IMF – InteroperableMaster FormatFonte

Neste artigo o autor explica as principais funções do formato e como ele pode ser aproveitado na dublagem de conteúdos audiovisuais

por Sergio Eduardo Di Santoro Bruzetti

Imagine que a sua produção audiovisual foi vendida para exibição no cinema, televisão, numa companhia aérea ou para uma plataforma de OTT, e também, com alguma sorte, pois já que o conteúdo é de grande interesse, exportada para um sistema de exibição de outro país. Qual seria a próxima tarefa? Com absoluta certeza, será a necessário adequar o seu formato mestre para todas estas plataformas. Ou seja, para cada situação, seria necessária a adequação deste arquivo para as diferentes características de codecs, resolução, legendas, dublagem, frame rates, etc.
E se houvesse um sistema que permitisse manter o conteúdo original e fosse acrescido de complementos que se adequassem de forma automática às características de seu destino de exibição?
Bem, já há uma iniciativa neste sentido, desde 2008, que é o IMF – Interoperable Master Format, ou em tradução livre, o Formato Mestre Interoperável. O IMF é uma evolução da arquitetura DCP – Digital Ci-nema Package, que fornece uma completa unidade de intercâmbio de arquivos ao canal de distribuição. Ou seja, é uma preocupação da indústria cinematográfica, que visa a economia de sua distribuição, e que, passou a ser também das empresas de produção voltadas e envolvidas com o fluxo de trabalho do audiovisual.

Principais premissas do IMF
1 – Tem que ser um formato master de arquivo único e intercambiável
2 – Deve minimizar o tamanho do armazenamento, pelo uso de um nível de compressão mezanino, e armazenar somente as diferenças entre arquivo original e o arquivo de versão. Adicionalmente, o manuseio do versionamento deve ser flexível.
O IMF não é feito de um único arquivo. É um padrão que especifica componentes individuais que juntos criam um pacote IMF completo, com a seguinte estrutura:
• Essência envolta em Arquivos de Trilhas
– Essência (Vídeo & áudio)
– Essência de Dados (Legendas & Closed Captioning)
– Metadado dinâmico (Metadado que muda através do tempo)
• Composições e Listas de Reprodução de Composição (Composition Play Lists – CPL) (Atua como uma lista de reprodução do conteúdo como um Edit Decision List – EDL faria)
– Cria o versionamento
– Hierarquia flexível para combinar e sincronizar os Arquivos Trilhas
• Listas de Perfil de Saída (Output Profile Lists) (parâmetros de saída global, que contém instruções para uma transcodificação futura)
– Parâmetros de transcodificação
• Pacotes (Lista de pacote para o inventário de pacotes de conteúdo)
• Segurança

Pacote Master Interoperável (Interoperable Master Package – IMP)

Versionamento
Uma das vantagens do IMF é a habilidade de gerenciar o versionamento e pacotes suplementares, especialmente se eles não são masterizados ao mesmo tempo que a versão original.
Como um Interoperable Master Package contém múltiplos CPLs (versão original e versões de diferentes línguas), ou uma única versão do CPL, contendo somente o que é diferente e referindo-se a outro IMP incluso na versão original.
Digamos que temos um audiovisual em português como se pode ver abaixo.
Se tivermos que acrescentar uma dublagem em espanhol, basta acrescentar as diferenças (em laranja) ao IMP Português.

Exemplo de versionamento – Português

Exemplo de versionamento – Dublagem Espanhol

 

*ACES – The Academy Color Encoding System
Aplicações IMF atualmente padronizadas pelo SMPTE

O IMF foi uma criação da Hollywood Professional Association, inicialmente como um grupo cujo trabalho foi normalizado através da SMPTE – Society of Motion Picture & Television Engineers, conforme a estrutura acima.

Conclusão
A padronização proposta pelo SMPTE (SMPTE ST 2067) é de um sistema modular, baseada numa Estrutura Central, fixando as restrições de encapsulamento e os parâmetros gerais, nas quais diferentes aplicações permitem que funcionalidades específicas possam ser utilizadas.
Em resumo, o IMF permite que se tenha um arquivo master final de alta qualidade, com seus diferentes cortes/versões, incluindo todas as versões de linguagens, com aplicação business to business, de maneira a simplificar a troca de conteúdo entre produtores e exibidores.

Referências
http://www.imfforum.com/IMF_Forum/index.html
https://www.smpte.org/PDA_On-demand/IMF
https://www.smpte.org/news-events/news-releases/smpte-and-dpp-partner-develop-imf-specification-broadcast-and-online

Sergio Eduardo Di Santoro Bruzetti Sergio Eduardo Di Santoro Bruzetti
Sergio Eduardo Di Santoro Bruzetti é engenheiro graduado em Engenharia Elétrica e Pós-Graduado em Administração Contábil e Financeira, atua no mercado de radiodifusão desde 1977, com passagens por vários cargos nas áreas de engenharia da TV Gazeta de SP, SBT e CNT. Atualmente na RecordTV, coordenou a implantação dos sistemas de transmissão digitais terrestres de suas principais emissoras e atualmente coordena a transmissão de eventos esportivos internacionais como Olimpíadas de Londres 2012, Jogos de Inverno de Sochi 2014, Jogos Pan-americanos de Toronto 2015 e Olímpiadas do Rio 2016. É membro do Módulo de Mercado do Fórum Brasileiro de TV Digital Terrestre – SBTVD e vice-diretor de TV Aberta da Sociedade de Engenharia de Televisão – SET. Contato: [email protected]