HDTV em Parintins

A TV A Crítica inaugurou a transmissão HDTV no 48º Festival Folclórico de Parintins no interior do Estado do Amazonas, durante a última edição do evento que aconteceu nos dias 28, 29 e 30 de junho. A emissora, que é afiliada da Rede Record, foi responsável pela transmissão oficial da apresentação do Boi-Bumbá Garantido nos três dias do festival e pelas suas retransmissoras para 92% do território amazonense. Parintins é o primeiro município do interior do Amazonas a ter transmissão em HDTV.

Nº 135 – Agosto 2013

Por Fernando Moura

REPORTAGEM

A emissora instalou a primeira antena digital na sede da TV A Critica Parintins, pionera em transmissão Digital no interior do Estado do Amazonas.

OMunicípio Parintins, a ilha do Paraíso, como é chamada pelos amazonenses, é “a cidade dos Bumbás Caprichoso e Garantido”. Ela foi descoberta pelo capitão português, Milícias José Pedro Cordovil, em 1793, e denominada Ilha Tupinambarana. O Festival Folclórico de Parintins é uma apresentação realizada desde há quase cinco décadas no Bumbódromo da cidade. Conta com diversas associações folclóricas, sendo, atualmente, o ponto mais importante do evento a disputa entre dois bois folclóricos, o Boi Garantido, de cor vermelha, e o Boi Caprichoso, de cor azul. Assim, durante as três noites de festival, os dois bois exploram as temáticas regionais como lendas, rituais indígenas e costumes dos ribeirinhos através de alegorias e encenações.
Mas no inicio não era assim. “Mesmo caracterizado como um mega-espetáculo, as origens da festa remontam a caracteres da cultura popular e folclórica. Os bois de Parintins sofrem um grande emaranhado de influências culturais. A religiosidade, os temas indígenas e amazônicos, a cultura nordestina, e até mesmo a mídia televisiva ajudaram a moldar a maior manifestação cultural do Estado do Amazonas” explica o portal do evento.
“Ficamos muito felizes pela Record News ter entendido a importância de se mostrar essa festa, mesmo que apenas uma parte dela, como também mostrar a cidade de Parintins e a cultura amazonense para o Brasil e para o mundo”, disse o diretor-presidente do Sistema A Crítica de Rádio e Televisão, Dissica Calderaro.
Para Calderado, “aparecer em canal aberto para o País e o mundo inteiro é uma alegria tremenda. Agora vai ser Parintins literalmente para todo mundo ver. A gente agradece por essa sensibilidade e confiança, pois não é toda TV em canal aberto que consegue tirar programação de sua grade e abrir para uma transmissão como esta. Ficamos felizes porque o Boi teve transmissão nacional em canal aberto. Isso não estava prometido em proposta, mas mostra nosso comprometimento com o Estado e com a cultura amazonense”.

A TV A Crítica adquiriu câmeras Grass Valley, modelo LDX FLEX para equipar a sua nueva UMHD.

Assim, a Record News e a Record Internacional transmitiram apenas a apresentação do Boi Garantido. A exibição do Boi Caprichoso ficou a cargo da TV Amazonas, afiliada da Rede Globo. Se bem o Festival consiste na disputa entre os bois, as regras permitem que cada um deles escolha a sua emissora de TV.
A TV A Crítica fez o primeiro teste em HD no dia 25 de junho, quando em um ato simbólico no curral do Boi Garantido, inaugurou o sinal em HDTV para o município de Parintins (canal 12 analógico e 12.1 digital), dando assim inicio ao plano de investimento da emissora para a transmissão de imagens em alta tecnologia no interior do Amazonas. Até esse momento, apenas a capital Manaus possuía sinal em HD, inaugurado em 2010.


