O mercado brasileiro continua em alta para as empresas internacionais

Nº 148 – Jan/Fev 2015

por Fernando Moura, em Amsterdã, Holanda

REPORTAGEM

Durante o último IBC realizado em Amsterdã a Revista da SET fez uma série de entrevistas com executivos brasileiros ou de empresas com representação no país para saber como olham para nosso mercado, quais as suas perspectivas futuras, e vislumbrar se elas apostam em redes IP, workflows em 4K, sistemas de vídeo por streaming ou apenas na migração para o HD.

que está claro, uns meses depois do evento, e olhando um pouco mais distante as soluções apresentadas nele, é que as empresas continuam apostando no Brasil como um dos principais mercados de América Latina, e como um dos lugares onde as perspectivas de investimento continuam sendo favoráveis a novos projetos.
De fato, nos corredores de Amsterdã mais uma vez se notou que a indústria olha para a América do Sul, e especialmente para o Brasil, com bons olhos e como um lugar, que devido ao processo de digitalização ainda não ter concluído, onde os investimentos em modernização das infraestruturas das emissoras deverão certamente serem realizados se estas deverão continuar a emitir.
Um dos entrevistados disse à Revista da SET que o grande diferencial da região é o processo de “switch-off que ainda está por acontecer, enquanto nos Estados Unidos e na Europa já aconteceu. Nossas expectativas de negócio passam pelos processos de digitalização das pequenas e médias emissoras de TV que ainda não concluíram esse processo”.

O IBC 2014 foi a primeira apresentação da Snell após a fusão com a Quantel, um momento muito importante para as duas gigantes da indústria

Na sessão “What was hot at IBC2014”, realizada em forma conjunta pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET) e o International Broadcasting Convention (IBC), Peter Owen, presidente do IBC Council, tentou desvendar quais são os principais desafios dos broadcasters latino-americanos e quais as mudanças tecnológicas que precisam desenvolver para acompanhar os tempos. (Veja reportagem completa na edição Nº147).
Peter Owen disse na reunião dedicada a broadcasters brasileiros e latino-americanos que estamos em uma época de geração de novas oportunidades para o mercado, e “precisamos aproveitá-las. O negócio está mudando, precisamos ver que fazer e como nos adaptar às mudanças”.
Para Owen, a diferença das predições mais apocalípticas, o “broadcast não morreu, está mudando e se transformando para tecnologias como o IP” e para novas formas de “captação como o 4K que mudam a percepção das produções e o olhar do telespectador”. Para ele, temos de pensar “o 4K como uma nova forma de produção”, mas uma “produção difícil de ser feita porque precisa de grandes sensores” e com eles “necessitamos de novas formas de produção audiovisual”.

A nova visão da Grass Valley
Em 2014, a Belden comprou a Grass Valley, e com isso se transformou em uma das maiores empresas da indústria.
A Revista da SET conversou com o responsável da Grass Valley no Brasil e América Latina. Leonel da Luz, VP de Vendas para LATAM, e conta as principais novidades da gigante.
A Grass Valley mostrou no IBC 2014 os primeiros sinais da fusão com a Belden. Na edição anterior da Revista da SET explicamos que com a fusão a nova” Grass Valley – à semelhança da estratégia seguida pela Imagine Communications, se esforçava por dar um salto em frente, promovendo diretamente a migração das suas soluções totalmente para IP e soluções baseadas em cloud. No centro destas propostas estava, no entanto, hardwares bem pouco virtuais, tal como a nova gama de matrizes NVISION 8500 Router IP Gateway que combinam toda a migração das infraestruturas de sinais de banda base e SDI para IP, ao mesmo tempo que integram funções de processamento, ingesta, multi-telas, monitorização e emissão (playout), tudo de forma modular.
E esta foi a forma de demonstrar claramente aos clientes como evoluir a sua infraestrutura para um futuro que venha a ser totalmente dependente de software e soluções em cloud, mas fazendo a ligação com o que existe hoje.

