SET Nordeste 2014 analisou o futuro do broadcast brasileiro

Nº 147 – Dez/Jan 2015

por Fernando Moura em Recife (PE)

REPORTAGEM

Várias dezenas de profissionais debateram em Recife o futuro da TV aberta brasileira, as novas tendências da indústria e os principais gargalos que as emissoras da região precisam sortear para chegar a 2016 com suas estruturas digitalizadas e prontas para o fim das transmissões analógicas. Nesta reportagem trazemos um resumo deste importante evento da SET.

O evento recebeu quase 200 profissionais do setor na capital pernambucana em dois dias de profundo debate sobre a situação atual da TV brasileira


SET Regional Nordeste 2014, Seminário de Tecnologia de Televisão e Multimídias, Gerenciamento, Produção, Transmissão, Distribuição de Conteúdo Eletrônico Multimídia, Interatividade, Mobilidade, Interferência, Broadcast e Broadband realizado em Recife, Pernambuco de 24 a 25 de setembro de 2014, debateu o futuro da TV aberta brasileira, os principais desafios dos broadcasters da região e como se preparar para o apagão analógico.

O Congresso realizado no Auditório da TV Jornal do Commercio começou com a apresentação da nova diretoria Regional da SET Nordeste, que fez sua apresentação pública na cerimónia de abertura do SET Regional, com as palavras de Luiz Gurgel (SET) quem afirmou que o setor “está em um momento que não podemos deixar passar, não podemos correr o risco de ficar desatualizados e precisamos estar na frente da tecnologia para não perder o caminho ao futuro”.

No fim da cerimônia de abertura, Jair ventura (TV Jornal) afirmou que a emissora quer perpetuar a parceria e ajudar a SET a divulgar o trabalho do broadcast brasileiro

Esdras Miranda (SET/ TV Jaguaceiro) se apresentou ao público como diretor da SET Nordeste, e disse que “a responsabilidade da função é muito grande”. “Estou muito orgulhoso por estar exercendo a função.
Estamos esperando pela próxima reunião da diretoria para conformar a nova estrutura regional e trabalhar pelo broadcast brasileiro, e sobretudo o broadcast da região”.


O Switch-Off da TV Analógica
Para ele, “este momento é único, esperamos que as palestras sejam proveitosas e saibam mostrar aos presentes o que há de novo no setor” porque “este é o único momento que fora do eixo centro-sul do país se discute o broadcast brasileiro no nordeste do país”, disse Miranda.

A primeira palestra do SET Nordeste 2014 esteve a cargo de Luiz Gurgel (SET) quem interpelou a plateia sobre a migração e a requalificação do pessoal que a emissora possui para dar funcionamento ao seu sistema.
Gurgel explicou que a TV Digital é diferente não só em termos tecnológicos senão de todas as áreas de interesse, desde o Marketing até a tecnologia, porque ela é “uma nova mídia, e lá é que mora o perigo.
O momento em que as emissoras não capacitaram todo o pessoal da emissora para a mudança”.
“Estamos com a mesma percepção da TV analógica, mas na TV Digital não é assim. A TV Digital é 0 ou 100%, o se capta ou não. Será que na sua cidade 100% dos pontos atendidos pela TV analógica receberam TV Digita?”, afirmou.

Convívio e demonstrações de vairas empresas no SET Nordeste 2014 animaram os intervalos do Regional

Para Gurgel neste novo sistema “há umas “pegadinhas” quando falamos de levantamento de cobertura de um canal digital. Isso porque os parâmetros utilizados para avaliar a cobertura de um canal analógico, geralmente, são inadequados quando se trata de um canal digital. O mais importante é que para um canal digital, precisamos fazer medições em um número muito maior de pontos do que em um canal analógico. Ou seja, precisamos aferir as condições de recepção em pontos separados por distâncias muito menores.
Isso porque, entre dois pontos aferidos, pode sempre haver uma redução de sinal significativa (erro de interpolação) e a probabilidade de que isso ocorra aumenta muito à proporção que aumentamos a distância entre os pontos considerados. Essa redução, quando ocorre em um canal analógico, provoca, em geral, apenas uma perda na qualidade relativa da imagem. Quando ocorre em um canal digital o resultado pode ser catastrófico, pois pode inviabilizar completamente a sua recepção”.
Outro dos alertas de Gurgel foi que “muitos telespectadores não têm receptor digital” e os “que têm não sabem como utiliza-lo. O telespectador precisa adquirir um dispositivo que possa demodular o sinal de TV Digital, e nem todos podem. De fato, uma grande quantidade de pessoas não tem nem tem hipótese de ter”.
Assim segundo Gurgel, “mesmo naquelas cidades onde há emissoras com transmissões digitais funcionando há meses, ou mesmo há anos, muitos consumidores ainda não adquiriram televisores capazes de sintonizar os canais digitais e outros, que já possuem esses equipamentos, não sabem muito bem como utilizá-los. Há várias residências que possuem tais equipamentos e, contudo, continuam sintonizando os canais analógicos”, finalizou.
Infraestrutura virtualizada de vídeo “A compressão e a virtualização são uma opção para que no futuro as emissoras de TV deixem de ser dependentes do hardware”, afirmou Roberto Silva (Harmonic), na primeira fala da segunda palestra do dia.
Silva explicou os benefícios da virtualização e com ela a necessidade de processamento. “A virtualização tem quatro camadas físicas, que são importantíssimas para dar suporte a gestão dos recursos. Avançamos para as virtual machines onde as aplicações são desenvolvidas no ambiente virtual”.

