boa comunicação para o desenvolvimento das empresas, “Porque quem não se comunica, se trumbica!”, disse ela citando a frase famosa do apresentador e comunicador Abelardo Barbosa, o Chacrinha.
Raquel levou a Fortaleza uma nova percepção da importância de automatizar a produção do jornalismo, porque, segundo ela, “os sistemas de Newsroom além de serem os responsáveis por toda a confecção do jornalismo, possuem um novo papel.

A SNews levou a Fortaleza o seu sistema de automação em jornalismo, como solução para trabalho nessa área

Com as novas demandas do mercado, é possível automatizar toda a produção integrando com GC S, Playouts, MAM, Teleprompter, Close Caption, entre outras soluções. A automação do telejornalismo possibilita a otimização de custos, integração entre as áreas e produtos, tempo, processos e mão de obra”.
Um dos temas mais importantes tratados por Raquel foi como manter informações seguras nas emissoras, como elas podem ser automatizadas e como a tecnologia pode estar sempre a nosso favor. “É necessário pesquisar, arriscar, mas precisamos apostar na automação para telejornalismo para que as informações cheguem ao telespectador da melhor forma. Isso é possível seguindo o fluxo de informação na emissora”, afirmou.
“Precisamos inovar e não ter medo da tecnologia. As pessoas têm medo de sair do conforto, mas sabemos que temos de nos adaptar às mudanças porque a única certeza é a de que a realidade é imutável”, finalizou. A produção jornalística foi abordada indiretamente em um workshop, muito didático e prático, ministrado por João Paulo Quérette (Alfred). Nele o executivo pernambucano explicou aos presentes no Auditório Central do Centro Universitário Estácio do Ceará, Unidade Moreira Campos, em Fortaleza, por que é preciso “menos Work e mais Flow!”.
Quérette fez uma retrospectiva da vida da edição não-linear no mundo, com vídeos práticos e educativos. A ideia do executivo foi analisar a evolução da edição e mostrar uma espécie de linha de tempo deste tipo de edição de vídeo. Para isso, ele explicou as diferenças entre Timeline magnética, skimming, metadados inteligentes.
Quérette analisou, detalhadamente, o editor de vídeo Final Cup afirmando que a “mudança é a única constante na indústria. O profissional deve ter sempre um olhar para o futuro e a inovação, sabendo que o mercado broadcasting, às vezes, por trabalhar sempre em circunstâncias críticas, não gosta muito de mudanças”.
Falando do Final Cup, Quérette explicou as suas principais características em termos de codecs, e o “ColorSync, uma plataforma que fez com que a Apple chegasse a líder do mercado. Ela permite que os computadores mostrem as gamas de cor que sejam visíveis ao olho humano tentando fazer uma combinação com base na percepção, permitindo que a cor dos vídeos processados no Final Cup seja a mais real possível”.
O diretor da Alfred avançou para conceitos importantes no gerenciamento de mídia e metadados no Final Cup 10, que permite analisar os materiais através de detecção de mídia, estabilização e criar palavraschaves na hora do ingest.

Hertz da Silva (Harmonic) afirmou que a implementação de um iMCR envolve uma abordagem mais holística na eficiência do workflow, na flexibilidade operacional e na viabilização de novas oportunidades de receitas para a emissora