Leonel Da Luz afirma que a fusão de Grass Valley com Belden permitiu que as duas empresas possam oferecer soluções integradas aos seus clientes ganhando maior expertise e melhores soluções

Da Luz explicou as mudanças e as sinergias que a Belden e a Grass Valley estabeleceram depois da fusão e a nova visão da empresa bem como os passos que estão sendo dados na região. Segundo ele, o “mercado brasileiro reagiu muito bem à fusão.
Temos boas expectativas para 2015 já que tivemos bom feedback não só dos clientes que nos visitaram aqui em Amsterdã como antes no SET EXPO. Eles veem com bons olhos a ideia de ter uma empresa que possa oferecer uma solução integrada e ampla, ter uma equipe única que conheça o mercado e o produto facilita o relacionamento. De fato hoje somos uma das empresas que oferece a maior gama de produtos para os broadcasters, e para empresas de Telecom e outras áreas, como as das produtoras.”
O executivo explicou à Revista da SET que a empresa estava reorganizando sua rede de distribuidores no Brasil e América Latina (Ver acima) e por isso “está confiante em poder trabalhar na nova geração da empresa, a nova “fase da Grass Valley” porque além de ter a linha de produtos que os clientes gostam e conhecem, ela traz para dentro dela uma estrutura e uma organização empresarial que já foi modelada nos padrões da Belden, o que dá uma dinâmica muito forte. E isso é um fator de peso na decisão do cliente na hora de realizar um investimento”.
Da Luz explicou que a Belden vê a compra da Grass Valley como uma forma de expansão estratégica do negócio, “não só como um crescimento de faturamento, mas de maior abrangência de mercado. Atualmente a parte de broadcasting dentro da Belden significa aproximadamente 30% do montante total do faturamento o que levanta muito a importância do investimento da empresa”.
Segundo Leonel da Luz, uma das principais estratégias da companhia é trabalhar de forma abrangente com os clientes oferecendo soluções integradas.
“Primeiro tivemos a integração interna dos produtos das duas companhias para facilitar a integração de um grande sistema. Boa parte do trabalho prévio de conexão dos vários setores e da diversidade de produtos permitiu a integração de vários workflows de produtos passando por situações que nos permitam aproveitar a expertise das duas empresas e embuti-lo no produto”.
“No mercado das câmeras”, afirma o executivo, existem várias camadas de produtos e mercado. “Nós sempre fomos reconhecidos como os líderes do setor pela nossa tecnologia ser de alta qualidade, uma qualidade que vem de longa data. Na Grass Valley a tecnologia de ponta é essencial para o desenvolvimento, por isso somos lideres. É um desenvolvimento pensado no broadcast e não no cinema, nossas câmeras são criadas para serem utilizadas em televisão, sobretudo em eventos ao vivo”.

Hispasat investe em soluções de IP via satélite
A Revista da SET conversou com Ignacio Sanchis, diretor de Negócios de Hispasat, que disse que a companhia espanhola está empenhada em mostrar para a indústria que o mercado de satélites está vivo, e não só, está crescendo em diversas partes do mundo, nomeadamente na América do Sul onde a empresa tem feito grandes investimentos.
Para Sanchis, o negócio avança e o balanço do trabalho realizado pela empresa na última Copa do Mundo realizada no país em 2014 foi altamente positivo. “Tivemos um impacto muito positivo com a Copa.
O acordo com a Intelsat permitiu levar o satélite Amazonas 1 a

Nossa ideia é facilitar para as famílias a visualização do sinal de DTH que recebem em casa, afirma Ignacio Sanchis de Hispasat © Foto: Fernando Moura