“A compressão e a virtualização são uma opção para que no futuro as emissoras de TV deixem de ser dependentes do hardware”, afirmou Roberto Silva (Harmonic)

O executivo explicou que “em um workflow convencional conseguimos ver os ganhos de escala na virtualização. Para isso precisamos pensar que a virtualização nos traz a economia de escala do ambiente de TI, a compressão que permite fazer mais com menos, e a função de integração, que é trazer as funções sequenciais do nosso fluxo de trabalho ao sistema”.
Com a virtualização, disse Silva, o desenvolvimento da emissora passa, entre outras coisas, por “blade services” que permitem uma alta capacidade de processamento de vídeo. “Ela oferece um melhor aproveitamento dos recursos e proporciona um aumento da relação funcionalidade/investimento, criando a independência do hardware versus as novas aplicações, e otimiza a redundância”.

O desafio da preservação digital
Apesar da promessa de longevidade garantir a preservação digital, esta oferece desafios importantes os radiodifusores afirmou João Paulo Querette (ALFRED), quem se pergunta: “Como escolher a melhor mídia de arquivamento e quais os formatos disponíveis? Quais considerações podem significar o fracasso ou o sucesso de seu arquivo digital?”.
Em Recife, cidade de onde a ALFRED é originária, Querette mostrou como o “universo digital” está se expandido e acelerando e “nosso mercado está contribuindo muitíssimo a essa aceleração, assumindo que passamos de uma hora de SD a uma hora em 8K, aumentando exponencialmente o consumo de espaço”.

Armando Ishimaru (Leader Instruments) explicou como maximizar os recursos evitando perdas ou custos adicionais na produção e pós produção

Numa palestra muito interessante e provocativa, o executivo pernambucano explicou a mudança dos sistemas de armazenamento das fitas para os sistemas de estado solido e como esta migração foi um excelente meio de adquisição, mas um péssimo sistema de arquivamento.
“Um arquivo é um repositório de documentos com o objetivo de preservá- los. De todas maneiras, temos de diferenciar o arquivamento do armazenamento, o primeiro é a longo prazo, e o segundo a curto prazo”, disse. Querette mostrou os três principais formatos de arquivamento digital existentes no mercado atual, e com isso, disse, é preciso pensar que capacidade tem cada mídia, custo por Terabyte (TB) e a longevidade da mídia.
“Na preservação, a pergunta que todos nos fazemos é a longevidade, e nisso, ninguém sabe qual será. Outra das incógnitas é determinar qual é a densidade de área de armazenamento” e “até onde irá a densidade”.
Para resolver o problema da obsolescência das mídias é necessário “migrar o material”, disse Querette. “As pessoas envelhecem porque somos analógicos”, no mundo digital, “temos de ver como o fazemos e como preservamos nossos conteúdos que será o mais importante que as emissoras terão no futuro. O que importará será o conteúdo, e para termos isso, elas têm de arquivar esse conteúdo de uma forma segura”.
A migração é fundamental e significa a troca de mídia passando de um formato para outro e “precisamos ter backup, e com isso múltiplas cópias do mesmo conteúdo que sejam acessíveis e recuperáveis”, e isso tudo, assumir que é necessário transformar os arquivistas digitais em “curadores digitais”. Para isso, os broadcasters devem escolher um sistema que seja o mais conveniente no seu arquivamento digital.

Tecnologias de compressão e arquivo digital na era além do HD
Enio Arruda (SONY) trouxe ao SET Regional Nordeste 2014 uma visão da tecnologia de compressão do XAVC e suas aplicações para produção HD, 2k e 4K. Para ele, com o grande crescimento de dados, o arquivo digital se torna uma preocupação inevitável no mercado, abordando assim a opção da tecnologia de mídia óptica para arquivo, com suas características, vantagens, aplicações e linha de produtos.
Arruda explicou os parâmetros e diferenciais da tecnologia 4K (UHDTV) e como a marca já desenvolveu um workflow completo para trabalhar com esta tecnologia. “Pensamos que em 2020 estaremos falando de 8K, mas hoje temos de pensar de workflows de trabalho nesta resolução.
Se fizermos a produção em 4K está servirá porque haverá legado, terá maior colorimetria e profundidade de campo e porque no fim da produção poderemos ver como está será guardada e emitida. Se produzirmos em HD não poderemos melhorar a qualidade do vídeo, se o fazermos em 4K, poderemos escolher o formato final e no futuro ter um conteúdo gravado com excelente qualidade”.
“A Sony tem hoje diferentes mídias de gravação que podem ser gravadas com XAVC. A questão é o codec e a compressão do vídeo. Com o codec XAVC podemos atender a demanda para 4K e HighFrame em MPEG-4 AVC/H.264 level 5.2. No futuro teremos, porque a Sony os esta desenvolvendo, o XAVC e o XAVCS, que terão pequenas diferenças entre MXF e MPEG4”, disse Arruda.
Outro dos temas abordados por Arruda foi o Optical Disc Arquive e como este sistema de arquivamento da Sony pode ajudar as emissoras a armazenar os conteúdos produzidos por elas. Para Arruda, a utilização das mídias depende das necessidades do radiodifusor, por isso a empresa sabendo que com as novas tecnologias de captura como o 4K geraram maior quantidade de bits e com isso maior necessidade de capacidade de arquivamento, já trabalha em discos com maiores capacidades.

