NA BROADCAST & CABLE, NEGÓCIOS ATÉ COM A CHINA

BROADCAST & CABLE
NA BROADCAST & CABLE, NEGÓCIOS ATÉ COM A CHINA
A Broadcast & Cable 2008 teve cerca de 180 expositores em 150 estandes e mais de 10.000 visitantes

A Broadcast & Cable 2008, a maior feira do ramo na América Latina, recebeu, segundo os organizadores, cerca de 10.000 pessoas interessadas em ver e sentir toda a gama de produtos e serviços para televisão digital. Durante os três dias da feira, cerca de 180 expositores, inclusive da China — seus representantes, motivados pela digitalização da TV aberta no Brasil, tomaram praticamente uma ala do Centro de Exposições Imigrantes–, entabularam bons negócios a partir das novidades que trouxeram para seus estandes. Confira abaixo os principais lançamentos:

Nos sistemas irradiantes, um dos destaques foi a Antena de Painel Circular Digital-APCD, da Ideal Antenas. “Já colocamos uma antena para testes na EPTV, em Campinas”, afirma Mário Evaristo Barroso de Vilela, presidente da Ideal. “O equipamento facilita muito a retransmissão do sinal em áreas de sombras, pois ele é recebido no gap filler em polarização circular à direita e retransmitido em polarização circular à esquerda ou linear horizontal, aumentando a isolação entre a saída do gap filler e sua entrada, o que possibilita maior ganho de sinal”.

A Trans-Tel mostrou a antena painel banda larga de UHF para utilização em sistemas de transmissão de TV Digital produzido no Brasil com tecnologia da Dielectric, o primeiro fruto do acordo entre as duas empresas. “Trata-se de um produto com aplicação mundial em sistemas profissionais de antenas de alto desempenho para TV Digital. A disponibilidade comercial estará sendo comunicada ao mercado em breve”, diz Dante J.S. Conti, presidente da Trans-Tel.

Carolina Warick, assistente de marketing da Kathrein Mobilcom do Brasil, informa que a empresa aproveitou a B&C 2008 para mostrar as antenas superturnstile UHF de alta potência, banda larga, com solução de empilhamento com outra superturnstile de VHF. “A vantagem deste tipo de antena é ter um diagrama de irradiação mais próximo da perfeição, podendo combinar outros canais com uma solução simples e robusta”.

Outra empresa a apresentar novidades foi a Radio Frequency Systems, a RFS. De acordo com Solange Almeida, diretora de vendas e novos negócios da RFS, a empresa está nacionalizando a linha de antenas Slot para pequenas e médias estações de TV que não tenham necessidade de projetos de grande porte. “As principais vantagens destas antenas, de quatro e oito fendas, são o baixo custo, de Vilela: nova antena possibilita maior ganho de sinal o tamanho e o peso reduzidos, que facilitam a manutenção e instalação, pois dispensam reforço na torre de transmissão”. A empresa mostrou ainda antenas da linha BDS (Broadcast and Defense Systems), produzidas na Austrália.

A Prime Telecom evidenciou uma nova parceira, a canadense MITEC. Ela vende produtos de rádio freqüência como BUCs e HPAs em estado sólido. “A grande vantagem frente aos concorrentes é que, em estado sólido, a vida útil do produto é maximizada e os custos com energia elétrica são reduzidos”, diz André Balthazar, diretor da Prime Telecom.

Câmeras
Nenhuma das empresas expositoras lançou novas câmeras: todas já haviam sido mostradas na NAB 2008. Mesmo assim, foi grande a fila de interessados e curiosos que davam uma olhadinha nos visores. Uma das mais testadas foi a Ikegami. “Ela grava em memória flash”, diz Jefferson Brão, gerente técnico da Phase Engenharia. Basta tirar a memória da câmera, conectar o cabo USB, ligar no laptop e fazer a edição; ela também tem memória interna, ou seja, pode-se tirar uma memória e colocar outra sem perder o que foi gravado.

No estande da Thomson uma das atrações era a câmera Infinity, usada para externas e estúdio. Com hard drive de 70 gigabites, ela grava duas horas e meia em HD e ainda permite associar dois cartões de memória, somando 64 gigabites, o suficiente para gravar duas horas e quinze em HD com a melhor qualidade oferecida pela máquina. “Com um superdrive de 150 gigabites ela grava quantas horas você quiser”, exagera Felipe Andrade, gerente de vendas da Thomson para a América Latina. Uma conexão bluetooh permite o controle da câmera até cerca de 10 metros de distância.

