Data: 06/05/2020
Moderação: Roberto Franco, Head de Assuntos Institucionais e Regulatórios do SBT
Palestrantes:
Silvio Meira, Professor Extraordinário da CESAR School e Cientista-chefe da The Digital Strategy Company
Lindalia Junqueira, CEO da Ions Innovation e da Hacking.Rio
Roberto Franco, Diretor de Assuntos Institucionais e Regulatórios do SBT
Tecnologia x Hábitos de Consumo: na SET, o impacto das novas tecnologias nos hábitos de consumo e como estes influenciam o sucesso de uma nova tecnologia têm sido objeto de debates há algum tempo.
Tecnologia x Hábitos de Consumo x Covid-19: agora, um terceiro fator está impactando esta relação.
SET Business Webinar: a série visa discutir as consequências da pandemia e analisar as mudanças nos hábitos de consumo e nas tecnologias. Quais mudanças são transitórias? Quais são definitivas?
Silvio Meira, Professor Extraordinário da CESAR School e Cientista-chefe da The Digital Strategy Company
Definição do período de 1.000 dias: é um horizonte de trabalho que compreende um conjunto de três anos (em dias úteis) e é o tempo que qualquer coisa se realiza ou não. Nos 100 dias iniciais, deve-se definir a estratégia e o plano de um projeto qualquer. Os 900 dias restantes são a escalada. Se não é possível organizar uma ideia em 100 dias é porque ela não vai acontecer.
Contexto histórico: os últimos 60 anos (1960-2020, um ciclo de 20 mil dias) são os responsáveis pelo desenvolvimento da informática e da comunicação. Na última década (2000-2010), temos o fenômeno da informatização das pessoas com o surgimento dos smartphones. O resultado foi a informaticidade.
Informaticidade: convergência entre comunicação, controle, informática e consumo ao alcance de um toque e de forma tão simples quanto a eletricidade. Há um fluxo informacional no qual todos estão imersos.
O apocalipse digital: o que aconteceu nos últimos 100 dias? Em apenas um décimo da fase dos 1.000 dias, tivemos um apocalipse digital. De repente, o substrato físico – lojas e escritórios, por exemplo – sumiu. Mesmo empresas e funções digitalizadas foram afetadas. De repente, as pessoas aprenderam a fazer coisas complexas: não há o home office, mas sim o work from home, com todas as responsabilidades.
A gambiarra digital: no momento, a tecnologia ainda está primária e abaixo do exigido. As ferramentas de conferências digitais, por exemplo, são MVPs: produtos viáveis mínimos. O apocalipse digital vai causar uma enorme melhoria nessas plataformas nos próximos 1.000 dias.
Trabalho: distribuído, deslocalizado, dessincronizado, sem controle central, sem hierarquia ou chefe, sem local definido. Trabalho em rede. Os próximos 1000 dias serão de transformação digital e de aceleração na transformação do que resta de analógico.
Para funcionar, o trabalho descentralizado, distribuído e deslocalizado deve unir liberdade com responsabilidade: se alguém te deu algum trabalho, então espera-se o retorno. Buscar desafios claros: trabalhamos porque estamos imbuídos de alguma missão? Precisamos de objetivos e metas bem definidos.
Interdependência
O trabalho depende de flexibilidade e de estratégia: você não vai conseguir fazer tudo sozinho. Temos ilusão de independência e achamos que a dependência ficou para trás. Na verdade, agora somos interdependentes.
Exercício de MVP para quem não pensou em fazer nada nos próximos 100 dias: o que vou tentar fazer ou resolver? Quais são as aspirações e capacidades? Dependem de mudanças comportamentais? Por que se limitar a uma localização? Quanto tempo velhas formas vão resistir?
Conclusão: a revolução digital em andamento, causada pelo apocalipse digital, começou ao mesmo tempo para todo mundo.
Lindalia Junqueira, CEO da Ions Innovation e da Hacking.Rio
A tecnologia e a realidade social
Estamos há 100 anos da Gripe Espanhola e não conseguimos aprender nada. Se eu não conseguir mudar o mundo, de que adianta ter um celular? Temos que trabalhar por um outro tipo de sociedade. Saúde é você ter outro tipo de condição de vida e de habitação.
O papel da startup na sociedade
Para que usamos a tecnologia? As startups achavam que iam mudar o mundo, mas sem entender o contexto ao qual se inserem, estão fadadas a morrer. Algumas startups estão sofrendo por não terem se preparado e outras estão superando o momento. Outras estão se unindo.
Liderança
O papel do líder é servir e ouvir mais. Nós temos que entender que uma empresa é um organismo dentro do sistema que precisamos cuidar coletivamente. A empresa tem que pensar em qual ecossistema está inserida.
Educação
O importante é mudar nossa forma de pensar em educação. Uma plataforma de EAD não adianta mais. Os mecanismos, dinâmicas e aprendizados devem ser mudados. É o aprender fazendo, interagindo e desenvolvendo soluções para problemas diários.
A penta hélice (governos, empreendedores, empresas, academia e investidores) deve trabalhar em conjunto e na mesma direção. O esforço individual será em vão. Nossa missão é conectar essas hélices: facilitar, mediar e promover o diálogo. Chegou o momento do coletivo que não dependa só da gestão pública, mas de todos.