Integração e virtualização
Felipe Domingues (Imagine Communications) explicou na capital cearense como a tecnologia pode simplificar a criação e gerenciamento de canais permitindo que empresas de mídia possam expandir suas marcas e conteúdos com maior rapidez, eficiência e flexibilidade.
Na palestra “Master Control & Playout Integrados em ambientes virtualizados”, Domingues analisou o funcionamento da nova geração de Master Control através da solução integrada “Channel in a box” que permite, segundo ele, uma migração simples e transparente mediante a utilização do Master Control Panel, onde o software/hardware está inserido no próprio painel.
Este conceito se alavanca na ideia da Imagine de trabalhar com soluções integradas na nuvem com plataformas que permitam flexibilizar a operação, seja em “clouds” públicas ou privadas mediante a utilização do VersioCloud, outro equipamento da empresa, que permite ter diferentes contribuições e distribuições segundo a necessidade do radiodifusor.
“O futuro da indústria será definido pelo software. Nós continuamos desenvolvendo hardwares específicos, mas hoje é melhor desenvolver hardware off-the-shelf, e assim desenvolver estruturas de software que permitem não ficar dependente de hardwares proprietários com foco na virtualização e recursos compartilhados”, afirmou Domingues.
Hertz da Silva, engenheiro de prévendas da Harmonic Brasil, levou a Fortaleza o conceito de iMCR (Integrated Master Control Room) que, segundo ele, “é a próxima fase na evolução do Controle Mestre para um ambiente mais simplificado, com menos equipamentos e totalmente integrado e automatizado, utilizando o conceito de “Channel in a Box – CIAB”.
Silva explicou por que hoje as emissoras precisam reduzir os seus controles mestres. “Porque se reduzem custos, se simplifica a infraestrutura e se reduz o valor da operação. Caminhamos para um Master Control 3.0 com canal de controle que esteja dentro de uma caixa denominada CIAB”.
Tudo isso, disse Silva, “não é para todos, nem todos precisam ter este tipo de sistemas, porque, antes disso, é preciso ter uma série de investimentos anteriores que permitam integrar o workflow completo”.

A 4S Informática, empresa com mais de 25 anos de vida no mercado que se destaca por ser uma empresa 100% nacional, demonstrou uma solução para colocar a tarja que identifica o desligamento da TV Analógica no país, que é obrigação do GIRED na contagem regressiva para o início do apagão

Interiorização da Televisão
Outro dos temas importantes abordados no SET Nordeste foi o desligamento analógico. Por isso a palestra “Soluções técnico-econômico para a interiorização da televisão digital”, de Bruno Prodocimo, gerente comercial Nacional da Hitachi Kokusai Linear, analisou o processo de desligamento analógico e discorreu sobre o que a indústria pode fazer para digitalizar as praças que ainda não foram digitalizadas.
Prodocimo afirmou que para ampliar a cobertura digital é preciso apoio governamental, com suporte e incentivos. Ele sustenta que o governo precisa garantir a “inclusão digital”, por um lado, e ainda gerar capacitação de instalação em campo que precisa de mão-de-obra que em muitos casos se torna ociosa. “E com isso muitos migram para outros setores”.
Por parte da indústria, segundo ele, “o grande desafio é distribuir o sinal de uma forma simples e economicamente viável”. Para explicar isso, abordou as formas de distribuição que passam por distribuição via satélite, que permite a retransmissão mediante TSs multiplexados e BTS comprimidos que são compatíveis com SFN. “Essa acaba por ser uma opção mais favorável. Podemos trabalhar tanto com o TS sendo posteriormente remultiplexado, quanto com o BTS comprimido para otimização de banda. Por que não o BTS inteiro? Porque a economia é bem grande e a tecnologia bastante segura”.
Lucas Texeira e Emerson Pedro, da Screen do Brasil, analisaram a “Distribuição do sinal Digital, SFN e transmissores de alta eficiência”.
Pedro começou o workshop explicando que há alguns anos a Screen realizava um workshop um dia antes do SET Nordeste, e que esta é uma “grande oportunidade porque agora o evento tem a chancela da SET, o que ainda o prestigia mais”.
A seguir, Teixeira começou a sua apresentação explicando o que é a multiplexagem de áudio e vídeo em ISDB-Tb, que é utilizada para transmissões móveis em one-seg e de HDTV, oferecendo interatividade.
Ainda trabalhou o conceito de SFN, uma rede de frequência única com três características básicas que fazem com que todos funcionem de forma sincronizada através de GPS.
Teixeira explicou os casos nos quais é preciso utilizar SFN e quais devem ter MFN, afirmando que o SFN tem como uma das características principais o valor do sincronismo Time Stamp, que é a diferença entre a subida e descida de sinal.
Ele mostrou os equipamentos da empresa para realizar este tipo de envio de sinal, mostrou as potencialidades do OmniLink que permite emitir um link direcional e falou sobre quais as suas vantagens para trabalhos de externa e quais as opções de Link HS/ SM. Outro dos produtos apresentados por Teixeira foi a plataforma ARK6 com suas principais funções. “Este equipamento pode ser utilizado para sinais que chegam via satélite, mas poderíamos tirar a placa e ele reconheceria um sinal UHF, por exemplo”.