A Thomson apresentou também uma solução chamada ig night, de software mais hardware, para controle integrado da câmera, servidores e switcher. Por enquanto ela não vendeu nenhuma no Brasil. A solução permite, por exemplo, programar os playlists e também a posição das câmeras a partir de posições fixas. “Na posição 1 ela dará um close no apresentador; na 2, no outro apresentador e assim sucessivamente. Com o ignight um operador controla até 16 câmeras; é uma solução de alto custo –-no mínimo 200 mil dólares–, mas que se paga rapidamente por economizar em mão de obra”, diz Andrade.

Em outro estande bem movimentado, o da Panasonic, Sérgio Constantino, gerente comercial, que espera aumento de 100% das vendas neste ano, demonstrava o switcher HS 400, para oito entradas e 4, 6 ou 10 saídas e 14 mil dólares de preço. O equipamento reúne recursos para 3D, chroma key e multi viewers integrado.

A Panasonic mostrou ainda as câmeras mais novas de sua fabricação, como a HDX 200A, versão melhorada HDX200, com lente grande angular um pouco maior; a HDX170, semelhante à 200, mas que só opera com cartão de memória, e a HNC150, uma câmera que grava com cartão SD de alta capacidade.

O estande da Sony era, provavelmente, o que mais chamava a atenção em toda a feira. Entre outras, a empresa demonstrou a câmera Cine Alta, de altíssima tecnologia, equipada com um CCD de 35mm, para cinema digital. Mostrou também uma versão para estúdio da câmera HDX310. Ela tem um custo bem mais baixo, em torno de 45 mil dólares, bastante razoável frente aos 65 mil dólares de uma da linha HDC. “Também estamos trazendo desde a NAB a versão para estúdio da EX3, uma câmera em que se grava em memória de estado sólido”, diz Luis Fernando Fabichak, marketing broadcast da Sony.

A Sony espera crescer 100% este ano e assim continuar a liderar o mercado — sua participação, segundo Fabichak, seria hoje de mais de 50%. “Temos mais de mil unidades em operação do sistema XD CAM. Esperamos substituí-las gradativamente pelas novas câmeras digitais”. Uma das novidades exibidas pela Seegma foi o Tricaster, um sistema portátil para produções ao vivo. “Na versão broadcast, o produto é um switcher para até 6 inputs (SDI, componente, y/c ou composto), que faz a geração de caracteres, chroma key ao vivo e cenários virtuais com incrível realismo”, afirma Roberto Farias, diretor da Seegma.

Transmissores
Por sua vez, a Linear mostrou, além de transmissores, seus sistemas de rede de freqüência única, solução técnica que possibilita utilizar uma mesma freqüência (mesmo canal) para cobrir uma região. “Nossas expectativas de vendas são muito boas”, diz Carlos Fructuoso, diretor da Linear.

Nahuel Villegas, vice-presidente da divisão de Broadcast da Harris na América Latina e no Caribe, mostrou-se entusiasmado com o mercado brasileiro para transmissores. “Duplicamos o volume das vendas em 11 meses”, afirmou. Antes da B&C 2008, a empresa fez um negócio “gigantesco” com a TV Anhanguera, de Goiânia; também fechou negócio com a TV Gazeta, do Espírito Santo. “A Anhanguera tem atraído muita atenção de outras emissoras porque investiu pesadamente numa solução completa, feita para durar. Esperamos vender muitas outras soluções semelhantes”, diz Villegas.

A família de transmissores de TV Digital NV8600 foi o destaque do estande da Rohde & Schwarz do Brasil. Compacto, ele reduz, segundo a empresa, os custos de consumo de energia em até 25%. “Temos o transmissor mais compacto do mercado com até 6 KW de potência digital”, diz Henrique Lattarulo, coordenador de radiodifusão da Rohde & Schwarz.