Nova Unidade Móvel

Para realizar a primeira emissão HDTV no interior do Estado do Amazonas, a TV A Crítica, afiliada da Rede Record, organizou uma comitiva de aproximadamente 80 profissionais – dentre cinegrafistas, produtores, jornalistas, engenheiros, técnicos, operadores, corpo jurídico e outros – que seguiram para Parintins. A equipe começou a embarcar para a ilha no dia 7 de junho, e recebeu reforços nos dias 13, 23 e 27. A distância entre a Capital e Parintins é de quase 380 quilômetros, com o agravante de estar em um Estado no qual praticamente só é possível se locomover de barco.
A Unidade Móvel (UM) da emissora percorreu essa distância de barco, e demorou “2 dias”, explicou à Revista da SET, Eduardo Matos, gerente de operações do Sistema A Crítica de Rádio e Televisão.
Segundo Matos, a ideia da emissora era utilizar no Festival de Parintins a nova UM adquirida na última NAB, em Las Vegas, Estados Unidos, “no entanto não houve tempo de receber a UM, então foi enviada para Parintins a UM antiga da TV que é um Ônibus totalmente adaptado para UM, onde foram montados todos os equipamentos HD que foram utilizados para a transmissão. Toda a montagem foi realizada no município de Parintins, com ajuda da equipe da AD Digital, e da ORAD”, disse Matos.
Sendo assim, a UMHD montada em Parintins foi baseada em tecnologia Grass Valley, tanto para infraestrutura como para captação de imagens. Segundo Henrique Salazar, coordenador técnico do departamento de engenharia da TV A Crítica, “para o festival fizemos investimento em todos os equipamentos para captação e geração do sinal em HD. Com relação à captação, utilizamos 16 câmeras, das quais 14 via triax , e duas com micro link das quais a primeira como câmera de ombro e outra montada em um stead-cam. Foram usadas câmeras da marca Grass Valley, modelo LDX FLEX e câmeras SONY modelo HXC-100”.
Na UM, disse Salazar, “utilizamos replay da ORAD playmaker composto de 8 canais HD/SD e grafismos também da ORAD, modelo Morpho HD/SD. O switcher de produção utilizado foi o da Grass Valley Karrera”.

Turistas participam das festividades do ‘Boi-Bumba’, no Curral do Boi Garantido

A monitoração de vídeo da Unidade Móvel da TV A Crítica foi realizada com equipamento da TV Logic, a monitoração do sinal Tektronix e um multiviewer Miranda. “Ainda, foram usadas câmeras Sony modelo PMW-350 para captação das imagens na arena utilizando micro-links sem fio”, disse Salazar, além de um helicóptero da emissora – RCCop – que sobrevoou o bumbódromo fazendo imagens aéreas do festival. Com relação à comunicação, foi utilizado, segundo Salazar, o sistema da Telex – Zeus III e BTR-700 – com “exceção da comunicação dos apresentadores, que utilizaram comunicação Clear-Com, modelo AB120, e da recepção de áudio dos produtores na arena, na qual foi usado equipamentos da Lectrosonic”.
Toda a estrutura foi montada “com alto nível de redundância e segurança necessárias para garantir a qualidade e alta disponibilidade do sistema. Além disso, houve a integração com ambiente de grafismo e replay da ORAD”, disse Salazar em entrevista à Revista da SET. No fechamento desta edição, a UM antiga da TV A Crítica já tinha regressado a Manaus, e estava “sendo desmontada para que os equipamentos sejam instalados na nova UM que se encontra em trânsito para o Brasil”, explicou Matos à Revista da SET.

Também foi utilizada uma grua para ter uma visão mais ampla do Bumbódromo de Parintins.

Transmissão Digital
Para realizar a primeira transmissão HDTV, além de montar e levar até Parintins a UM foi necessário criar as condições no município para a emissão em HD. Para isso, a transmissão da TV A Crítica foi realizada com “receptores HD, modelo Ericsson 8200, já que toda nossa programação local é HD. Assim, oficializamos também nossa primeira transmissão totalmente full HD no Festival Folclórico de Parintins”, disse Salazar.
Eduardo Matos aprofundou. “A transmissão foi realizada em Parintins e transmitida para todo o Brasil e para mais de 80 países, através da Rercord News. Parintins hoje é o único município do interior do Estado a possuir um transmissor digital instalado. Durante o Festival, nós fizemos a instalação desse transmissor, o qual já ficou em definitivo no município, levando imagem digital HD para Parintins”.

Para realizar o Festival a TV A Crítica levou a ilha a UM antiga da TV, um ônibus totalmente adaptado para UM, onde foram montados todos os equipamentos HD que foram utilizados para a transmissão já que a nova UM da emissora ainda não chegou ao Brasil

Para realizar o envio de material captado no local “foram adquiridos 2 HPA’s da Advantech, modelo SSPA/ SSPB 400W, 2 moduladores da Newtec, modelo M6100, e 2 encoders da ATEME, modelo CM5000”, explicou o coordenador técnico da emissora. E para enviar o sinal até Manaus, a TV A Crítica utilizou o satélite RC SAT.
Desta maneira, “toda nossa cobertura local foi feita no canal VHF, e para o festival transmitimos também em Digital sendo a primeira emissora do norte a transmitir o sinal digital (fullseg + oneseg) para uma cidade no interior do Estado”, disse Salazar à Revista da SET.
Daniela Souza, CEO na AD Digital, integradora escolhida pela TV A Crítica para o fornecimento da unidade móvel HDTV, disse à Revista da SET que sua equipe “fez questão de acompanhar pessoalmente os três dias do evento para dar todo suporte necessário para o sucesso da operação. Nossa engenharia participou ativamente desde o início do processo cooperando com a emissora“.
http://acritica.uol.com.br/
www.boideparintins.com.br/
www-br.grassvalley.com
www.ad-digital.net

Fernando Moura
Revista da SET.