Armando Ishimaru da Leader disse que hoje é fundamental ajustar os níveis de referência de luminância na hora da captação de imagem

Preparando a infraestrutura para o futuro
Em um momento de mudanças e migrações, o apagão analógico da TV Digital e a migração da rádio AM para FM são muito importantes para a radiodifusão brasileira. Nesse ponto, a palestra/aula de José Elias, consultor comercial da IF Telecom, mostrou aos presentes conceitos importantes sobre antenas, propagação de ondas, campos elétricos e magnéticos.
Para Elias, é importante que os profissionais do setor entendam que um dos principais compromissos da escolha de sistemas radiantes devem levar em conta o projeto da estação de forma integrada, onde a potência do transmissor versus o ganho de antena e perdas dos componentes no caminho da transmissão devem encontrar o equilíbrio para um ótimo desempenho.
“Sei que todos sabem o que é uma antena, mas ela é um dispositivo que transforma energia eletromagnética em sinais”. A questão é que “a maioria das pessoas primeiro pensa no transmissor e depois na antena, e isso não está certo. A função da antena é primordial em qualquer comunicação realizada por radiofrequência”, afirmou.

A Canon do Brasil demonstrando no SET Nordeste a linha de vídeo profissional com soluções de workflows digitais com câmera e controle

Ele disse que contrariamente ao que muitos pensam, as antenas não são sempre as mesmas. “De fato, com a evolução dos sistemas irradiantes se aumentou a largura de faixa de operação e se reduziram custos de produção por aumento de produtividade, e não por corte de custos”.
Elias explicou aos presentes no auditório da Universidade Estácio do Ceará quais as antenas mais utilizadas, visando vencer as limitações mais comuns encontradas em campo, e os principais avanços na tecnologia de antenas cilíndricas, faixa larga e painéis baixo custo e de alta performance.
Para o executivo, as antenas de hoje precisam estar “preparadas para o amanhã”. “Por isso necessitam de extrema linearidade, para evitar distorções na constelação ou estresse dos códigos corretores antes da transmissão dos sistemas até os aparelhos receptores porque na transmissão de sistemas avançados de modulação digital já viabilizam tecnicamente 4K ‘over-the-air’.“
No fim da aula/palestra, Elias reforçou que as emissoras não podem “errar na escolha” porque se se erra não será possível vencer as limitações mais comuns encontradas em campo. Fez comparações de espectro analógicos e digitais, onde foram incluídos pontos e cuidados que devem ser observados para uma ótima condução na escolha de sistemas radiantes, bem como da implantação nessa fase de interiorização até o “switch-off” analógico.

Controle e monitoração
Outros dos temas que preocupam aos broadcasters brasileiros é a monitorização das emissoras, por isso, a palestra “controle e monitoração em Broadcast”, ministrada por Roberto Inoue, gerente de contas de LineUp/Axon, tratou deste tema.
Inoue afirmou que “desde que a tecnologia de transmissão existe, a infraestrutura de transmissão tem sido baseada em interconexão e interface específicas da indústria. Agora, finalmente, isso está chegando ao fim. As redes Ethernet tornaramse rápidas o suficiente com as extensões adicionadas pelo grupo IEEE Audio Video Bridging (AVB), confiáveis e determinísticas o suficiente para servir como a próxima infraestrutura de geração de infraestruturas de transmissão (ao vivo).”
Uma das soluções apresentadas por Inoue foi trabalhar com linguagem SNMP ou que “permite controlar e monitorar milhares de dispositivos que suportam o protocolo SNMP; adicionar controle de exclusão para qualquer parâmetro de um dispositivo SNMP; e utilizar controles SNMP e condições de estado em seus formulários personalizados”.