té a posição orbital 55º Oeste, que era uma posição deles, o que nos permitiu vender serviços com diferentes conectividades a muitos dos principais provedores de serviços ocasionais que estiveram no Brasil durante a Copa do Mundo”.
“O negócio da Copa foi interessante porque trouxe ingressos para a empresa, mas o mais importante para nós foi o saldo desse serviço que vinha dos dois anos anteriores, que foi a aceleração da adoção de novas qualidades de imagem com um aumento muito significativo da alta definição na América do Sul”, afirma Sanchis.
Outro dos pontos importantes da conversa com Sanchis foi a implantação do protocolo de telecomunicações SAT>IP, um desenvolvimento conjunto com SES, mediante o qual o sinal proveniente do satélite é transformado em um sinal IP no ponto de recepção graças a um pequeno servidor que pode ficar localizado na própria antena ou na casa do usuário, sem ter de realizar instalações complexas nem gerar custos adicionais.
Assim, essa tecnologia apresentada originalmente em 2012, permite oferecer conteúdo via satélite de alta qualidade em todas as telas da casa de uma forma mais eficiente com a utilização de um roteador que permitirá que vários usuários “desfrutem dos conteúdos chegados via DTH à residência em diferentes dispositivos IP espalhados pela casa, sejam smartphones, tablets ou laptops”.
“A nossa ideia é somar esforços ao desenvolvimento de SES e brindar um serviço a mais aos usuários de DTH”, afirma o executivo e reforça que desta maneira, os clientes de serviços de TV por Assinatura podem usufruir de uma melhor forma do serviço, que até hoje só é possível assistir em uma tela.
Sanchis explicou à Revista da SET que este serviço não só tem mais-valias para o usuário senão, também, para o operador porque este “não necessitará de CDN para transmitir, o único que se faz é redistribuir o sinal que chega via satélite”.

SES continua apostando no crescimento em América Latina
Em conversa com à Revista da SET, Jurandir Pitsch, VP de Desenvolvimento para América Latina de SES disse que a empresa está construindo o satélite SES-10 que substituirá o AMC-3 e o AMC-4 dando maior cobertura regional e um aumento da capacidade em América Latina.
Pistch coincide com Sanchis sobre o êxito na Copa do Mundo e o legado que isso deixou com um aumento significativo de canais HD na região.
“Por isso continuamos a investir em novos satélites para a região. O SES- 10 será lançado em 2016, ocupará a posição 67º Oeste e será o primeiro desenvolvido exclusivamente para transmissão de banda Ku na região” afirmou.

A SES promoveu demonstrações de recepção de sinais 4K UHD codificados em HEVC e emitidos via satélite de um satélite SES na posição orbital de 19,2 graus Leste, usando as especificações de sinalização DVB UHD Fase 1 para televisores Samsung equipados com módulos de recepção Nagra Kudelski CAM SmarDTV CI Plus, sem necessidade de uma STB externa © Foto: Fernando Moura

O novo satélite – encomendado por meio da SES Satellite Leasing, filial integral da SES, expandirá a capacidade da empresa na América Latina e no Caribe com feixes de alta potência adaptados para prover serviços de conectividade de banda larga empresarial e de transmissão DTH. Pistch disse que o satélite terá capacidade adicional para Brasil e aumentará, também, sua disponibilidade de transporte de sinais para o mercado Andino, Centro -americano, e mexicano. O SES-10 terá uma potência elétrica de 13kW e sua massa de lançamento no Falcon 9 deverá ser de aproximadamente 5.300 quilos. Conterá também Receptores de Comando Flexível, cuja agilidade de frequência proporciona operações de links de comando ao satélite mais robustas, afirma o executivo. De todas as formas, o mercado de DTH, afirma o executivo, continua puxando a demanda e como cresce o número de assinantes, também cresce o interesse de “canais étnicos da Europa e Ásia que querem chegar ao mercado de TV por Assinatura tanto do Brasil como da região, não só individualmente como em plataformas étnicas, um mercado em que a SES está trabalhando muito e realizando projetos”.

Em termos de novidades, no IBC 2014, a SES, a SmarDTV, uma empresa do Kudelski Group, e a Samsung Electronics realizaram a demonstração do primeiro conteúdo Ultra HD totalmente criptografado, através de um satélite SES para um aparelho de televisão Ultra HD da Samsung, ao usar um módulo CAM SmarDTV CI Plus.
A demonstração foi interessante porque se mostrou toda a cadeia de transmissão em Ultra HD, e foi a primeira vez que um sinal completo Ultra HD de 3840×2160 pixels em HEVC, protegido por CAS, foi descriptografado por um módulo padrão SmarDTV CI Plus e entregue a modelos de TV Ultra HD da Samsung, abrindo portas, segundo Pistch, para os provedores de TV por assinatura terem acesso direto aos novos aparelhos de televisão UHD que vêm sendo adotados com rapidez por consumidores no mundo todo.

