Radiação Ultravioleta – Riscos e precauções

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA

 

A exposição à radiação luminosa é inerente no ambiente de broadcasting; como em estúdios onde há grande quantidade e diversidade de luminárias.Entretanto, comumente é ignorado que esses ambientes podem conter certos níveis de radiação ultra-violeta que trazem perigo à saúde ocupacional, quando alguns cuidados não são tomados.

A radiação ultravioleta está presente na maior parte das lâmpadas como produto do fenômeno físico-químico de formação do fluxo luminoso primário e, dependendo da tecnologia associada, sua emissão pode ocorrer em níveis que trazem sérios danos à saúde humana.

A Comissão Internacional de Iluminação (CIE) classificou e subdividiu a faixa do espectro eletromagnético referente à radiação ultravioleta em três regiões para finalidades práticas relativas à magnitude do dano a saúde: UVC (100 a 280 nm); UVB (280 a 315 nm) e UVA (315 a 400 nm).

A radiação UVB possui acentuado nível de energia e traz efeitos proeminentes para a pele, como eritema, queimadura e inflamação, podendo causar em proporções mais intensas o câncer de pele.

A radiação UVA possui energia mais baixa, porém penetra nas estruturas mais internas dos olhos podendo causar fotoqueratite, pterígio, degeneração macular e até catarata.

A radiação UVC não traz efeitos biológicos significativos no ser humano, pois é logo absorvida pela atmosfera.

Instituições e a proteção à saúde
Na Europa, a ICNIRP (International Commission on NonIonizing Radiation Protection) é uma das principais entidades internacionais que estabelece os limites máximos de exposição ocupacional à radiação UV. Suas diretrizes são reconhecidas e adotadas em diversas comunidades científicas do mundo.

Nos Estados Unidos, a ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) estabelece os TLVs (Threshold Limit Values) à radiação UV para os trabalhadores. Representa o comitê mais antigo a prover informação sobre os riscos ocupacionais da radiação UV no mundo.

No Brasil os riscos à saúde ocupacional são determinados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por meio da NR 15.

Limites de exposição
Os limites máximos de exposição à radiação UV, segundo a ICNIRP, são diferenciados para a pele e para os olhos. Todos os valores são considerados para uma jornada típica de trabalho de oito horas.

O limite de exposição radiante efetiva para pele desprotegida, na região do espectro de 180 a 400 nm, não deve exceder 30 J/m². Este limite é estabelecido para o tipo de pele mais sensível e não patológico. No entanto, o limite de exposição radiante para os olhos desprotegidos, na região do espectro de 315 a 400 nm, não deve exceder a 10 000 J/m².

Cabe ressaltar que para determinação do tempo máximo de exposição para a pele, o espectro absoluto medido deve ser ponderado para cada faixa de comprimento de onda. A curva que pondera o espectro medido é chamada de Espectro de Ação de Eritema.

Conforme orientação da ICNIRP e a OMS (Organização Mundial de Saúde) os limites de exposição são para condição de pele e olhos desprotegidos. Devem ser considerados como absolutos para os olhos e indicativos para a pele, pois a larga faixa de susceptibilidade a danos depende do tipo de pele exposta à radiação.

Metodologia de medição
O espectroradiômetro aplicado em campo para determinação da radiação UV tem por finalidade representar qualquer pessoa exposta à radiação. E a parte da cabeça deve ser alvo de maior atenção por ser a área do corpo menos protegida. Na medição em estúdio, propõe-se a área onde há maior concentração de luz, próxima do apresentador, entrevistado e camera man. Com isso, o tempo máximo de exposição obtido para esse local representará o pior tempo de exposição em todo o estúdio.

Para determinação da área com maior incidência luminosa é empregado um luxímetro. A identificação deste ponto torna-se a referência para posicionamento e alinhamento do sensor UV.

Em geral, o set de luz de um estúdio é composto por múltiplas fontes (luminárias) que incidem sobre diversas direções, por isso é necessário aumentar a abrangência do ponto definido para medição. Desta forma, o mapeamento no entorno da cabeça permite identificar a pior condição de exposição para a posição em estudo. Designamos este método como Método das cinco faces.

Também, é de suma importância considerar a rejeição do ruído luminoso (Stray light) que é causado principalmente pela luz visível e infravermelha detectada pelo sensor, e que interfere com a medida de UV. Esse ruído em comprimentos de onda curtos pode ser ponderado pelo espectro de ação de eritema e causar influência nos dados efetivos apurados, distorcendo assim as informações consolidadas.

Fatores de segurança
Para redução dos riscos à radiação UV é preciso cautela e adoção de no mínimo um dos três fatores de segurança: distância, tempo e barreira de proteção.

O aumento da distância reduz a dose de radiação devido à lei do inverso dos quadrados: em que toda radiação é inversamente proporcional ao quadrado da distância à fonte. Portanto, quanto mais distante menor o fluxo luminoso por unidade de área e, portanto menor o risco à radiação UV.

A redução do tempo de exposição diminui proporcionalmente a dose efetiva de radiação. Garantindo consequentemente um tempo ocupacional de exposição seguro para aos efeitos das fontes de luz.

Determinados tipos de filtros aplicados na parte frontal da luminária absorvem faixas especificas de comprimento de onda do ultravioleta, reduzindo assim o risco a essa radiação.

O conhecimento sobre alguns parâmetros e aspectos construtivos das luminárias que potencializam a radiação, tais como: ajuste do foco; ajuste do dimmer; tipo de espelho refletor; ângulo de incidência do refletor; etc.; também são importantes para proporcionar uma operação segura à saúde ocupacional.

Práticas seguras na utilização de lâmpadas e luminárias, bem como a conscientização das equipes operacionais sobre os riscos inerentes possibilitam um convívio ocupacional adequado em ambientes sujeitos a radiação ultravioleta.

Referências:
[1] ICNIRP:14/2007 – International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection; “Protecting Workers from Ultraviolet Radiation Protection.”
[2] ACGIH:2004 – American Conference of Governmental Industrial Hygienist; “Ultraviolet Radiation Threshold Limit Values.”
[3] EN 14255-1:2004; “Ultraviolet radiation emitted by artificial sources in the workplace.” http://www.icnirp.de/30.htm (acesso em: 01/10/11) http://www.nvcc.edu/home/nvportg/ Art%20279%20Character%20Design/ UVunwrap/UnwrapHead.htm (acesso em:01/10/11)

 

 

 

 

 

 

Sender é engenheiro da TV Globo Rio . E-mail: sender .rocha@tvglobo .com .br Manoel é gerente de manutenção da TV Globo Rio . E-mail: [email protected]