A Screen Service demonstrou seu transmissor dual mode, digital e analógico. O equipamento incorpora o Seamless multi input switcher, que aumenta a redundância. Ele sincroniza três fontes de chegada de sinal, tira daí um resultado só e ainda aproveita para corrigir os erros. “Exemplo: duas entradas apontam que o sinal é zero. A outra diz que é um. Por lógica, ele decide que é um”, explica Júlio Prado Rocha, diretor comercial da Screen Service do Brasil. “Na ausência de qualquer uma das fontes, ele está sincronizado com as outras duas”, completa.

Analisadores
Analisadores também tiveram vez na Broadcast & Cable. A Skysystem do Brasil trouxe analisadores de sinais para TV a cabo e satélite, de baixo custo e alta praticidade. “Os analisadores distribuídos pela Skysystem agilizam a instalação dos receptores de TV Digital e melhoram a qualidade final do serviço”, afirma Fernando Gomes de Oliveira, diretor técnicocomercial da Skysystem do Brasil.

O Analisador de ISDB-TB MS2721B, com medidas de SFN e informação de GPS, foi lançado pela Anritsu Eletrônica Ltda. “A medida de SFN em ISDB e o fato de ser portátil o torna único no mercado”, diz Bruno José de Amo, gerente de contas da Anritsu.

Já a Victor do Brasil, que não fabrica analisadores, levou para o seu estande a linha de exibidores para TV Digital Digi Spot On Air, HD e SD, e, ainda, um exibidor de playlists e um gerador de caracteres, além de produtos para rádios.

Som e softwares
No departamento de som, o lançamento da Sonoton foi o HD MusicStation. Com este equipamento é possível ouvir todas as 130 mil trilhas da Sonoton por meio de um HD especial. “Este produto é único em todo o mundo”, garante Ernane Diaz, diretor da Sonoton.

Ainda neste departamento, a Yamaha, segundo André Abreu, consultor de produtos, trouxe mixers digitais que se comunicam via cabo. Com eles se pode fazer a interligação de vários estúdios por um cabo de oito vias. Além disso, a empresa, que há pouco tempo comprou a Steinberg, uma softwarehouse alemã, trouxe os dois softwares da Steinberg: Cubase e o No End. O Cubase é voltado para a produção musical e o No End para a edição de vídeos e surround. “Vamos vender mixers e softwares que nem água, pois temos um parque instalado muito grande em todo o país”, diz Abreu.

Outra empresa de olho no mercado de softwares é a S News, de Brasília. “Lançamos o playout para a plataforma McIntosh”, diz Dino Maia, presidente da S News, empresa focada no telejornalismo. Os microcomputadores da Apple são usados hoje no Brasil para edição não-linear. Não existiam aplicativos broadcast como o playout e softwares de exibição voltados aos McIntosh.

Segundo Maia, cuja expectativa de aumento de vendas é de 50% neste ano, o programa faz a edição, desde a produção da matéria na rua até a veiculação. As vantagens são a estabilidade, a confiabilidade e a segurança. “Numa máquina com sistema operacional Windows, em seis meses já se tem de providenciar um upgrade. Num Mc, pode-se agüentar bem por uns cinco anos.”

A TechCD, especializada em soluções para armazenamento de conteúdo digital e representante da Rimage, mostrou as vantagens do Rimage Vídeo Protect. “Esse sistema protege DVDs de vídeo contra cópias ilegais com uma excelente compatibilidade de playback. Além disso, é muito mais seguro do que as proteções tipo CSS, comuns no mercado. Portanto, ela une dois pontoschave: segurança e compatibilidade”, diz o gerente comercial da empresa, Alexandre Brunchport.

A novidade exposta pela Totvs foi o middlewareAstroTV, 100% compatível com o Ginga. “O AstroTV permite interatividade em celulares com recepção digital, PDAs e outros dispositivos portáteis, possibilitando novos cenários com o uso de tecnologias como localização, presença e voz”, diz Andrea Britto, coordenadora do Centro Educacional da Totvs.

Chineses
Na Broadcast & Cable 2008 o que não faltou foram empresas expondo set-top boxes. Quatro das cinco empresas chinesas vieram à feira pensando em explorar inicialmente o mercado de conversores. Saudade, nome em português adotado por ele mesmo –em chinês é Yang Huo–, representante da Surmount Cable, disse que a empresa vai entrar no mercado de cabos para áudio, câmeras, internet e emissoras, a seu ver pouco disputado no Brasil.

