Sistema Brasileiro de TV Digital é o melhor do mundo

No Congresso SET de 2007, poucos meses antes de irem ao ar os sinais de TV digital no Brasil, havia um clima de apreensão em relação ao desempenho das transmissões e principalmente no que se refere a arquitetura dos recursos de interatividade. As emissoras desenvolviam novos workflows para padronizar e agilizar a produção de conteúdo em alta definição e preparavam-se para começar a transmitir no novo sistema.

Dois anos depois, é notória a satisfação dos produtores de conteúdo, técnicos e desenvolvedores do sistema, e esse otimismo é exemplificado nos painéis de engenheiros norte-americanos, quando deixaram claro, que o sistema brasileiro de TV digital é o melhor do mundo, em termos de codificação e em relação às possibilidades de negócios que pode gerar.

Os painéis apresentados no Congresso foram focados em assuntos ligados a transmissão, produção, armazenamento e gerência de conteúdos digitais, novos workflows para jornalismo e entretenimento, TV digital, cinema digital, Rádio digital, gerenciamento e sistemas de TI, aplicações interativas, broadband, codificação e transmissão.

Em painéis específicos, fabricantes de equipamentos, distribuidores, exibidores e produtores de conteúdo discutiram os novos paradigmas mercadológicos e as novas possibilidades técnicas do Cinema digital no Brasil.

Salas multiformatos O novo modelo de negócios viabilizado pelo parque de equipamentos das salas de cinema digital, as transforma não apenas em salas para filmes, mas para multiformatos de exibição, dirigidos a públicos segmentados e que procuram eventos específicos. Hoje as salas de cinema digital exibem shows com tecnologia 3D e, futuramente exibirão nos Estados Unidos por exemplo, as finais de torneios importantes de tênis, futebol americano e NBA. Estão previstos para o mercado americano os próximos lançamentos em 3D de filmes como “A Bela e a Fera” e “Toy Story 2”, além de eventos como o AllStar Games.
No congresso foi apresentada a tecnologia para produção de filmes 3D, inclusive com painéis específicos e demonstração das tecnologias de câmeras e exibição. No Brasil, foram realizados testes pela Rede Globo de Televisão, exibidos no painel “Cinema digital: TV Estereoscópica 3D da captação à casa do espectador”, com imagens do Carnaval do Rio de Janeiro, do Morro do Pão de Açúcar e da próxima novela da emissora.
As pesquisas e testes em tecnologias relativas a cinema digital caminham para o estabelecimento de novas vias de distribuição dos conteúdos, tais como, transmissão via satélite e redes de fibra ótica. Uma experiência pioneira no Brasil foi mostrada pelo Prof. Eunézio Souza da Universidade Presbiteriana Mackenzie, trata-se da transmissão de um filme nacional com qualidade de super alta definição 4K entre Brasil, Estados Unidos e Japão, por meio de uma rede de fibra ótica de 10 Gbps.
Com a implantação da TV digital no Brasil em fase adiantada e superados os principais problemas técnicos de transmissão, a bola da vez passa a ser a interatividade. As emissoras e empresas parceiras desenvolvem e testam aplicativos interativos baseados em Ginga. As novas funcionalidades da TV digital interativa levaram a engenharia de televisão a outro patamar a partir da responsabilidade de desenvolvimento de softwares. Os engenheiros desenvolvem aplicativos de acordo com as necessidades de cada produção, levando em conta todas as variantes como layout, codificação, publicação, transmissão e recepção.

Aplicativos interativos
O Congresso apontou novos desafios para os engenheiros de televisão: locar no ar aplicativos interativos para aparelhos de televisão e para dispositivos móveis. Segundo Cezar Taurion, gerente de Novas Tecnologias da IBM Brasil, “a TV é apenas um dos meios de entretenimento, outros dispositivos deverão assumir esse papel”.
Pesquisa apresentada pelo professor Dr. Luiz Fernando Gomes da PUC do Rio de Janeiro, foi mostrado um sistema baseado em Ginga para dispositivos móveis rodando em iPhone e em Android, no qual a interatividade é recebida pelo sistema e o set-top box distribui os aplicativos de interatividade via bluetooth ou wi-fi para os aparelhos celulares compatíveis no ambiente. A pesquisa foi premiada na Alemanha justamente por possibilitar que várias pessoas dentro de um mesmo ambiente físico possam usar os recursos de interatividade separadamente, sem influenciar no programa exibido na televisão em tela cheia.
Todas essas funcionalidades serão implementadas em um futuro próximo em televisores com recursos 3D. Segundo Mathew Jefferson – engenheiro da Nvidia – “A TV estereoscópica é muito mais fácil, simples e acessível do que todo mundo pensa”.
Para se ter uma idéia do nível de desenvolvimento abordado no Congresso sobre estereoscopia para TVs domésticas, em termos de produção e indústria de componentes, a LG prevê que venderá cerca de 30 milhões de aparelhos de TV com tecnologia 3D e 150 milhões de óculos até 2012. Hollywood este ano já produziu mais de 40 filmes em 3D.
O Congresso desse ano deixou clara algumas tendências para o mercado de audiovisual. Se a TV é digital ela terá que ser interativa. Todos os painelistas que representavam emissoras de televisão apresentaram ferramentas interativas para serem implementadas nos programas de sua grade. Todas baseadas em Ginga têm previsão para aplicativos em dispositivos móveis. As emissoras de rádio aguardam que seja definido o sistema de transmissão digital e o congresso apresentou uma tendência clara para um rádio digital híbrido baseado no sistema Iboc e DRM. Por mais um ano o Congresso da SET atingiu plenamente suas metas gerando discussão e apr + Adicionar Novo Categorias Revista SET endizado para engenheiros, técnicos e produtores de conteúdo audiovisual.

*Moacyr Vezzani é especialista em TV digital e professor da Universidade Metodista e Faculdades Anhanguera

Revista da SET – ANO XXI – N.109 – 2009