Tecnologia brasileira no Pavilhão de Israel

Pelo segundo ano consecutivo a Tecsys do Brasil participou do IBC no estande de Israel pelo fato de ter uma fábrica instalada naquele país.
Assim, a empresa de São José dos Campos, no Estado de São Paulo, participa da feira com lugar de destaque.
“As pessoas chegam ao pavilhão de Israel à procura de tecnologia de ponta, e nós temos isso para oferecer.

José Marco Martins de Tecsys afirma que o mundo cada dia olha com melhores olhos a empresa e as suas soluções © Foto: Fernando Moura

Nesta feira temos contato com broadcasters, produtores e empresários da indústria de Europa, Ásia e África, mercados muito atrativos para nós, já que o do Oriente Médio faz parte do nosso leque por estarmos na região”, afirmou José Marcos Freire Martins, diretor geral da Tecsys do Brasil.
No estande, afirma Martins, mostramos como, com expertise brasileira, “podemos desenvolver, produzir e comercializar produtos especializados em codificação, modulação, conversão, multiplexação, decodificação, acesso condicional, criptografia, processamento e transcodificação em streamming e encoders. Claro que com a aquisição de uma empresa israelense temos maior visibilidade do que antes”.
José Marcos Freire Martins vê o avanço de estruturas baseadas em sistemas IP oferecidas por grande variedade de empresas como um tema delicado. Para ele, os clientes “já não precisam de soluções únicas, diferentes para cada setor da emissora, mas sim fornecedores de soluções completas que tenham um grande suporte técnico e um time que dê apoio e garantia. Nós hoje temos isso porque desenvolvemos desde o início da empresa até hoje, suporte e desenvolvimento de produtos integrados que nos dão um entendimento dessa tecnologia que pode ser colocada ao serviço do cliente hoje para até criar soluções individuais para os seus projetos”.

Esquema de distribuição de vídeo por streaming durante a Copa do Mundo Brasil 2014 desenvolvido pela EVS para o seu sistema C-Cast © Foto:Divulgação

O executivo brasileiro avança mais e afirma que “o cliente está muito preocupado com quem esta vendendo branding, porque quem vende isso não customiza. Cada dia mais o cliente quer soluções para as suas próprias necessidades e nós o podemos fazer porque temos expertise, equipamentos e técnicos e engenheiros capazes de produzir esses equipamentos”.
No IBC 2013 Martins tinha dito que com a internacionalização da empresa os mercados se tinham alargado, “começamos uma nova etapa da vida da empresa, uma nova etapa pensando em outros mercados. A partir desse momento com a clientela deles no mundo e a nossa experiência e tradição no Brasil estamos desenvolvendo produtos para um mercado Global. Em 2014, o balanço é positivo, já que segundo ele, o volume de vendas da empresa aumentou e cresceu o número de clientes internacionais da companhia.
Para o executivo de uma empresa que desenvolve basicamente soluções de hardware, estes equipamentos ainda têm muito a oferecer para a industria broadcast com respeito às inúmeras soluções de software que se apresentam dia-a-dia. “Ainda existe hardware e ainda existe porque ele é necessário para fazer funcionar as plataformas atuais de que tanto de se fala. No nosso caso, nós temos o conhecimento de todo o ecossistema de trabalho e continuaremos apostando nisso como maisvalia para entregar ao cliente”.

Aspera aposta no mercado de entretenimento

Em uma indústria onde cada dia são apresentadas mais soluções IP e os workflow completos baseados nestas tecnologias, Aspera, uma empresa do grupo IBM, se afirma como um importante player do mercado.
Nesse sentido, Pedro Silvestre, diretor de Vendas para Latino América de Aspera, afirma que o mercado regional está crescendo rapidamente. Os principais clientes da empresa são produtoras e emissoras que trabalham com conteúdos de média entertainment e que utilizam os serviços para o transporte desses arquivos a diferentes clientes ou emissoras espalhadas pela região.