A Videodata e a MediaPortal realizam demonstrações dos seus principais produtos com integrações para emissoras de televisão, com destaque para implantações de gerenciamento de mídia

No fim da apresentação o executivo da LineUp explicou as principais funcionalidades da linha Axon Smart DVB, que adiciona monitoramento e análise no domínio de compressão do Digital Video Broadcast (DVB) que pode monitorar, analisar e visualizar ao vivo o transport stream MPEG com conteúdo comprimido, um “produto principalmente dirigido a distribuição que permite a entrega de ponta a ponta para os assinantes através de redes de redistribuição (ex. satélite para operadoras de cabo).”

A influência da Luz no vídeo profissional
“Maximizar os recursos evitando perdas” é um dos principais objetivos das emissoras, disse Armando Ishimaru (Leader), no SET Nordeste 2015.
Na palestra “A influência da luz na qualidade de vídeo. Recursos de medição de luz e vídeo”, o country manager da Leader Instruments afirmou que “em um ambiente de produção é um desafio conciliar as exigências artísticas e técnicas avaliando a qualidade do vídeo em um monitor forma de onda, que é a referência para os técnicos mas nem sempre para o pessoal artístico que tem o fotômetro como referência para medição de luz”.
Ele disse que muitas vezes a avaliação se torna subjetiva “recaindo sobre um monitor de vídeo que nem sempre é de grau de referência. Para facilitar a obtenção de resultados precisos e eficientes, “a Leader criou ferramentas intuitivas para operadores com formação não técnica que são 5 Barras, CineLite, CineZone e CineSearch, pilares para uma produção perfeita”.

Tecnologia LED para Broadcasting
A palestra “Leyard, soluções para Broadcasting” proferida por Dimas Oliveira, gerente de Contas para América Latina da empresa chinesa com fábrica no Estado do Paraná, ele afirmou que na hora de escolher um painel de LED é preciso saber qual é o “encapsulamento” e como este funciona.
Ainda afirmou que é importante saber qual é a taxa de Refresh que os monitores LED podem dar maior conforto ao operador de câmera (cinegrafista) na hora de gravar em um estúdio porque a taxa de atualização da tela é o número de vezes em um segundo que um display atualiza seu buffer.
Segundo Oliveira, quanto maior a taxa de atualização, mais estável a imagem, sem ondas ou tela preta, as imagens são mais dinâmicas, isso porque a alta taxa de atualização dá uma vantagem clara de imagem.

Oliveira afirmou que um dos diferenciais dos painéis da Leyard passa pelo baixo custo de manutenção.
“Na tela de LED a manutenção geral é de mais ou menos 100 dólares porque só é preciso substituir algumas lâmpadas individuais.
Se utilizam outro tipo de dispositivos os custos serão muito maiores. Garantimos mais de 100 mil horas de duração dos nossos dispositivos”.

Os almoços patrocinados pela MediaPortal/Videodata foram um excelente ponto de encontro para os broadcasters que participaram do SET Nordeste 2015

O Estado da Arte da migração de AM para FM
Um tema que preocupa os radiodifusores brasileiros é a migração de rádios AM para FM. Esse foi o tema da exposição de André Ulhoa Cintra (SET/ ABERT), que analisou o fenômeno e o processo na palestra intitulada: “Migração AM-FM”.
Cintra explicou os pormenores da migração da AM para a FM, e disse que “no Ceará temos alguns problemas.
Na cidade de Fortaleza nos faltam 10 canais de migração, dos 66 pedidos conseguimos entregar 56 frequências, uma média interessante.
Os principais problemas da canalização estão no Paraná porque ali há fronteiras com o Mercosul e interferências de sinal”, disse Cintra.