Novos meios de contribuição ao vivo
“Cada dia mais as transmissões ao vivo são importantes na geração de conteúdos das emissoras, por esse motivo, a contribuição ao vivo é fundamental para as TVs e os seus serviços informativos” afirmou Armando Ishimaru (JVC) quem explicou a evolução dos meios de comunicação nas últimas décadas com o advento da micro-onda, satélite, telefonia móvel, e mais recentemente, as redes IP que encurtaram as distâncias e o tempo para uma matéria sair ao ar.
Para ele, com esta evolução, aumentou a pressão sobre a equipe de jornalismo por rapidez é cada vez maior requerendo equipamentos com melhor mobilidade e conectividade. “A JVC desenvolveu de uma solução com a mais avançada tecnologia em captação de imagem integrada à tecnologia IP e de telecomunicações em uma câmera compacta de alto rendimento capaz de fazer um streaming ou FTP in loco a qualquer parte do mundo”.
Ishimaru explicou a evolução dos sistemas de envio de imagens para as emissoras, e disse que as novas câmeras “nas quais o mochilink esta dentro da câmera, elas só tem um conector de modem que permite alcançar até 4G e não utilizar os outros dispositivos para transmitir além da câmera”.
Para o executivo, a tendência é a mobilidade, e com isso “precisamos câmeras que possam ter metadata incluída, e está possa ser enviada através da câmeras mediante a conectividade disponível no local, que neste caso pode ser mediante Apps ou FTP”.
“A tendência e termos câmeras que tenham acesso a clientes FTP ou web servers desde a câmera” porque, segundo Ishimaru, se torna “mais fácil a transmissão. A ideia da JVC foi permitir que os clientes realizem o upload ao servidor do FTP e gravação simultâneos porque tem dois slots de gravação que podem gravar juntos ou um por vez. Para nós o grande diferencial é realizar o streaming mediante o Advanced Streaming Technology que permite reduzir a tolerância de perda de pacote na transmissão ”.

Interiorização digital no Brasil
A implantação da TV Digital nas cidades do interior precisa de soluções que atendam aos dois tipos de rede e às várias formas de distribuição, bem como às diversas necessidades dos radiodifusores, afirmou Glenn Zolotar (HITACHI KOKUSAI LINEAR).
Para ele, o Brasil vive hoje o desafio de expandir a cobertura da TV Digital no interior, e diante deste cenário, é preciso gerar possibilidades e soluções tecnológicas compactas que viabilizem “a implantação de sistemas de distribuição de sinais e a transmissão digital, para a interiorização Digital”.
Para Zolotar, “muitas emissoras querem utilizar a banda satelital já disponibilizada para o sinal MPEG-2 utilizado no analógico, e esta banda na maioria dos casos é de 6 MHz. A questão é que para conseguir isso teremos que comprimir bastante a taxa do vídeo HD e os custos serão altos”.
Assim, uma das soluções é BTS comprimido usando a banda de 6MHz no satélite, aceitando que “a qualidade do sinal HD estará abaixo dos padrões usados nas transmissões terrestres das geradoras”, afirmou. Outra forma, seria a distribuição terrestre, sendo que pode ser feita em “SFN com recepção terrestre usamos um Gap Filler, onde a degradação é praticamente nula, existe uma alta tolerância à realimentação e é um sistema estável com eco até 5dB positivos”.
Ainda, explicou Zolotar, que se pode usar micro-ondas BTS, onde a transmissão é feita com equipamentos com entradas ASI para TS (188bytes) ou BTS (204bytes), Modulação OFDM. Saída em banda L (1 a 1,5 GHz) e entrada de 10 MHz externo”.
O executivo falou dos sistemas de rádio por IP que permitem uma modulação adaptativa, gerenciamento via IP através de interface WEB e SNMP, com equipamentos com quatro portas Gigabit Ethernet dedicadas para tráfego, duas portas Ethernet dedicadas para gerência, switch layer 2 que trabalha com VLAN e QoS, e limitação de taxa nas portas de tráfego.

Administração de Loudness para TV Digital e Segunda Tela
“O controle de Loudness é um processo, não só um produto” afirmou Gilbert Felix (LINEAR ACOUSTIC) em Recife afirmando que “o áudio é tão importante como o vídeo na TV, a questão é que o mercado assuma essa importância. Nossos produtos de processamento de intensidade de áudio “Loudness” são usados p or mais estações de DTV que todos os outros no mercado, o que nos faz uma empresa muito credível”, disse Felix.

Gilbert Felix (Linear Acoustic) fez uma apelo ao presentes para que prestem maior atenção ao áudio e percebam que o controle de Loudness é fundamental para a indústria

