Hugo Nascimento

Entrevista: Hugo Nascimento destaca o GT de Indústria 4.0 como polo de debate para consolidação de novas tecnologias

Hugo Nascimento

Hugo Nascimento, CTO da AD Digital e coordenador do Grupo de Trabalho de Indústria 4.0 da SET

Hugo Nascimento, CTO da AD Digital, é o coordenador do Grupo de Trabalho de Indústria 4.0, que tem como um dos principais objetivos aprofundar e disseminar o conhecimento atual sobre a evolução tecnológica a partir do estudo dos novos desenvolvimentos, padrões e alianças que estão sendo aplicados para a automação de processos e melhoria na eficiência da produção e da distribuição de conteúdo.

Acredito que o grupo de trabalho contribui para levar as discussões para o seu público de interesse e traz temas que nem sempre possuem uma resposta rápida ou simples.  Isso permite que esses temas possam ser discutidos por diversos ângulos. A convergência de opiniões enriquece nossa visão sobre como podemos eventualmente resolver determinadas questões. A diversidade de opiniões e de engajamento é sempre relevante”, avalia Nascimento nesta entrevista:

SET – Como você avalia o engajamento dos profissionais e empresas nas discussões sobre a evolução da indústria? O conceito de 4.0 já é uma realidade?

Hugo Nascimento – Entendo que o tema é bastante amplo e envolve diversos fatores que podem ser muito complexos, principalmente para um mercado em transformação que ao mesmo tempo vem sendo brutalmente forçado a mudar em razão de novos entrantes nativamente adaptados para as demandas e processos. Neste cenário, temos empresas com maior e menor dificuldade em se adaptar, seja na forma como trabalha e produz seu produto/conteúdo, seja na forma como o entrega ao consumidor final. O conceito de Indústria 4.0 com todas as suas vantagens de automatizar e acelerar os processos de criação e entrega, definitivamente é uma realidade, porém está muito mais maduro em mercados como Europa e EUA. No Brasil, existem iniciativas mais modestas e encontramos raros casos de sucesso ainda. Mas temos tudo para entrar na rota de maturidade de mercado e de profissionais para acelerar as adoções que trazem os benefícios desta migração.

SET – A respeito das novas tecnologias, quais efetivamente têm se mostrado mais relevantes e merecem ser ressaltadas?  

HN – A Inteligência Artificial com todas as suas sub-aplicações merece uma grande atenção sem dúvida. É uma tecnologia  que vem apresentado crescimento em número de empresas e profissionais capacitados e sua aplicação traz benefícios em qualquer área que tenha o desejo de se beneficiar do uso de volumes enormes de dados para auxiliar na tomada de decisão. O Blockchain, por sua vez, não tem se mantido como um assunto em pauta, também pode trazer grandes benefícios para atender a demanda de validação de conteúdos em tempos onde se combate fake news com ferramentas tão pouco eficazes. 

SET – Quais os fatores que impactam na adoção dessas tecnologias?

HN – Na realidade brasileira, dois fatores são bem marcantes: o primeiro é a disponibilidade de profissionais experientes e com conhecimentos para liderar a implantação de projetos que tragam resultados, considerando que, para as empresas, a adoção imediata de uma tecnologia deve ter resultados rápidos. O segundo, trata de investimentos. O investimento a longo prazo, em áreas que exigem injeção de recursos e que nem sempre trazem algum resultado, não é algo que vemos acontecendo em muitas empresas que não estejam dentro do círculos das tech companies.

SET – Como a pandemia impactou o desenvolvimento da Indústria 4.0?

HN:  A pandemia impactou de forma positiva em diversos aspectos a Indústria 4.0 que, preparada ou não, teve de se adaptar às necessidades de continuar entregando seus produtos, sem o uso do ambiente físico habitual. A adoção de novas tecnologias para viabilizar a continuidade do negócio foi acelerada e projetos, que antes levavam muito tempo para amadurecer nas empresas, acabaram se tornando realidade em poucas semanas. As empresas e fornecedores que realmente vivenciavam os mais diversos níveis de uso da Indústria 4.0 ficaram com uma vantagem que irá, naturalmente, se nivelar ao longo do tempo. Nos resta saber quais empresas de fato poderão sobreviver ao longo deste tempo e ao mesmo tempo se reinventar para continuarem relevantes para o seu público.

SET – Você acredita que o GT é uma iniciativa que consegue influenciar o mercado? De que forma?

HN – Acredito que o grupo de trabalho contribui para levar as discussões para o seu público de interesse e traz temas que nem sempre possuem uma resposta rápida ou simples.  Isso permite que esses temas possam ser discutidos por diversos ângulos. A convergência de opiniões enriquece nossa visão sobre como podemos eventualmente resolver determinadas questões. A diversidade de opiniões e de engajamento é sempre relevante.

SET – Quantos profissionais estão engajados no GT neste momento? Há espaço para novos interessados?

HN – Sempre há espaço para contribuir em nosso grupo. Atualmente somos em torno de 30 profissionais e temos espaço para ouvir e receber contribuição de muitos mais em nosso mercado tão rico em bons profissionais.

SET – Quais os próximos passos do GT?

HN – Temos encontros, workshops e até uma publicação ainda este ano para nossos participantes e associados. Estou seguro que podemos realizar muito mais com a entrada de mais contribuidores em nossas discussões.

SET – Pode incluir algum comentário sobre a importância da SET em manter o GT e sobre a importância dos profissionais se reunirem para discutirem esses assuntos?

HN – É de suma importância manter vivas as discussões sobre temas relevantes em nosso mercado. A SET faz isso e mantém em seu ecossistema profissionais de enorme relevância  e com muito a contribuir no desenrolar de temas de interesse do mercado.