TV Everywhere, uma tendência inevitável

Mercado de mídia discute os rumos do consumo de vídeo em qualquer lugar e a qualquer hora

O avanço da internet, dos processos digitais e dos dispositivos smart tem provocado uma transição do modelo tradicional de TV para o streaming de vídeo. Para as empresas de mídia, a palavra de ordem é TV Everywhere – a oferta de conteúdo em diferentes plataformas, para possibilitar consumo em qualquer lugar e a qualquer hora. O cenário de mudanças foi debatido em painel da SET EXPO 2018 coordenado por Gilvani Moletta, diretor de Tecnologia da TV Cultura (SP).

“Vivemos num mundo pós-texto”, apontou Everton Alves, diretor comercial da Samba Tech, provedora de soluções para distribuição e venda de vídeos on-line. “Pesquisas mostram que, em breve, 80% do tráfego de dados na internet serão de vídeo. Em 2020, haverá no mundo 7 bilhões de dispositivos móveis recebendo transmissões audiovisuais”.

O maior consumo de conteúdo por vias digitais é impulsionado pelas plataformas de vídeo sob demanda (VoD) e vídeo over-the-top (OTT) – em especial aquelas de empresas emergentes. Players tradicionais se movimentam para não ficar para trás. “A fragmentação da audiência deve ser encarada como uma oportunidade pelas grandes emissoras”, afirmou Fernando Carlos Moura, editor chefe da Revista SET. “Elas têm mais condições de produzir conteúdo de qualidade, que para o público importa mais do que o meio”.

Moura destacou o lançamento, feito no dia anterior (28/08) pelo Grupo Globo, de uma nova versão do Globo Play. O aplicativo multiplataformas passa a integrar broadcast e broadband, avançando para um formato de HybridCast. “O programa buscará fornecer a melhor experiência em cada tipo de dispositivo. É a tecnologia facilitando a vida do usuário”.

De acordo com Bruno Magalhães, diretor de negócios e desenvolvimento da ATEME, fabricante francesa de equipamentos de codificação e decodificação, o setor tem ao alcance soluções cada vez mais sofisticadas para plataformas digitais de vídeo. “A tecnologia também tende a ajudar cada vez mais a monetização de VoD e OTT”, afirmou o profissional. Segundo ele, a ATENE participa de uma aliança em torno do AV1, novo codec de vídeo para internet. Google, Facebook e Netflix, entre outros players, integrariam a iniciativa. Por ser open standard, o recurso dispensa o pagamento de royalties, diferentemente do HEVC (H.265).

A personalização, já utilizada pelos serviços de VoD na oferta de conteúdo, deverá impactar a publicidade nas novas plataformas. “Tenho filhos já adultos. Um anúncio sobre fraldas não faz sentido para mim”, exemplificou Jossi Fresco Benaim, diretor da Verizon Digital Media Services para a América Latina. “O melhor atendimento do consumidor ocorrerá num pacote como um todo”.