Felix explicou que o Loudness é subjectivo e percebido pelo ouvido e o celebro, assim, os “VU tradicionais e medidores de PPM não medem da mesma maneira que ouvimos”, mas segundo o executivo da Linear Acoustic, hoje é importante o Loudness porque estamos em um momento de “transição da transmissão terrestre analógica a digital”, e essa transição precisa de “soluções analógicas que funcionaram bem, mas já não são adequados para o Mundo Digital, sobre tudo nas transições de programa para comerciais quando os espectadores reclamam com as mudanças bruscas de intensidade devido aos altos comerciais é a maior queixa dos espectadores”.
O executivo explicou aos presentes que é necessário na produção ter um MIX no qual exista uma “Zona de Conforto e Target Loudness” e na ingesta de conteúdos seja medido e normalizado o áudio para a “Zona de Conforto”. Desta forma, na transmissão, “haverá um controle da intensidade final, e um upmix de estéreo para som surround”.
Para isso, Felix explicou que a empresa “oferece medidores de Loudness e monitores com a ITU-BS, e uma linha completa de processadores, incluindo: AERO.2000, AERO.one, AERO.lite, AERO.mobile, AERO.1000 e o novo AERO.100, além de fornecemos equipamento para o processamento da transmissão de Dolby, upmixing e downmixing”.
E isso é possível porque “nossos processadores não dependem de simples algoritmos de banda larga para a gestão do Loudness. Ao contrário, nós incorporamos uma combinação de metadados, banda larga e um sofisticado algoritmo de multibanda para controlar o volume, sem sacrificar a qualidade do áudio ou a experiência de audição do espectador”, afirmou.

Qualidade de imagem determinada pela luz e novas tendências de iluminação
O Congresso regional discutiu em duas palestras interessantíssimas a influência da luz na qualidade do vídeo e quais os recursos de medição de luz e vídeo existente no mercado broadcast.
Desta vez representando a LEADER INSTRUMENTS, Armando Ishimaru explicou que em um ambiente de produção “é um desafio conciliar as exigências artísticas e técnicas avaliando a qualidade do vídeo em um monitor forma de onda que é a referência para os técnicos, mas nem sempre para o pessoal artístico que tem o fotômetro como referência para medição de luz”.

Ricardo Kauffmann (ENERGIA) se debruçou sobre as novas tendências de iluminação na produção broadcast, onde o LED aparece cada dia mais como uma opção

Segundo ele, “muitas vezes a avaliação torna-se subjetiva recaindo sobre um monitor de vídeo que nem sempre é um monitor de grau de referência.
Para facilitar a obtenção de resultados precisos e eficientes, a Leader criou ferramentas intuitivas para operadores com formação não técnica que são 5 Barras, CineLite, CineZone e CineSearch, pilares para uma produção perfeita”.
Ishimaru explicou como maximizar os recursos evitando perdas ou custos adicionais na produção e pós produção, e para isso quais os aspectos técnicos pensando na “maximização das funcionalidades dos equipamentos para obter os melhores resultados, e nesse aspectos tomar cuidado com os formatos, relação de aspecto etc.” afirmando que é imprescindível confirmar as conexões físicas dos equipamentos que serão utilizados.
Mais tarde, Ricardo Kauffmann (ENERGIA) se debruçou sobre as novas tendências de iluminação na produção broadcast, onde o LED aparece cada dia mais como uma opção. Kauffmann disse que a eficiência, a qualidade e a durabilidade do LED esta comprovado, e “já são uma opção viável para as emissoras e produtoras de TV. Hoje estamos propondo LED com 98% de Color Render Index (CRI) que é a medida da precisão de como uma fonte de luz ilumina um objeto. Essa medida é baseada na percepção do olho humano, sobre um conjunto de cores definidos pelo Chat Macbeth”.
Em 2013, foi desenvolvido pela EBU o Television Lighting Consistency Index (TLCI) um parâmetro pensado em função da sensibilidade dos sensores das câmeras de vídeo. Assim, esta recomendação da EBU é um novo processo de avaliação destinados a televisão, incluindo aí cinema e fotografia que utilizam os mesmos censores.
“O TCLI é consequência de um software desenvolvido pela EBU que tem a finalidade de comparar uma luz de referencia criada pelo software com a luminária que você quer comparar”, disse.
O desenvolvimento do LED está avançado, “cada dia temos produtos melhores e com mais qualidade. De fato, a lâmpada incandescente tem os dias contados, no Brasil nos próximos tempos será proibido a venda de lâmpadas incandescentes por isso este é um caminho sem retorno”.
“Na prática, estamos falando de um novo LED que trabalha com as cores definidas no chat Macbeth, e que nivelam todas as cores acima de 95%” para dar aos radiodifusores “as melhores condições de iluminação possíveis”, disse.
Hoje gastamos muito dinheiro para fazer muitos milhões para fazer transmissão digital, mas não somos capazes de gastar para mudar a iluminação, para ser coerente é necessário pensar que é preciso investir em iluminação LED Full Specrum. Ou insiste com lâmpadas incandescentes, ou muda para um dispositivo como o LED porque não há nada no horizonte que possa cumprir essa função em uma TV Digital”, finalizou o executivo da Energia.

