EXPERIÊNCIAS REALIZADAS COM O SISTEMA IBOC PROMETEM ACELERAR A ESCOLHA DE UM PADRÃO DE TRANSMISSÃO DIGITAL PARA RÁDIO.

RÁDIO DIGITAL

EXPERIÊNCIAS REALIZADAS COM O SISTEMA IBOC PROMETEM ACELERAR A ESCOLHA DE UM PADRÃO DE TRANSMISSÃO DIGITAL PARA RÁDIO.

Por Djalma Ferreira

CAMINHO DO RÁDIO DIGITAL – Final

É prudente examinar como a escolha do padrão de transmissão digital para o rádio é feita em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, a questão foi estudada pela NRSC (National Radio Standard Committee), órgão não oficial envolvendo a NAB e Consumer Electronics Association – CEA. A NRSC pesquisou os problemas relativos ao rádio e fez recomendações à FCC (Federal Communications Commission), órgão oficial de administração da radiodifusão. Uma recente publicação da revista Radio World revela que o México acaba de adotar uma posição semelhante. Alguns países europeus, embora tenham adotado o sistema Eureka (DAB) para a rádio estatal, começam a namorar as vantagens do sistema IBOC.
Então, a primeira sugestão é a de criar uma organização independente, com a missão de examinar todos os aspectos da transformação e preparar uma proposta firmemente baseada em argumentos irrefutáveis, para que o Ministério das Comunicações tome, com isenção e tranqüilidade, a decisão definitiva sobre o padrão.
Esta atitude poderá evitar a intromissão de pessoas e entidades estranhas para tumultuar o assunto, ação fácil dentro das populosas “comissões” e “grupos de trabalho”, geralmente nomeados pelo governo, com representantes de muitos Ministérios, universidades, sindicatos e outros órgãos semelhantes.
Inicialmente, a organização seria instituída e financiada pela ABERT com participação das associações de fabricantes de equipamentos de transmissão e de receptores. A SET seria indispensável para analisar as questões técnicas. Seria conveniente, também, a presença de um órgão não-governamental representando os usuários da radiodifusão (ouvintes e anunciantes) e, muito importante, das rádios comunitárias legais. A ausência destas últimas poderia dar uma feição de arbitrariedade às eventuais conclusões. Por outro lado, a participação delas em estudo, cujo resultado, mais cedo ou mais tarde, vai também afetá-las, traria um aspecto de isenção de propósitos à solução a ser apresentada.
Seria apropriado que o trabalho fosse dividido por duas câmaras: uma dedicada ao problema do FM, com resultado já bem delineado e que tem o interesse das rádios comunitárias, enquanto a outra se empenharia em estudar o caso do AM, principalmente na faixa de OM. As ondas curtas, de menor importância para a radiodifusão brasileira, seriam relegadas a um estágio posterior, já que a fácil escolha do padrão também tem, atualmente, uma única opção. As rádios comunitárias não precisariam participar dos trabalhos de AM.
As câmaras deveriam se reunir freqüentemente para avaliar o andamento do trabalho dos grupos e estabelecer metas para sua finalização. Terminadas essas tarefas, a Organização encaminharia, ao ministro das Comunicações, suas recomendações sobre a solução mais conveniente para o País. Este documento deveria ser fundamentado em argumentos indiscutíveis, para permitir uma ação tranqüila para a autoridade decisória.
Entre outros assuntos que deveriam merecer exame minucioso, estão os seguintes:
• Estudar as características dos padrões HD Radio (AM e FM) e do sistema DRM (OM) e relacionar as vantagens e desvantagens que cada um traria para a radiodifusão sonora brasileira, se fossem selecionados;
• Verificar a disponibilidade de faixas do espectro que possam ser usadas pelas emissoras existentes, em substituição à atual faixa de FM, caso se queira adotar padrão diferente do IBOC;
• Compilar informações existentes sobre características dos receptores disponíveis no mercado para sinais digital ou híbrido;
• Compilar informações sobre cobertura, interferência e relações de proteção entre sinais digital, híbrido e analógico, a fim de assegurar continuidade das coberturas atuais das estações;
• Investigar a necessidade de efetuar outras medições não disponíveis e equacionar os procedimentos adequados, recomendando a entidade que deve efetuar as medições;
• Investigar a viabilidade do uso de padrão digital de transmissão por rádios comunitárias, com as características regulamentares atuais e os procedimentos de transição;
• Determinar a viabilidade da adoção da transmissão de múltiplos programas no mesmo canal, considerando aspectos técnicos e jurídicos;
• Determinar a viabilidade de transmissão de sinais com características diferentes das atuais (som envolvente, etc);
• Compilar e organizar as informações obtidas pelas emissoras brasileiras autorizadas a fazer irradiações experimentais com sinal digital;
• Promover a determinação dos níveis médios de ruído elétrico e da condutividade média do solo, existentes na faixa de OM nas cidades brasileiras de grande, médio e pequeno porte;
• Determinar as conveniências de adoção de cada um dos padrões HD (AM e FM) e DRM (OM) em relação ao custo de aquisição e instalação dos equipamentos de transmissão e do pagamento de direitos e outras obrigações;
• Determinar o custo da adoção de cada um dos padrões, para o público em geral, relativos à obtenção de receptores e à diversidade de tipos de receptores oferecidos;
• Elaborar lista de países que já escolheram ou estão no processo de escolha de padrão de rádio digital, especialmente os da região 2 da UIT e os países limítrofes do Brasil;
• Verificar a compatibilidade da adoção de cada um dos padrões de transmissão digital em vista dos acordos internacionais e regionais de compartilhamento de freqüências nas regiões fronteiriças.
Não seria ousado presumir que o documento relativo ao FM poderia ser apresentado em cerca de 45 dias. Quanto à OM, o prazo esperado aproxima-se dos 90 dias ou mais, considerando dúvidas existentes, relacionadas à propagação noturna.

O Autor – Djalma Ferreira é engenheiro eletrônico e consultor técnico da ABERT
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