Silvestre afirmou que na última Copa do Mundo a empresa teve um papel muito importante no desenvolvimento e transporte do sinal gerado pela FIFA TV. Para o evento foi criado um sistema para a transmissão via streaming end-to-end na nuvem para a segunda tela enviando os sinais gerados nos estádios com imagens exclusivas como câmeras exclusivas destinadas ao seguimento de jogadores, grandes momentos etc.
Para realizar o envio dos conteúdos produzidos pelo EVS C-Cast em tempo real utilizando transporte WAN – de Aspera – de alta performance dos estádios do Brasil para a Europa, onde se encontrava a plataforma na nuvem AWS que rodou mediante a utilização do Aspera On Demand, se conseguiu chegar ao usuários de segunda tela quase sem latência. (Ver texto abaixo) Isso foi possível, explicou Silvestre, a EVS integrou o sistema de transferência Aspera FASP high-speed e o processamento de vídeo da Elemental para criar um workflow de grande escala baseado na nuvem capaz de entregar conteúdo HD a usuários de todo o mundo em tempo real.
Uma das vantagens “de nosso software é que tem pouca latência e a perda de pacotes no streaming é reduzido ao mínimo mediante o protocolo Aspera FASP. De fato, este tem mais ou menos 200 milissegundos e uma média de 10% de perdas de pacotes.

Penso que o realizado na Copa do Mundo foi um sucesso e uma amostra do potencial do produto”.
Avançando para tecnologias baseadas em sistemas IP, Silvestre afirma que esta é uma tendência sem retorno.

Fabio dos Santos, da Dejero, afirmou à Revista da SET que a Copa do Mundo foi um sucesso para a empresa com a utilização de mais de 200 equipamentos da empresa na realização de externas televisivas

“As empresas terão no futuro que pensar em juntar suas equipes de engenheiros e pensar em unir o hardware ao software e, com isso, pensar em distribuição ou storage, por exemplo, baseados em sistemas IP.
Já passamos a uma estrutura tapeless por isso é difícil prever quanto tempo teremos de hardware, o que há é um interesse grande em utilizar a nuvem para realizar algumas atividades como a distribuição de conteúdos, serviços que se rentabilizam mais pela sua diferença de preço e porque não precisam de tanta banda para serem transmitidos”.
Para Silvestre, o futuro passa por uma reformulação das estações de TV e, com isso, uma reestruturação dos seus sistemas internos, “não sei exatamente para onde vai a indústria, mas sei que ela está mudando”, afirmou.

As notícias precisam chegar ao telespectador desde qualquer lugar
Cada dia mais o telespectador valoriza a rapidez e a visualização de noticias em tempo real, por este motivo uma série de empresas desenvolveu sistemas de transmissão ao vivo por streaming que permitem levar conteúdos às emissoras sem a necessidade de enlaces satelitais. Uma dessas é a Dejero, que vem trabalhando com mochilas e aplicativos para celulares que podem transportar conteúdos em tempo real.
Fábio dos Santos, responsável pela Dejero na América Latina disse à reportagem da Revista da SET que a tendência é que cada vez se utilizem mais estes serviços, não só pelo custo, mas também pelo beneficio que trazem às emissoras.
No último mundial realizado no país, os sistemas de transferência de conteúdos via streaming para realização de externas tiveram uma grande relevância. A reportagem da Revista da SET observou centenas de dispositivos espalhados pelo Brasil em volta dos estádios e centros de treinamento, por esse motivo, Dos Santos afirma que “o mercado de broadcasting caminha na direção da utilização de sistemas de streaming para realização de externas agilizando a produção e permitindo as emissoras serem os primeiros a chegar aos locais onde se produz a notícia”.

As estruturas IP são o futuro das emissoras de TV, elas permitirão desenvolver novas soluções, sobretudo de distribuição, aos broadcasters, afirma Rosalvo Carvalho da Videodata © Foto: Fernando Moura