Novos mercados de engenharia de televisão
O segundo dia do SET Nordeste 2014 começou com a alocução de Alcione Alves (Faculdade Maurício de Nassau) quem deu um panorama geral da engenharia de TV e os novos mercados que se abriram com a chegada de novas tecnologias e múltiplas plataformas.
Alcione Alves afirmou que “novos mercados para engenheiros e técnicos de radiodifusão estão surgindo com a evolução dos novos segmentos de televisão. Além da TV aberta, as TVs por assinatura, e as TVs WEB ou IP TV despontam como novas oportunidades para os profissionais da área” por isso é preciso compreender quais “as novas necessidades de mão-de-obra desses mercados”.
“Nossa ideia e montar futuros cursos de capacitação. Para isso estamos fazendo um detalhamento das necessidades do mercado e ver que podemos oferecer para formar profissionais nos diferentes tipos de TV que existem na atualidade”, disse.
Para Alves, o mercado mudou muito com a digitalização, mas ainda faltam digitalizar muitas emissoras nas pequenas, médias e grandes cidades brasileiras. Com isso, “aparece um volume de serviços enorme, mas não corretamente dimensionados por não haver ainda uma programação desses serviços por parte das emissoras.
Precisamos análise e implantação de “gap fillers” nas cidades digitalizadas; e antenas coletivas para eliminação de intermodulação nos canais adjacentes”.
Por isso tudo, os conhecimentos exigidos aos profissionais mudaram e hoje é necessário conhecimentos em acústica e iluminação de estúdio; digitalização de sinal de TV – amostragem, codificação, compressão, multiplexação do sinal etc.; captura, fluxo de distribuição (workflow), edição de sinal de áudio e vídeo; redes de transmissão de dados (com profundidade); programação de computadores; transmissão de TV – modulação, amplificação, propagação de ondas no ar; comunicação via satélite; e técnicas de medição com novas ferramentas – computador.
Em resumo, segundo Alves, é preciso cursos de capacitação que possam responder as necessidades atuais exigem novos conhecimentos e por isso as “universidades e escolas têm de veicular, a nível de departamentos, aulas, trabalhos de pesquisas e informativos gerais sobre estas novas tecnologias. Por isso proponho três cursos que possam alocar as pessoas no mercado. Estes seriam o Curso de Pós-Graduação em TV Digital; o curso de engenharia de Transmissão; e o curso de engenharia de rede”.

Nova geração de switchers de produção
Alberto Santana (ROSS VÍDEO) fez a sua primeira aparição pública em um congresso regional trouxendo uma nova perspectiva no conceito de desenho, implementação e operação de um switcher de produção.
Para Santana a integração e controle de dispositivos externos, a automação randômica e baseada em scripts com automação de playout e integração com NRCS em fluxo MOS são fundamentais para uma boa produção ao vivo.
“Hoje precisamos ter compactação dos recursos de produção, precisamos não só ter um switcher senão uma plataforma que faça a compactação de sinais e sirva para trabalhar que una os dois mundos, o do 3G e o do 4K. Cada dia mais unimos o mundo do TI ao broadcast, ou seja, desde a unidade mais simples até a maior e mais compacta para atender a diversos nichos de mercado”, afirmou Santana referindo-se a linha de produtos Carbonite da Ross Video.

Primeira aparição de Alberto Santana (Ross Vídeo) em um SET Regional apresentando os produtos da marca canadense

Para ele, o que interessa é saber quais os recursos que possui cada switcher e com ele ter acesso a diferentes serviços. “Hoje o switcher é mais que um sistema de corte, é uma plataforma que proporciona uma serie de serviços e recursos adicionais”.
De fato, explicou Santana, nos dias de hoje, as produções ao vivo precisam ser flexiveis e agieis que permitam inserir “novos formatos de produção,streaming e recursos rapidamente.
Hoje já estamos trabalhando com formato 4K o que requer um fluxo de trabalho e tráfico de dados muito maior.”

Antenas Digitais, influência de torres e aplicações em RTVD
Mudando o assunto, Dante Conti (TRANSTEL) ofereceu uma serie de conceitos sobre antenas digitais, influência de torres e aplicações em RTVD, “estamos com um giro de tecnologia mais lento que o resto da indústria, mas um movimento que esta caminhando para a transição da TV analógica para TV Digital”.
Para Conti, em sistemas de TV Digital “não existe na prática a possibilidade de se ter atendimento pleno isto é, em 100% das localidades e à qualquer momento”, assim, “em transmissão digital não se pode negligenciar ou supor que haverá recepção marginal, em situação de limiar ocorre o efeito “cliff”.
“Em sistemas de transmissão de TV Digital, as especificações da antena serão reconhecidamente fatores determinantes para o desenho e viabilização de repetidores auxiliares para a extensão de cobertura em zonas de sombra ou Gap-Fillers. Similarmente, quando se tratar da interiorização do sinal de TV Digital e a busca por canalização realizável num espectro cada vez mais congestionado, o emprego de antenas com especificações rigidamente controladas passa a ser pré-requisito também para o desenho e viabilização de novas topologias de redes, como as redes que operam numa única frequência ou SFN”, afirmou.

Dante Conti (Transtel) ofereceu uma serie de conceitos sobre antenas digitais, influência de torres e aplicações em RTVD

Assim, “o modelo do negócio de TV Digital, aparentemente um tema distante e descorrelacionado das antenas, pode por ela – antena, ser afetado. A adição da polarização vertical em antenas de Transmissão de TV Digital vem demonstrando em vários mercados ser uma contribuição valiosa para a robustez da recepção 1-seg em terminais móveis e portáteis”, disse Conti em Recife.
Outro dos temas da palestra de Conti foi: Como aferir os efeitos da Torre? Ele disse que na teoria é possível prever os efeitos da torre nas propriedades de radiação da antena mediante ambientes de caracterização, quer seja virtual, ou não virtual (campo de teste).

