Áudio imersivo irá melhorar as experiências

O áudio imersivo, ou 3D, promete mudar a forma como nos relacionamos com produtos audiovisuais. “Será um novo marco para as experiências de consumo, nos moldes do que representou a difusão do som estéreo nos anos 80”, aposta Rodrigo Meirelles, supervisor executivo de áudio da TV Globo. O profissional comandou um painel sobre o tema na SET EXPO 2018.

Televisores, aparelhos de som, computadores, smartphones e videogames já são ou logo serão compatíveis com a tecnologia. No lado da produção e distribuição, os avanços não param. A Coreia do Sul já conta com um serviço de transmissão UHDTV com som baseado no MPEG-H TV. Trata-se de um codec de áudio de última geração, criado para unificar todas as compressões de áudio para vídeo digital e streaming, permitindo transmissão de até 32 elementos sonoros. A iniciativa sul-coreana, pioneira no mundo, está no ar há mais de um ano.

Stefan Meltzer, da área de desenvolvimento de negócios da Fraunhofer IIS, falou de testes de broadcasting com MPEG-H bem-sucedidos na Europa, como em transmissões de partidas da recente Copa do Mundo na Rússia. “O recurso possibilita novos níveis de interatividade, imersão no conteúdo e personalização, enriquecendo experiências em todos os dispositivos”, comentou. Diversos fabricantes de equipamentos de produção e eletroeletrônicos apoiam a difusão do padrão.

“Numa partida de futebol, o espectador poderá trocar narradores e comentaristas, ouvir conversas entre personagens do jogo e até sentir que está na arquibancada”, prevê Giovanni Asselta, engenheiro de soluções da Dolby Laboratories para a América Latina. A empresa americana quer disseminar a Dolby Atmos, tecnologia de som surround alinhada ao propósito imersivo, nas plataformas de TV aberta, TV por assinatura, VoD e OTT. A solução já é utilizada em transmissões UHD do campeonato inglês de futebol (Premier League) e vem sendo testada por diversas emissoras no mundo, em diferentes produtos.

No Brasil, a TV Globo já fez experimentos com Dolby Atmos em eventos esportivos, concertos musicais, cobertura do Carnaval e novelas. A animação nacional Super Drags, recém-lançada na Netflix, foi mixada com a tecnologia, permitindo audição de detalhes tridimensionais. Asselta falou também do Dolby AC-4, novo formato de decodificação da Dolby com atributos similares ao do MPEG-H. “Ele permite a mixagem de nível de diálogos, o que é útil para deficientes auditivos, além da seleção de idiomas e diversas possibilidades para agregar valor ao conteúdo”, explicou o executivo.

Por fim, a sessão forneceu exemplos de fluxo de trabalho para pós-produção com áudio imersivo. “O desafio é monitoração, como controlar as diferentes fontes”, comentou Eduardo Andrade, diretor comercial e especialista de solução de áudio no Brasil da americana Avid Technology, nome de peso em sistemas de edição de imagem e som. Andrade deu detalhes da integração do áudio 3D ao Pro Tools – estação de trabalho de áudio digital (DAW) oferecida pela Avid.