Uso racional da energia elétrica

“O que falta no Brasil é planejamento. E, de fato, a crise energética atual tem a ver com a falta dele e de previsão de futuro”.
Em um momento no qual o aumento da energia pesa tanto no orçamento das emissoras de TV brasileiras, a palestra “Uso racional da energia Elétrica e alternativas de tecnologias para redução do consumo”, apresentada por Esdras Miranda, diretor regional Nordeste da SET e gerente Técnico do Sistema Jangadeiro, mostrou a dimensão desse problema para as emissoras do nordeste do país.

“De janeiro a maio de 2015, a tarifa de energia aumentou 75% na nossa emissora, e isso nós não temos como resolver. O aumento excessivo do custo da energia elétrica impacta de forma expressiva o budget de todos os brasileiros e, especialmente, o das emissoras. Esse aumento fará estourar o orçamento”, afirmou Miranda.
Nas emissoras, a despesa com energia elétrica é uma parte muito importante do orçamento geral. Miranda contou que 52% da energia gasta na TV Jangadeiro é com o ar condicionado. “Hoje meu grande vilão é esse, e como estamos no nordeste não temos como baixá-lo”.
Ante a pergunta da Revista da SET sobre qual é o peso da energia no orçamento do departamento técnico da TV Jangadeiro, Miranda afirmou que “a energia chega a quase 50% do total anual. É muito caro para a emissora.
Passamos de 70 mil reais em janeiro para 122 mil em maio. Precisamos mudar o cenário”. O executivo do Sistema Jangadeiro disse que “o Brasil precisa diversificar urgentemente sua matriz energética – hoje altamente dependente das hidroelétricas, e de forma emergencial, das termoelétricas. Não deve existir exclusão de fontes de energia, mas sim considerar que elas são complementares, sejam hidroelétricas ou termoelétricas.
Precisamos pensar em uma matriz energética limpa que traga benefícios na redução de emissão de partículas de dióxido e carbono pelo uso de fonte não poluente e consequente sustentabilidade da economia”.

Desligamento analógico debatido em Fortaleza

Com a proximidade do começo do apagão analógico no país, a SET está discutindo em seus encontros regionais os principais temas referentes ao assunto. Como aconteceu no SET Sul, realizado em maio último em Curitiba, Tereza Mondino (SET/TM CONSULTORIA) moderou o painel “Desligamento de TV Analógica (2015- 2018) Atividades do GIRED e EAD”.
O painel contou, desta vez, com a presença de Jovino Alberto Oliveira Pereira, diretor do Departamento de Outorgas dos Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações; Daniel Cavalcanti, assessor do Conselho Diretor da ANATEL; Liliana Nakonechnyj, diretora Internacional da SET e membro titular do GIRED pela ABERT; e André Felipe Trindade, membro titular do GIRED pela ABRATEL.
O extenso e pormenorizado painel começou com a apresentação de Daniel Cavalcanti, da Anatel, que explicou aos presentes o processo de desligamento e como será realizada a digitalização, espectro e banda larga móvel atrelados à designação da faixa de 700 MHz “muito benéfica para a irradiação de expansão da banda larga no país, por ser considerada essencial para a expansão em áreas rurais e periféricas”.

Daniel Cavalcanti (ANATEL); Jovino Alberto Oliveira Pereira (MiniCom); Esdras Miranda (SET/ Jangadeiro); e André Felipe Trindade (ABRATEL) no SET Nordeste 2015