Validação de conteúdo em um ambiente de fluxos digitais
Marcelo Blum (VIDEODATA/TEKTRONIX) explicou como distribuir e otimizar ferramentas de medida em plantas digitais, como realizar o controle de qualidade de conteúdos, da captação e ingest de conteúdos em banda base, passando pelos workflows sem fita, até a chegada ao expectador, já que “é fundamental garantir a preservação da qualidade em cada etapa do processo”.
O executivo disse que para isso “é necessário o uso de ferramentas e métricas adequadas, que permitam a identificação e imediata solução de problemas”. Para ele, é necessário viabilizar projetos de migração para tapeless e arquivamento porque o “conteúdo precisa estar disponível onde o consumidor está, seja broadcast, internet, celular mediante a criação de novos modelos de negócio de distribuição de conteúdos com custo justo e facilidade de acesso e onde possa ser reaproveitado e remonetizado o acervo”.
De fato, segundo Blumm, as emissoras precisam ter “uma validação de conteúdos em Banda Base que possa garantir a qualidade da codificação do conteúdo, passando pela transmissão e chegando até o expectador final”. Para conseguir isso, ele falou de “QoS, qualidade de serviço; QoE, qualidade de experiência; e parâmetros de compressão”.
Para o executivo da Videodata os desafios atuais da indústria passam pela redução do volume de ingest com fitas; via rede com promos, comerciais, programas, gráficos; e o aumento da variedade de codecs e canais de distribuição. “Hoje precisamos garantir a qualidade de um volume crescente de conteúdos para um número cada vez maior de canais de distribuição com exibição broadcast; video-on-demand; internet e mobile” e para isso precisamos migrar “da forma manual para a forma automática nas emissoras de TV”, disse Blumm.

Evolução das mídias digitais e impactos nos processos de produção e jornalismo
A última palestra da manhã do segundo dia do SET Nordeste 2014 foi de Felipe Andrade (AVID) quem realizou uma análise dos processos atuais de produção e jornalismo, comparando a necessidade crescente de audiência em novas mídias, e exemplifica algumas possíveis soluções de trabalho colaborativo em “cloud” sobre uma plataforma aberta. Para ele, maneira como as coisas eram no mundo broadcast, “hoje ainda as emissoras possuem edição linear e manual, o arquivamento é feito com fitas de forma manual e isso esta mudando para processos que permitam realizar o gerenciamento e proteção de arquivos digitais.
Mudou o sistema e a forma de arquivamento, o que não muda é a necessidade de gerenciamento dos conteúdos produzidos” Andrade disse que mudou a velocidade e as diferentes dinâmicas da indústria porque “hoje a demanda é por mais conteúdos e mais telas” sendo que a indústria broadcast é muito fragmentada porque “temos centenas de fornecedores de tecnologia, uma situação que deverá mudar no futuro com menos players fornecendo soluções mais completas”.
Ele explicou aos presentes o novo conceito da empresa, o Avid Everywhere afirmando que este não é um produto, senão “uma nova forma de fazer, mas sim uma visão da empresa baseada na Media Central Platform, que não é produto final, senão um produto que evoluirá com a tecnologia da empresa permitindo integrar outros serviços e plataformas”.

Dois dias de muita informação e debate no SET Nordeste 2014 realizado em Recife

O executivo explicou que a plataforma Media Central pode ajudar a melhorar o funcionamento das emissoras e dar maior versatilidade aos trabalhos em jornalismo com aplicações para iPhone.

Novas aplicações de satélites broadcast
As palestras da tarde começaram com Luiz Tadeu Navarro (STAR ONE) quem abordou um tema até o momento não tratado no SET Nordeste 2014, as principais aplicações dos satélites na área de broadcasting, os lançamentos e as novas tecnologias que surgem como promissoras no futuro próximo de um setor que não para de crescer no Brasil.
Navarro disse aos presentes que um dos principais objetivos da empresa no momento é a expansão da empresa para “América Latina” sendo que o foco da empresa no que diz respeito a broadcast em banda C, com contribuição e distribuição de enlaces de televisão com alta disponibilidade, conexões do tipo “long- haul” para operadoras de telecomunicações; e a banda Ku para uso em DTH e redes VSAT. A banda Ka é utilizada para acessos banda larga e novas aplicações de televisão. Um das novidades trazidas a Recife por Navarro foi que o lançamento do Satélite Star One C4 está previsto para o terceiro trimestre de 2014 e que este dispositivo” ficará colocalizado com o C2 e aumentará a capacidade em Banda Ku, onde opera o DTH da Claro TV, do grupo Embratel” O C4 terá uma expectativa de vida útil de 15 anos e terá 48 transponders em Banda Ku esperando-se que seja utilizado para DTH no Brasil.
Navarro afirma que o 4k e o 8K gerarão um aumento de banda nos satélites, mas para isso é preciso “aquisição da posição orbital; definição do artefato e cumprimento das metas; contratação do satélite, lançamento e seguro; gestão da vida útil, comercial, vendas de capacidade; e planejamento da reposição”.