“A época na qual as emissoras queriam o melhor sinal, com 100% de qualidade, acabou. Hoje se prioriza a qualidade de vídeo, mas antes disso, se prioriza o ter a imagem onde está a notícia. Hoje eles optam pelo conteúdo, às vezes sacrificando a qualidade para ter as informações que o telespectador quer ver”, afirma Dos Santos.
Na última Copa do Mundo pelo menos 200 equipamentos da Dejero foram utilizados no país, entre eles, o transmissor LIVE+ 20/20 e o aplicativo LIVE+ Mobile, aplicações que permitem emitir vídeo diretamente de redes LTE, 4G, 3G, Wi-Fi, ou conexões Ethernet. O primeiro é um sistema portátil de wireless e o segundo um aplicativo que pode ser utilizado para envio de imagens a partir do celular.
Um dos principais problemas no Brasil é a conectividade e a estabilidade da rede móvel, por isso, comentou o executivo da Dejero, a empresa desenvolveu para a Copa do Mundo um software que “reage muito bem a esta instabilidade e a degradação do sinal em certas áreas do Brasil com um algoritmo que leva em conta a decadência da rede e faz os cálculos para reduzir a caída de sinal. Assim, apesar da redução da rede, o nosso vídeo não cai. Vai caindo suavemente a sua qualidade, mas sem perder o sinal.
Rosalvo Carvalho, Ceo da Videodata, afirmou à Revista da SET que a distribuição da Dejero está assegurada no país e que cada dia mais clientes procuram soluções de streaming ao vivo.

Ante o pedido da reportagem de uma avaliação da feira de Amsterdã, o executivo disse que o IBC mostrou a necessidade de “convergências nas emissoras que levem a sistemas baseados em IP. Hoje as empresas têm de aproveitar a viabilidade tecnológica do IP para fortalecer os seus sistemas.”
Ainda reforçou que “a disponibilização de conteúdos na nuvem, é hoje uma tendência, igual que como há 20 anos se começou a utilizar vídeo servidores em broadcasting. A tendência foi definida, se começou a por em prática e a evolução tecnológica fez isso viável.
O paradigma ainda esbarra na segurança e confiabilidade do conteúdo na nuvem, isso é uma coisa que ainda não está definida, de fato ainda não sabemos o limite dela e quanto pode-se por nela porque não está claro como será disponibilizado o conteúdo na nuvem”.
Para Carvalho, a nuvem é a tendência do futuro porque ela se está consolidando, mas “precisamos ainda ter mais certezas sobre o seu funcionamento e como os radiodifusores, por exemplo, podem dispor do conteúdo que coloquem nela”.

Soluções gráficas a diferentes níveis
No IBC 2014, a Revista da SET conversou com Jordi Capdevila, diretor de Marketing de VSN, que afirma que o mercado da América Latina é estratégico para a empresa pela sua importância e por ser um lugar “onde ainda temos possibilidades de expansão”.

Capdevila afirma que a tendência são as soluções na nuvem, mas para ele é preciso explicar aos clientes que “ela é mais física do que nada. Nós trabalhamos com este tipo de soluções desde o começo da empresa, por isso a nuvem hoje é interessante para arquivamento de conteúdos, sendo que utilizá-la como play-out ainda é complicado e requer sistemas dedicados porque dependem da banda e de confiar nos momentos críticos dessa banda para não perder a emissão”.
Mas isso está mudando, afirma o executivo, “hoje já temos soluções que permitem que emissoras pequenas e médias possam começar a trabalhar com sistemas de play-out baseado na nuvem. De fato estamos desenvolvendo um projeto na Espanha que terá um play-out físico com arquivos na nuvem”.
Capdevila afirmou, ainda, que durante o IBC a empresa realizou um PartnerDealer Meeting do qual participaram mais de 50 representantes de importantes empresas do setor aos quais foram apresentadas as principais novidades da marca e a nova política de marketing, que incluiu o lançamento de uma nova página web corporativa.

Soluções rápidas e econômicas de streaming ao vivo

Manuel de la Serna, de Teradek, afirma que a Copa do Mundo foi uma alavanca para as vendas da empresa no país e que a estratégia de vendas de seu distribuidor local, Broadmedia, foi fundamental para este crescimento

