SET eXPerience Academy gera reflexões sobre a sociedade contemporânea

A trilha de Criação & Produção do SET eXPerience Academy foi criada para mostrar como foi o processo de adequação das emissoras e dos profissionais às novas exigências e debater as perspectivas para o futuro.

Os curadores da trilha são Raimundo Lima, diretor de Tecnologia e Operações do SBT, e Mauro Garcia (foto), presidente Executivo da Brasil Audiovisual Independente (BRAVI). Ambos concederam entrevista à SET sobre a trilha.

Semana passada, Lima concedeu entrevista para falar sobre a trilha. Desta vez, Garcia apresenta seu ponto de vista sobre a relevância deste tema para o setor de tecnologia e negócios de mídia e entretenimento para a sociedade.

SET: Como foi a elaboração desta trilha? Quais os objetivos pretendidos com os temas abordados?

Mauro Garcia: Eu e o Raimundo trabalhamos juntos na TV Cultura e já vínhamos ensaiando ter uma trilha no Congresso do SET EXPO, como temos agora no SET eXPerience, que aproximasse criação e produção, tecnologia e conteúdo.

Esse ano, como não temos a limitação física de espaços, na reunião de diretoria foram apresentadas ideias de algumas trilhas e, dessa vez, houve a oportunidade de trabalhar essa questão da aproximação entre tecnologia, produção e criação de conteúdo.

Por exemplo, a câmera utilizada para cinema, para televisão e seriados é a mesma. São todas digitais. Hoje em dia, quando você assiste a uma série de televisão, você está assistindo ao cinema e vice-versa. Esse é um exemplo de como a tecnologia mudou nossa percepção como produtor e telespectador. Hoje não existe uma barreira entre uma produção e outra.

Com isso em mente, eu e o Raimundo pensamos em abordar na trilha como utilizar a tecnologia a favor da criação, pois os produtores precisam conhecer as tecnologias para saber o que pedir.

Esse é o objetivo desta trilha de Criação & Produção: mostrar a aproximação entre  tecnologia, produção e criação.

SET: Alguns dos episódios da trilha abordam protocolos de higiene e assédio no setor audiovisual. Como tornar o ambiente de trabalho desse setor mais seguro, tanto em termos de saúde, quanto em termos de respeito para todos?

MG: Um ambiente de trabalho seguro, acolhedor e diverso é fundamental para o sucesso de qualquer tipo de negócio, e no audiovisual não é diferente.

A Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) lançou recentemente a plataforma RAIO (Rede Audiovisual de Inclusão Orquestrada) com o objetivo de aproximar empresas e profissionais negros, promovendo assim a diversidade no setor audiovisual.

Esse é um exemplo de questão contemporânea que veio para ficar e que vai agregar valor ao conhecimento de tecnologia e ambiente de trabalho.

SET: Qual o impacto da pandemia na criação e produção de conteúdo? Houve mais avanços ou retrocessos devido aos desafios impostos por ela?

MG: A pandemia trouxe um olhar sobre nós mesmos, um olhar mais humano sobre nossas práticas. Ficou evidente a questão da vida.

O setor foi prejudicado, pois houve interrupção das filmagens no mundo todo. Essa interrupção traz problemas, mas também traz oportunidades. Houve um consumo maior de reprises, refletindo no aumento de assinaturas de TV a cabo, pois a TV, mais uma vez, se mostrou um meio muito relevante e importante de comunicação.

Aos poucos as filmagens estão sendo retomadas, porém, elas não serão no mesmo ritmo pré-pandemia, pois vivemos uma segunda onda da doença. Isso impactou diretamente as narrativas. Roteiros tiveram que ser modificados por conta da pandemia. Não teremos mais ambientes de aglomerações e de multidões. Cenas românticas também estão sendo evitadas.

Portanto, algumas histórias levaram mais algum tempo para saírem do papel.

SET: Como os hábitos de consumo da população tem influenciado a criação e produção de conteúdo por parte das emissoras e serviços de streaming?

MG: A grande mudança no consumo audiovisual é o poder que o espectador possui atualmente. A tecnologia móvel de internet e a portabilidade são dois pontos-chave para entender essa mudança, pois revolucionaram a questão da demanda.

Com o poder de escolha potencializado, o espectador quer assistir do jeito que ele quiser. Isso significa tanto conteúdos sob demanda, quanto conteúdos de curadoria de alguém e de forma linear.

Prova disso, é o fato da Netflix ter lançado um canal linear na França, pois constatou que a TV tradicional ainda era preferência entre as pessoas.

Com a pandemia, o consumo audiovisual se tornou uma questão humanitária, além de reviver o hábito de assistir conteúdos em conjunto, em família.

Esse momento que vivemos trouxe muitas questões que haviam sido deixadas de lado e que agora tem gerado reflexões.

SET: Por que as pessoas devem assistir aos vídeos desta trilha?

MG: Porque vamos tratar temas contemporâneos que vão muito além das questões do audiovisual, da tecnologia e de criação e produção.

Vamos falar sobre segurança no ambiente de trabalho, vamos falar de questões sociais. Esses vídeos serão úteis para reflexões da sociedade contemporânea e apontam para um futuro não tão distante, um futuro do presente.

Várias questões que vieram para ficar serão serão abordados nos vídeos da trilha de Criação & Produção e do SET eXPerience de modo geral.