Migração da infraestrutura tradicional banda base para IP
Felipe Domingues (IMAGINE COMMUNICATIONS) debateu no Recife, a mudança no comportamento dos telespectadores devido as novas opções de acesso ao conteúdo (Internet, Tablets, Smartphones) e com essas mudanças, a migração da infraestrutura tradicional banda base para IP.
Para Domingues, o consumo multitelas avança porque “está crescendo o número de pessoas que estão assistindo conteúdo de vídeo em outros dispositivos que não a TV. Embora, na TV ainda dominem o maior número de conteúdo consumido”.
De todas formas, segundo o executivo, “a tradicional forma de assistir televisão (canal linear) está mundando aos poucos para on-demand, enquanto a maioria dos telespectadores ainda assistem o conteúdo broadcast”.
Para ele, já é uma realidade o consumo multiplataformas, de fato, “49% das pessoas utilizam smartphones ou tablets para navegar na web equanto assistem TV”, e que “41% dos pais dizem que as crianças utilizam os tablets diariamente”, tudo isso, assumindo que “22% das pessoas assistem conteúdos diferentes do resto da família em dispositivos diferentes enquanto estão no mesmo ambiente”.
Nessa nova realidade “é necessaria a evolução das soluções de Playout Integrado que pode gerar uma redução dramática nos custos” da emissora. Outra das soluções frente a este novo paradigma de consumo midiático é migração banda base para IP porque “os sinais mudaram substancialmente ao longo dos anos chegando a 3GSDI e 12GSDI (4K) com 10GBE. Assim, as novas tecnologias melhoram a eficiência broadcast permitindo a produção de mais conteúdo com custo menor”.
Domingues disse que conjuntamente com a queda dos custos, aumentou a capacidade de equipamentos IP, alcançando estabilidade en fluxos de trabalho baseados em TI. “Sabemos que a transição não vai acontecer de uma hora para outra, mas ainda assim a infraestrutura IP para televisão fica melhor a cada ano”.
O executivo da Image finalizou a sua palestra dizendo que o “SDI não está morto – funciona bem e já está implantado, com custo/performace dos equipamentos SDI melhorando a cada ano” porque “os clientes estão procurando, suportar a infraestrutura existente SDI com opções de gateways IP e sistemas de controle que suportem a infraestrutura tradicional e IP que possam ser endereçados ao 4K e além!”.
Ante a pergunta da Revista da SET sobre o futuro IP e o aumento da presença do software em detrimentos dos equipamentos de hardware nas emissoras, Domingues disse que “a Ideia da marca para o futuro é a venda de softwares que possam ser integrados aos sistemas implantados pelos clientes e assim oferecer soluções integradas”.

Novas tecnologias em captação 2K e 4K
As novas tecnologias de captação foram abordadas novamente no segundo dia, desta vez por Guilherme Duarte (GRASS VALLEY) quem explicou os benefícios e virtudes dos sistemas de 2K e 4K na indústria. Assim, explicou os principais requisitos para a próxima geração de formatos broadcast que são a aquisição progressiva, o aumento do range dinâmico, o aumento da taxa de frames, e o gamut de cores estendido.
Com a aquisição progressiva “teremos uma performance de imagem igual ou melhor à conseguida com formatos interlaçados. Com o aumento do range dinâmico, teremos a performance de pixels melhorada e/ou as possibilidades de cálculo de um range dinâmico maior. Com o aumento da taxa de frames, teremos a possibilidade de leitura mais rápida da saída do sensor sem a necessidade de consumo de energia excessivo e/ou a redução de eficiência de transferência”, afirma Duarte.
As novas tecnologias permitem, segundo Duarte, que na atualidade se trabalhe com câmeras 4K, mas ainda há muito a dizer sobre esta tecnologia, de fato “existem duas maneiras possíveis para se fazer câmeras “full” 4K. A primeira utilizando pixels menores com sensores de 2/3”; e a segunda, utilizando o mesmo tamanho de pixels, mas em sensores maiores (Super35). Ambas as maneiras têm limitações severas e inviabilizam a produção de câmeras “full” 4K”.
Por este motivo, a Grass Valley, desenvolveu algumas soluções que incluem o uso de pixels menores em sensores de 2/3”, porque para caber quatro vezes mais pixels, os pixels precisam ser quatro vezes menores (2.5μm x 2.5μm ao invés de 5μm x 5μm). Isso gera, segundo Duarte, os seguintes benefícios, “capacidade de fazer câmeras com “real” 4k, com três sensores; a possibilidade de utilizar lentes 2/3”.
Finalmente, Duarte disse que a solução é “utilizar um único sensor “Super 35” 4K com um filtro para separação de cores na frente; chamado filtro Bayer onde os pixels continuam com o mesmo tamanho, mesma sensibilidade e range dinâmico”.

Adequação da infraestrutura para trafego de sinais via fibra óptica
A última palestra da edição 2014 do SET Nordeste foi proferida por Roberto Inoue (LINEUP) quem explicou diferenças e características de cabos coaxiais e fibra óptica. Apresentou o Medionet 2.0, a evolução do seu sistema de rede em fibra-óptica Medior- Net, que passou a suportar a integração de funcionalidades completas de matriz de encaminhamento de sinais, suporte para o protocolo aberto de controle EMBER+ (proposto pela Lawo) e integração avançada de outros protocolos de comunicação e controle com outros equipamentos de marcas de referência na indústria, tal como a Studer e Grass Valley.
Inoue disse aos presentes que os cabos coaxiais serão utilizados ainda por algum tempo pela sua robustez, baixo custo de investimento, ser uma tecnologia madura com alta qualidade de sinal e baixa manutenção, mas os cabos coaxiais têm limitações para transmitir sinal elétrico sujeito a interferências eletromagnéticas; largura de banda limitada; distância limitada; e peso.
No caso da fibra óptica o executivo da LineUp disse que tem como principais vantagens a redução de custo e quantidades de cabos; possibilidade de cabos para longa distância; múltiplos sinais; isolamento elétrico; imunidade a interferência eletromagnética; largura de banda maior e flexibilidade de utilização. Sendo as suas maiores desvantagens são as de um investimento maior a curto prazo (infraestrutura, ferramentais e treinamento); cabo frágil, cuidados especiais de manuseio; e que necessita mais proteção no cabo e conector.
Finalmente, Inoue disse aos presentes que o tipo de cabo vai depender do tipo de utilização já que a “escolha depende da utilização (sinais, distância, banda requerida etc.); do custo total de investimento, e o peso da infraestrutura”.