Cavalcanti explicou que com o edital de 700 MHz, realizado em 2014, se criaram duas entidades, o EAD (entidade administradora), uma empresa constituída pelas empresas que ganharam a licitação e será a responsável de operacionalizar e divulgar o desligamento e de entregar os set-top boxes as famílias do Programa Bolsa Família; e o GIRED, que será responsável pelo processo de desligamento.
O executivo mostrou as especificações técnicas do conversor de TV Digital definidas pelo GIRED no fim de maio de 2015. “Ele possui suporte à interatividade plena por meio de interface IP e USB; é otimizado para a convivência com o 4G LTE; e trabalha com o Ginga C”.
“Estamos todos no mesmo barco, no mesmo espectro. A posição do Ministério das Comunicações é de apoio e sinergias tanto como os radiodifusores e a Anatel”, afirmou Jovino Alberto Oliveira Pereira (MiniCom).
E reforçou: “Quando falamos de TV Digital não falamos só de mudança de tecnologia, o objetivo da mudança da TV Digital é incorporar uma série de coisas que a sua inclusão proporcionará. Estas são as mais importantes porque haverá interatividade, inclusão digital e social, acessibilidade, políticas públicas, educação; diversidade cultural; estúdios técnicos; otimização do espectro; e qualidade do sinal”.
Ele afirmou, ainda, que uma das premissas do governo é que “não exista uma TV Digital para ricos e outra para pobres. Porque com a tecnologia devemos gerar inclusão social”. Ele disse que a interatividade é fundamental porque, com ela, “qualquer aparelho de TV, mesmo os mais antigos, com um conversor digital com interatividade, poderá consultar vagas de emprego, fazer cursos profissionalizantes produzidos em vídeo, obter orientações de serviços públicos, mediante aplicativos que poderão ser desenvolvidos e distribuídos para TV Digital”.
André Felipe Trindade, membro titular do GIRED pela ABRATEL, começou sua apresentação afirmando que 56% dos brasileiros assistem a TV aberta e quase 48% destes têm como único acesso ao entretenimento a TV aberta. “Isso mostra a importância da TV”.
Trindade analisou o ponto que estabelece que para que ocorra o apagão analógico em um município é preciso que 93% dos domicílios da região estejam aptos à recepção em formato digital, o que será aferido por meio de pesquisa. Ele disse que para que essa premissa funcione, é preciso que o radiodifusor divulgue “o desligamento e o que será necessário para que o telespectador receba o sinal. Se o telespectador não migrar, as emissoras perderão receita, e a publicidade é a única fonte de receita das emissoras abertas”.

Liliana Nakonechnyj (SET/ABERT/ GIRED) analisou o apagão e as possíveis consequências tanto para as emissoras como para os telespectadores brasileiros

“A análise para chegar aos 93% tem de ser feita olhando para a realidade econômica de cada município”, afirmou. “Não pode ser igual para todos. Em 2013, dos 103,3 milhões de aparelhos de TV, só 39,7 milhões (38,4%) eram de tela fina e têm acesso à TV Digital”. O executivo da Abratel chamou a atenção dos presentes afirmando que deverá haver uma campanha preventiva para avisar o telespectador e o radiodifusor sobre os problemas que podem existir devido às possíveis interferências que pode provocar no sinal de TV Digital a utilização da faixa de 700 MHz.
A última a fazer uso da palavra no painel foi Liliana Nakonechnyj, diretora Internacional da SET e membro titular do GIRED pela ABERT. Ela explicou os trabalhos e atribuições do GIRED e os problemas da radiodifusão brasileira. “A televisão é muito importante para os habitantes deste país e todas as etapas do processo de desligamento dos canais analógicos – remanejamentos dos canais digitais na faixa de 700 MHz e a operação LTE na faixa de 700 MHz – serão concentrados em um único processo. Por isso é muito complexo”.
Liliana explicou toda essa complexidade: “Temos que apagar os canais analógicos, remanejar canais de 52 a 69 para a faixa inferior e, com isso, realizar a ressintonia dos televisores e, mais tarde, a implantação da rede LTE que levará vários anos para mitigar as interferências, colocando filtros e outras técnicas de mitigação”.
No fim da palestra, Liliana afirmou que o maior problema do GIRED é que a AED ainda não foi formada. “Isso dificulta muito o trabalho porque quem vai operacionalizar o trabalho do GIRED será a AED e, sem ela, não temos como avançar. Nosso maior desafio é mostrar para as pessoas que a TV Digital é melhor em um país cheio de diferenças e problemas”.