Congresso termina com linda homenagem aos pioneiros da TV

65 anos da TV brasileira

Congresso termina com linda homenagem aos pioneiros da TV

Profissionais de engenharia, de produção e de criação, que fizeram a história da TV brasileira, participaram de painéis emocionantes, organizados por Fernando Gueiros, e receberam prêmio Vida Alves por suas carreiras. Na foto, da esq. para a dir., Cláudio Donato, Roberto Salvi, Herbert Fiúza, Francisco Cavalcante, Vida Alves, Nilton Travesso e Olímpio José Franco.  

Por Equipe da Revista da SET

Vida Alves e Nilton Travesso participam de Hot Session e recebem prêmio surpresa no Congresso da SET 2015

Os dois pioneiros da TV brasileira falaram da carreira e da trajetória de quem viveu a televisão desde o início. Eles deram detalhes que ilustram um pouco desta história. Ao final da sessão, os palestrantes foram surpreendidos com o anúncio do Prêmio Vida Alves, idealizado por Fernando Gueiros e entregue pelo presidente da SET, Olímpio José Franco.

Foto: Equipe Foto Andres

Foto: Equipe Foto Andres

A sessão Os pioneiros: como foi a descoberta e a invenção do jeito brasileiro de fazer TV contou com os depoimentos emocionados de Vida Alves e Nilton Travesso e integrou a Hot Session 65 anos: TV no ar no Brasil, que ocorreu na manhã do desta quinta-feira (27), no Congresso SET 2015.

Os palestrantes contaram momentos de suas trajetórias de vida e, ao mesmo tempo, rememoraram histórias de emissoras e personagens que construíram os 65 anos da televisão no país. Travesso é um dos mais importantes diretores artísticos da televisão nacional e trabalhou nas principais emissoras do país. Começou como diretor de telenovelas na TV Record, em 1953, ou como eles preferem chamar, “grandes teatros”. Assim como Travesso, Vida Alves é uma das pioneiras da TV no país. Ela protagonizou o primeiro beijo na telinha, ao vivo, em par romântico com o ator Walter Forster, na novela “Sua Vida Me Pertence” (1951).

Sobre o primeiro beijo da história da televisão brasileira, Vida exclamou: “Foi beijo técnico sim! O Walter queria fazer novela, mas, havia um estúdio só na TV Tupi para isso. Ele negociou com um diretor à época. Só que esse diretor negou mais estúdios para nós. Então, ele disse para o diretor: ‘eu continuo com um estúdio só, mas, você vai liberar um beijo para chamar a atenção’. O diretor da época relutou. No fim, fizemos. Ele [Foster] disse que me escolheu porque eu era esposa de um italiano e, na Itália, havia beijo técnico nas TVs”.

A atriz contou, ainda, que os beijos eram reais: “Nós não púnhamos a mão, como nos beijos italianos. A boca era fechadinha. Não tinha aquela engolição que tem hoje. Uma vez, um rapazinho, em uma faculdade, me perguntou: ‘quantos beijos você deu na sua carreira?’ Eu respondi: ‘acho que menos do que você deu ontem a noite’”, e divertiu o público.

“Nós éramos jovens sem juízo”, lembrou Vida Alves. “Quando eu estava na faculdade, era atriz, redatora e estudante. Quando chegou o video tape, veio um galã do Rio [de Janeiro] para contracenar comigo. Ele queria ficar repetindo as tomadas. Na terceira ou quarta vez, me enchi daquilo e falei ‘essa é a última’. A gente decorava mais de 400 deixas para ficar no ar por uma hora”.

“Em uma hora, é muito difícil resumir toda uma vida de trabalho na televisão. Mas, momentos como esse que a SET está proporcionando, são muito importantes. A história é muito grande, e é apaixonante”, finalizou Travesso.

Em 27 de setembro de 1953, a terceira televisão do Brasil é fundada, a TV Record. Nilton Travesso disse que “quando o Paulo Machado de Carvalho resolveu montar a televisão, ele deu um curso para quarenta e oito alunos. Desses quarenta e oito, dezesseis foram contratados para TV Record, que se inaugurava. Eu fui um deles”.

O diretor de TV afirmou que “a TV nessa época não tinha forma. Mas, ela tinha emoção. Quando a Record começou, nós conseguimos trazer a cultura de dramaturgia do teatro. Daí vieram Cassilda Becker, Cleide Yáconis. Tivemos grandes mestres, que vieram de fora. Uma grande atriz precisa de 50% de amor e 50% de disciplina. Você fazer um grande teatro, ao vivo, como nós fazíamos, era um desafio enorme. Enquanto um ator interpretava, em plano fechado, ele estava trocando de saia, de calça. O planejamento tinha que ser incrível”.

Equipe Revista da SET/ProEx Unesp: Fernando Moura e Gabriel Cortez, em São Paulo

Mais sobre o SET EXPO no blog da Revista da SET: http://revistadaset.com/2015/08/27/o-meu-primeiro-beijo/