Problemas trabalhistas relacionados com a carga horaria de operadores de equipamentos (radialistas) discutidos no SET Nordeste 2014

O congresso regional de Recife abordou a legislação dos profissionais do setor audiovisual no país e como as emissoras se adaptam as regras trabalhistas dos diferentes profissionais que trabalham nelas.

Jair Ventura (TV JORNAL DO COMMERCIO) desenvolveu um tema importante para o setor mas nem sempre abordado. A carga horaria porque “estamos falando do negócio e com isso das pessoas que estão do outro lado da máquina”, um tema “pouco conversado nas seções da SET”. Segundo Ventura, a velocidade da informação se multiplica num ritmo tão intenso que é cada vez mais difícil dar conta de tudo que acontece a sua volta. “Essa velocidade também afetou a forma de operar os equipamentos das emissoras de televisão”.

Para ele, a rotina das equipes sofreram alterações significativas, “a pressão para que a noticia chegue com mais brevidade ao telespectador, somado à dificuldade de deslocamento nos grandes centros, como acontece no Recife, fez com que a engenharia da TV desenvolvesse métodos que facilitassem esse processo e ao mesmo tempo atendessem os requisitos da CLT e da Lei dos Radialistas, que contraditoriamente, não evoluíram com a tecnologia”.
Ventura afirmou que é necessário “ acompanhar essa evolução sem ferir os princípios trabalhistas”, e colocar as leis de acordo as mudanças dos tempos para que as emissoras não tenham que pagar ónus maiores dos que já são pagos. Para isso, explicou ele, o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação fez para evitar irregularidades nas leis trabalhistas na empresa. “Com um trabalho árduo da TV Jornal, em 2012 tivemos 315 irregularidades trabalhistas no ano, com uma média de 45 ao mês. Com as novas regras que colocamos na empresa, conseguimos reduzir isso para 121 irregularidades em 2013 com uma média de 12 ao mês. Neste ano, estamos com uma média de 8 irregularidades ao mês. Isso porque conseguimos articular a empresa, os seus interesses e o pessoal que trabalha nele”.
“A radiodifusão vive de times dinâmicos, por isso as pessoas que trabalham em radiodifusão tem uma tensão de trabalho muito grande e uma especialização muito especial, mas a lei que as rege é de 1971.
Precisamos escolher o equipamento a utilizar, mas antes disso precisamos saber como vai ser usado e se vamos ter condições trabalhistas para operar esse sistema”, disse Ventura aos presentes.

Interferência do 4G na TV e vice-versa

SET Nordeste debate o 4G/ LTE interferindo no serviço de TV Digital, de forma direta e/ou por combinações de frequências.

A palestra “Switch-off da TV analógica e possíveis impactos da licitação de 700 MHz no crescimento do 4G no Brasil”, ditada por José Raimundo Cristóvam (Unisat/SET) no SET Nordeste levantou questionamentos ao leilão realizado pela Anatel.
Numa palestra agitada e com participação da plateia, Cristovam explicou as datas do switch-off e o cronograma de desligamento da TV analógica no país e se perguntou “quanto tempo ainda resta de vida para a TV analógica?”, e ainda explicou a evolução da tecnologia para chegar ao atual LTE/4G.
Para Cristovam, o leilão acontece por uma necessidade das telcos de espaço para expandir os seus serviços, e quando elas adquirirem um dos três lotes com cobertura nacional terão de desembolsar no mínimo R$ 2,8 bilhões, sendo R$ 904 milhões com a “limpeza da faixa”, ou seja a eliminação da interferência de sinais. No entanto, em 93% dos 5570 municípios brasileiros, estas frequências só estarão disponíveis para ser utilizadas pelas operadoras no final de 2019.
A SET depois do estudo realizado em conjunto com a Universidade Mackenzie, disse Cristovam, afirmou que existia interferência entre os sinais pelo que o 4G/ LTE interferirá no serviço de TV Digital (de forma direta e/ou por combinações de frequências) e que as empresas de telecomunicações terão de arcar com os possíveis problemas de interferência com o sinal de TV Digital.
Outro dos temas abordados foi a interferência, sobre o fenómeno, Cristovam disse que haverá “emissões das antenas das operadoras de serviços móveis interferindo na recepção dos Gap-Fillers, expressão que designa a estação reforçadora destinada a suprir as áreas de sombra da TV digital aberta, ou seja, nas quais não há cobertura”.
De fato, para as TVs, poderão ocorrer falhas intermitentes ou aleatórias na recepção, “artefatos” nas imagens e até perda total da imagem nos momentos de interferência.
Já no caso da Banda Larga Móvel 4G LTE, os usuários poderão “sofrer” com a piora sensível nas quedas de chamadas; aumento da lentidão das velocidades de “download” e “upload”, se comparadas com as “prometidas” nas diversas campanhas de vendas da Banda Larga Móvel 4G LTE e com as comprometidas (em contrato e no PGMQ da ANATEL); e aumento de preços dos Serviços de Banda Larga Móvel 4G.