A empresa Teradek aos poucos foi entrando no mercado brasileiro e hoje se posiciona como uma das principais fornecedoras deste tipo de equipamentos no país. Manuel de la Serna, gerente de vendas da Empresa, disse à Revista da SET que o “mercado brasileiro continua crescendo e tem uma grande capacidade de crescimento. Os investimentos que se fizeram e ainda se farão não eram só pela Copa, pelo contrário, para nós a Copa do Mundo foi uma alavanca para os nossos negócios porque muitos broadcasters viram emissoras a usar os nossos produtos e agora pretendem experimentá-los. De fato agora Rede Globo e TV Bandeirantes estão começando a se interessar por nossos produtos”.
De La Serna disse que as vendas realizadas em Brasil em 2014 foram 4 vezes superiores às realizadas em 2013, um crescimento muito importante.
“Nós começamos no Brasil a vender equipamentos a emissoras pequenas, agora estamos em um segundo estágio, o de avançar às grandes emissoras e cabeças de rede, se dermos esse passo, nosso objetivo estará cumprido. Somos conscientes de que nosso ingresso ao mercado brasileiro foi diferente, já que normalmente os produtos ingressam primeiro pelas cabeças de rede e se espalham nas afiliadas. Nós, por uma estratégia de vendas nossa e de nosso distribuidor local no Brasil, Broadmedia, começamos nas pequenas emissoras do norte do país, avançamos às médias e agora estamos chegando às grandes”, afirma.
Para o executivo de Teradek as transmissões de sinais por streaming de vídeo mediante sinais de celular têm espaço de crescimento no mundo e sobretudo nesta parte do planeta onde as redes de fibra óptica são tão poucas. “Nós trabalhamos para diferentes mercados, mas basicamente apostamos nas transmissões via streaming pensando que as emissoras precisam que o sinal chegue a suas centrais e possa ser emitido ao vivo e desde praticamente qualquer lugar que tenha banda de Internet”.
www.ibc.org

Grass Valley confirmou a AD-Digital como integradora oficial no Brasil

A Grass Valley renomeou no final de 2014 os representantes oficiais da empresa em cada um dos países da América Latina.
No Brasil confirmou a nomeação da AD Digital como Systems Integrators da companhia.

“A competitividade exige do mercado mais eficiência e rapidez, da entrega ao suporte, por isso, acreditamos que a parceria com a AD-Digital irá proporcionar aos clientes uma oferta de serviços mais ágil e de alta qualidade”, explica Leonel da Luz, VP Sales LATAM Grass Valley.
Como integrador de sistemas da Grass Valley, a AD-Digital oferecerá consultoria de tecnologia em todas as fases do projeto, desde o desenho, arquitetura de sistemas, análise e design de fluxos de trabalho, execução, implementação até a ativação do projeto com total segurança.
“É a consolidação da estratégia de ser a principal fornecedora e integradora de todo o portfólio da marca no Brasil, resultado de uma aliança de mais de 10 anos com a Grass Valley e, principalmente, de uma boa prestação de serviços e atendimento pós-venda prestado pela nossa empresa aos clientes”, explicou Daniela Souza, CEO AD Digital.
A parceria de longo prazo entre as empresas atende aos mercados de Broadcast, Operadores de Rede, ambientes de Produção de TV e Usuários de Vídeo profissional, entre outros.
“Entendemos que o nosso papel é ir além da venda de um produto. Nossos clientes nos veem como um espécie de “trusted advisor” por darmos todo o aconselhamento tecnológico para ajudá-los a entender e explorar ao máximo as oportunidades, de acordo com suas necessidades de negócios”, explica Daniela.


C-Cast a revolução do conteúdo esportivo

por Fernando Moura, no Rio de Janeiro

Com licença da FIFA, a HBS (Hosting Broadcast Services) – produtora da FIFA TV – escolheu a EVS não só, como já é tradicional, para a realização das repetições nas produções esportivas senão, também, para realizar a distribuição multimídia ao vivo para PCs, tablets, smartphones, TVs conectadas e outros dispositivos inteligentes.

Interfase do EVS C-Cast em um tablet

O serviço foi utilizado com sucesso em dezenas de países alcançando mais de 10 milhões de downloads do aplicativo. A aplicação foi vendida pela FIFA TV a algumas emissoras que tiveram a possibilidade de oferecer um serviço de segunda tela , “chave em mão” com uma gama completa de serviços multimídia para os seus telespectadores e adaptável aos requerimentos de cada emissora. A tecnologia EVS C-Cast, explicou Benjamin Mariage, gerente de vendas para América Latina, ofereceu aos espectadores imagens com multi-ângulo e sequências exclusivas de entrega por meio de aplicativos de segunda tela durante os eventos ao vivo.
O aplicativo permitiu que os usuários pudessem usufruir de serviços diferenciados aos transmitidos pela TV.