A Jiangsu Yin He Electronics, fabricante de set-top boxes, já tem cerca de 10 milhões de unidades vendidas até agora em 50 países e estava na feira à procura de parceiros no Brasil. Sua congênere Unionman Technology, que tem cerca de 100 funcionários e capacidade de produzir três milhões de conversores por ano, também tinha o mesmo intuito.

Nenhuma das chinesas e seus preços ultra- competitivos assustaram a brasileira Vision TEC, que estava lançando seu primeiro set-top box. Até o final de outubro ela espera lançar dois outros conversores. Um poderá gravar internamente e reproduzir o conteúdo, proporcionando assim a chance do usuário criar sua video teca. O outro conversor é para IP. “Nele é possível reproduzir o conteúdo que vem por IP”, afirma Ricardo Minare, gerente de tecnologia da Vision Tec.

Durante o Congresso e a B&C 2008, outra empresa que mostrou set-top boxes foi a Aiko, uma das pioneiras, no Brasil, na construção de conversores para TV Digital –seu primeiro modelo foi lançado na Broadcast & Cable de 2007. Ela também apresentou seu receptor One Seg para computadores.

“Nosso principal foco na feira foi a TV Digital terrestre”, diz Maria José da Rocha Melo, do departamento de treinamento e assistência técnica da Lbsat. “Mostramos nosso aparelho para receber imagens One seg e também o dispositivo USB para lap tops”.

Refletores, tripés e móveis
A Eurobras, de acordo com Niels Nygaard, apresentou a linha de refletores Arri True Blue, de 1, 2 e 5 Kw. Da Rycote ela trouxe varas extremamente leves para microfones direcionais em fibra de carbono e em alumínio. Da Sachtler veio o tripé System 6. “O System 6 permite utilizar câmeras de 1 a 9 Kg com a mesma eficiência e precisão”, afirma Niels. Da Sennheiser, a Eurobras importa o microfone de lapela MKE1, com cabo Kevlar de apenas 1 mm para transmitir o mínimo de ruído.

Já no estande da DMS estavam expostas duas cabeças remotas para gruas e uma grua que pode ser montada sobre tripé. “As cabeças apresentam um melhor controle de movimento. A vantagem da grua sobre o tripé é a praticidade para transportar e instalar e também o fato dela permitir o controle do movimento vertical por meio do movimento da cabeça do tripé”, diz Eduardo Soares, da DMS.

Todos os modelos fabricados pela MLIGHT e mostrados na B&C são agora dimerizados direto pelo AC. Com isso se pode controlar a intensidade da luminância por meio da quantidade de AC enviada para o refletor, “o que elimina o uso do protocolo de comunicação DMX, e resulta em menor custo”, afirma Márcio Alves, diretor da MLIGHT. A MLIGHT, que só trabalha com luz fria, apregoa que nenhum outro equipamento é assim.

O diretor-geral da Energia, Ricardo Kauffmann, conta que a empresa lançou a luminária Prolite 77, com preço reduzido em quase 25% frente a mais antiga Prolite DV. Ela lançou também o Sistema Prolite Studio; a Prolite DMX, a primeira mesa de controle de luz feita com tecnologia brasileira e, ainda, baterias premium DV Golden, fabricadas com células especiais, de íon de lítio.

Já a Pinnacle Home marcou presença com duas novas marcas de produtos: tripés E-Image e Monitores Ruige para produção de vídeo. A Pinacle também mostrou o 3D Arsenal, software de animação em 3D. “Ele reúne as principais ferramentas e uma biblioteca gigante de efeitos prontos para serem utilizados de forma personalizada com logos e textos”, diz Fábio Nogueira, coordenador técnico da Pinnacle Home.

Uma emissora de TV não se faz só com câmeras, antenas, transmissores, refletores e outros equipamentos. É preciso cuidar bem do conforto de todos. “Lançamos mobiliários com designs modernos, criativos e todos os padrões broadcast operacionais”, diz Dorveci Silva Júnior, gerente comercial da Opic Telecom.

Leandro Toledo, da Telecom Racks, diz que o principal produto lançado foi o mobiliário técnico para controle mestre e ilha de edição para emissoras de TV. “A principal característica frente aos nossos concorrentes é sua estrutura, que integra aço e madeira”, diz Toledo.