SET Nordeste analisa aspectos regulatórios da TV terrestre até o satélite

O primeiro painel do SET Nordeste abordou um tema atual na radiodifusão brasileira: a migração da TVRO (migração das parabólicas) e o Programa Digitaliza Brasil que esta interiorizando a TV Digital no Brasil.

O painel foi moderado por Francisco Peres, Coordenador do GT de Compartilhamento de Infraestrutura da SET/Globo, que esteve acompanhado por Esdras Miranda, Diretor de Tecnologia e Operações do Sistema Jangadeiro de Comunicação; Gunnar Bedicks, CTO da Seja Digital; Sérgio Martines, Diretor Executivo – SM Facilities; Alexandre Vila, Gerente de transmissão, Grupo Bandeirantes de Comunicação; Paulo Eduardo dos Reis Cardoso – Coordenador de Sistemas e Modelos de Gestão da Radiodifusão Anatel; Patricia Abreu, Diretora de Comunicação, Siga Antenado- EAF; e Thiago Aguiar Soares, Coordenador-Geral de Inovação, Regulamentação e Sistemas – Secretaria de Radiodifusão, Ministério das Comunicações.

O painel começou com Gunnar Bedicks que explicou os principais passos do Programa Digitaliza Brasil e disse que hoje mais de 1400 municípios já aderiram ao programa, e que foram entregues mais de 400 sites a prefeituras no Brasil. Ele comentou que o projeto avança e “todo o mundo está envolvido e trabalhando para cumprir os prazos estabelecidos”.

Bedicks disse que no Ceará o processo tem avançado bem e hoje está sendo realizada a entrega aos municípios da região. “No país, posso afirmar que hoje chegamos a mais de 32% do projeto finalizado”. Ainda, disse que o projeto foi apoiado pela SET e que ela foi fundamental no início do projeto para viabilizar os locais onde as estações seriam instaladas.

 

Finalmente disse que, uma vez entregue, o desafiopassa por manter a operação e deter-se a verificar as estações, e para isso “dependemos das prefeituras e ads emissoras para que as estações se mantenham ligadas, estejam refrigeradas, os no-breaks ativos”, entre outros temas como o “cercamento da estação, das quais menos do 50% tem a cerca feita pelas Prefeituras”.

Thiago Aguiar Soares disse que o objetivo principal é “concluir o desligamento analógico da TV e ampliar a capacidade ociosa, além de ter de simplificar a consignação de canais. Historicamente tínhamos de fazer caso a caso. O Programa se baseou basicamente em duas etapas, que é a qualificação das prefeituras e a Anatel e Ministério qualificando as entidades”.

Soares disse que no nordeste tivemos 1272 designações de novos canais, mais 572 novas emissoras para disponibilizar a TV Brasil, além de 471 sinais de RF.

A seguir, Paulo Eduardo dos Reis Cardoso explicou o que foi realizado pela Anatel para viabilizar a interiorização da TV Digital e explicou a capacidade ociosa. “Hoje temos 4735 canais em 1638 municípios, dos quais386 ainda estão vagos e 412 foram consignados”. Nesse sentido, disse que a Anatel se surpreendeu com alguns estados onde foi difícil incluir canais, e em outros onde ainda temos capacidade ociosa e é possível colocar mais canais.

Esdras Miranda disse que “o radiodifusorestá preocupado com a manutenção, como vamos conseguir controlar, manter e cuidar desse condomínio. Ainda nos preocupamos com a segurança dos sites porque temos muito vandalismo na nossa região”.

Sérgio Martines explicou o modelo técnico dos sites e disse que a manutenção das estações do Projeto Digitaliza Brasil precisa ser entendida como um conjunto que ações de estratégias das redes de TV em cada uma das cidades. “Algumas redes declinaram do Programa ou deixarão de instalar os receptores com uma grande preocupação quando o custo de manutenção e possíveis abandonos podem acontecer. E ainda há outras redes que já estão se mobilizando inclusive para investimentos com capacidade ociosa, além de redes que estão investindo em expansão mesmo em cidades fora do Programa”, ou seja, um cenário diferente com muitos elementos em comum e alguns componentes individuais nas estações, e que a falta de manutenção tende a causar apagões. Por conta disso, na SM Facilities pensamos em um coletivo de emissoras pode viabilizar a manutenção de forma viável, já que a participação de todos diminuiria o custo individual. Para isso, disse, que a ideia é “otimizar custos, pensando em modelos de rateio, com bases que ofereçam o melhor resultado financeiro e técnico para aquela operação com uma rede de contatos locais”.

Em termo de migração de banda C para banda Ku, a conhecida TVRO, Patricia Abreu, Diretora de Comunicação da Siga Antenado- EAF explicou o processo de migração das parabólicas. “Temos quatro grandes projetos, a desocupação e mitigação das 15 mil estações FSS; a instalação de 10,5 milhões de kits com a nova parabólica digital; uma rede privativa do governo e a implantação de 6 infovias com 10 mil Km na região amazônica que conta com R$ 6,3 bilhões em investimentos e R$ 250 bilhões de impacto na produtividade da economia brasileira até 2035”.

Patrícia disse, ainda, que na primeira fase já foram desocupadas 199 estações FSS, 1995 estações foram mitigadas e mais de 2500 filtros foram instalados nas antenas profissionais.  E que até 1 de janeiro de 2023 mais de 31 milhões de habitantes serão cobertos pelo programa, ou seja, mais de 454 cidades nos quais serão instalados mais de 506 mil kits. “A campanha deve ser iniciada em novembro próximo”.

Alexandre Vila, Gerente de transmissão do Grupo Bandeirantes de Comunicação, disse que “começou o processo de mitigação com o cadastro da Band com muita orientação da cabeça de rede, norteando o que fazer. A segunda parte estava relacionadaà chegada do 5G. Sabíamos que ia ter interferência, por isso, alguns uplinks foram mudando de faixa para mitigar a interferência”.

Vila falou do diagrama de regionalização, já que há sinais “não regionalizados que são recebidos em todos os tipos de receptores”, tendo claro que “a mitigação em banda Ku tem benefícios, e a facilidade de instalação é enorme, saindo de antes de até dois metros, para antenas de 60 centímetros permitindo com a criptografia ter a possibilidade de regionalização do sinal”.

Consideramos, disse, “o sinal da banda ku como complementar da banda terrestre. Hoje está funcionando e temos como desafio permitir a regionalização do SATHDR com 5 sinais que nos permitem chegar a todo o país de forma regional”.

Finalmente, Esdras Miranda disse que antes da ativação do 5G “passamos bem com os filtros. Sem eles teríamos saído do ar. No Sistema Jangadeiro implementamos 11 kits de antenas. A migração foi tranqüila pelo apoio da cabeça de rede e a AEF”. Ainda, disse, sabemos “que no interior do estado a força tarefa será maior!”.

No fim, Thiago Aguiar Soaresanalisou a Migração da Banda C para a Banda Ku e disse que uns dos desafios é definir se há que regulamentar ou não, e como “definir os novos entrantes” para dessa forma o serviço evoluir.Paulo Eduardo dos Reis Cardosofinalizou o painel dizendo que 119 entidade se cadastraram, mas que ainda há espaço, por isso, disse que ainda não há respostas para todos os pontos da mudança e que um cenário novo se abre para a radiodifusão brasileira.

Por Fernando Moura, em São Paulo