Diagrama de produção e distribuição para transmissão dos jogos da última Copa do Mundo tanto para a transmissão tradicional ao vivo como para o serviço C-Cast.

Estes foram os de ter o plano de câmera de uma forma interativa no dispositivo permitindo que o usuário escolhesse uma câmera e não a transmissão original. Ainda puderam usufruir de um serviço de multi-câmera mostrando diferentes ângulos de câmera de uma ação determinada do jogo.

O centro de produção do IBC foi o núcleo neurálgico da operação da FIFA TV no Brasil durante a Copa do Mundo © Foto: Fernando Moura

Mariage disse à Revista da SET que os MRLs (emissoras com direitos para a utilização do C-Cast) tiveram acesso a uma produção dedicada de conteúdo (back-end) e as interfaces de usuário final (front-end).

“Basicamente montamos toda a estrutura de gravação de Janeiro e processamento de imagens para poder transportar até o FIFA Max Center todos os feeds que foram enviados as diferentes empresas que adquiriram os direitos de transmissão do C-Cast”, afirmou Benjamin Mariage de EVS

O conteúdo back-end contou com os seguintes serviços: Matchcast multimídia ao vivo; Feed dedicado móvel/ multimídia; Vídeo On-Demand (VoD) adicional; conteúdo multi-ângulo; conteúdo de clip In-Match; multimídia e mensagens de texto (MMS e SMS); acesso interativo de dados e visualização de dados. De todos, Mariage destacou o Machcast multimídia, uma combinação da cobertura principal do jogo produzido e emitido para a TV com dados embebidos entregues através de um “stream” ao vivo ou um arquivo para um serviço especial.
Os usuários tiveram a hipótese de escolher entre seis ângulos de câmera durante a transmissão ao vivo e até 24 por jogo “On-demand”. Os seis feeds incluíram um com a cobertura principal do jogo, dois feeds de jogadores (um por time), dois feeds de cada time (um por time), e um feed para explicar a táctica utilizada pelos times durante o jogo.
Mariage disse que durante os 64 jogos da última Copa do Mundo foram realizadas 3.900 horas de processamento de vídeo, (61.25 horas por jogo) “entregando uma excepcional cobertura e a atualização ao vivo aos espectadores como nunca antes tinha sido realizada”. Os seis feeds ao vivo foram transmitidos dos estádios – 12 sedes – via streaming a 10 Mdps mediante o serviço C-Cast e foram gravados em servidores EVS XT3 instalados no International Broadcast Center (IBC) na Central de Produção da FIFA (HBS) montada no RioCentro, Rio de Janeiro, onde pela sua vez foram processados automaticamente pelos codificadores de contribuição EVS C-Cast Agent.

Os seis feeds ao vivo transmitidos pelo serviço C-Cast foram gravados em servidores EVS XT3 instalados no IBC do Rio “Basicamente montamos toda a estrutura de gravação de Janeiro

Conteúdo Multi-ângulo
Foram enviados feeds com os momentos mais importantes de cada jogo, os melhores ângulos, assim como as ações que não foram incluídas na transmissão principal por falta de tempo, explica Mariage. Uma vez aprovados e selecionados os clipes se transferiram como clipes multi-ângulo a 10 Mbps para o centro de armazenamento dedicado de mídia FIFA MAX e desde ali foram enviados mediante fibra, e através da solução de Aspera desde o Rio de Janeiro até a estação de armazenamento Amazon S3 instalada em Dublin, na Irlanda, onde foi implementada a produção EVS C-Cast. Tudo isso sem que os usuários finais tivessem uma grande latência ao receber o vídeo via streaming nos seus dispositivos móveis e onde foram capazes de selecionar um dos seis feeds emitidos simultaneamente. Para o executivo da EVS, esta foi uma das maiores revoluções das transmissões esportivas de sempre, porque “aproveitamos o que se produz no estádio e brindamos em tempo real um material ao qual o usuário nunca antes havia tido acesso, material exclusivo e diferenciado”.