Entrevista – Olimpio José Franco

ENTREVISTA

Por Gilmara Gelinski

Novamente eleito presidente da SET, Olimpio José Franco, defende o setor e sabe que os desafios são grandes não só para SET mas para toda a cadeia. O currículo do novo presidente é extenso. For-mado em Engenharia Operacional, Elétrica/ Eletrônica e depois em Engenharia de Produção na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), Olimpio trabalhou nas empresas TV Globo, TV Cultura, Abril Vídeo e TV Jovem Pan, atualmente, ele divide seu tempo entre a área técnica da Rádio Jovem Pan, assuntos de tecnologia e novos sistemas, na FAAP, e sua empresa Olympic Engenharia Sistemas de Áudio e Vídeo. Nesta entrevista ele faz um balanço sobre a evolução tecnológica dos últimos anos. Se no seu primeiro mandato a luta era para testar os padrões de TV digital e defender um planejamento de espectro para esta mesma TV digital, agora as questões são driblar os limites de orçamentos que impedem maiores voos da entidade. Para ele cabe a SET provocar em suas diferentes áreas de atuação, discutir, estudar, testar, propor e interagir para que soluções sensatas e de consenso sejam conhecidas e adotadas. Um dos itens em questões, é a decisão do governo em antecipar o switch off brasileiro em alguns lugares e em outros prorrogar o apagão analógico. Para Olimpio é necessário avaliar melhor os impactos desta intenção e há questões a serem respondidas.

O senhor foi presidente da SET entre 1998 e 2002, agora, mais uma vez frente à entidade o senhor vê diferença na forma de presidir a SET?
De fato fui presidente de 1998 a 2002, por dois mandatos. Creio que não haja tanta diferença na gestão. Embora o cenário hoje seja muito diferente. Naquela época lutávamos para testar os padrões de TV digital existentes e defender um planejamento de espectro para a esta mesma TV digital. Conseguimos realizar os testes, planejar os canais para a TV digital e concluir que o padrão ISDB-T era o melhor que poderíamos adotar aqui no Brasil. Lutamos por anos defendendo este entendimento. Felizmente tivemos sucesso em nossos argumentos. Hoje há muito mais pessoas entendendo de TV digital, como fabricantes, professores, pesquisadores e profissionais que atuam em diferentes áreas de nosso setor.

O que mudou nesses anos?
A tecnologia muda todo o tempo e isto é inevitável. Hoje a SET tem um nome reconhecido no nosso país e internacionalmente. Nossa estrutura interna é ainda pequena e limitada. Mas muito dedicada e eficiente. Temos limites de orçamentos que impedem maiores voos. Sonhamos com mudanças, melhorias e possibilidades de ampliar nossa forma de atuação. Mas nem sempre isto é possível, pois existem riscos e limites de despesas contínuas sem correspondentes entradas de recursos. Dependemos muito dos nossos fiéis patrocinadores e de muitos dedicados e apaixonados colaboradores voluntários.

As dificuldades são maiores agora do que há 14 anos?
Cada época temos novas dificuldades, devemos pensar no futuro de nossa sociedade, bem atender aos nossos sócios e ainda corresponder aos anseios de nosso setor. Temos evoluído a cada ano. Necessitamos dar atenção para todas as tendências de mercado, novas demandas e necessidades técnicas e operacionais. Não se permite que a SET fique omissa, ausente e distante de qualquer tema Por Gilmara Gelinski 4 ENTREVISTA ENTREVISTA que o setor de Broadcast demande. Esta demanda por ser tecnológica, de planejamento, operacional, de normatização e até de grupos de estudos específicos. Cabe a SET provocar em suas diferentes áreas de atuação, discutir, estudar, testar, propor, interagir para que o mais sensato e de consenso seja conhecido e adotado.

Quais são os desafios dessa nova diretoria eleita para o biênio 2012/2014?
Necessitamos aumentar o número de sócios, resgatar os desistentes e buscar novos. A SET depende deles para sua existência e importância que possui hoje. Queremos dinamizar o nosso site e torná-lo mais útil para o nosso associado. Estamos estudando evoluções nos eventos regionais e no nosso congresso anual. É necessário manter nosso equilíbrio no orçamento anual, com controle das despesas e das metas de faturamentos.

O senhor foi moderador do Seminário Internacional no Congresso da SET que teve a participação de membros do Fórum ISDBT Internacional . Dentro do que foi apresentado, como o senhor avalia os trabalhos do Fórum?
O trabalho do fórum está focado em três áreas bem claras: Hardware, Middleware e EWBS. Existem coordenadores para estes grupos de trabalho indicados na agenda de trabalho do dia 20 de agosto, durante o Congresso SET 2012. Gostaria de apresentar alguns comentários feitos por Catalina Achermann, coordenadora dos trabalhos do Fórum ISDB-t Internacional. Ela mostrou as propostas apresentadas pelo Chile sobre EWBS. Entre elas: O aumento do consumo de energia, durante a ativação do alarme automático de receptores, poderia gerar sérios problemas na rede elétrica;

Configuração automática dos códigos de área para os receptores móveis. Isso será fundamental para o bom funcionamento dos EWBS. Também o download automático através do sinal digital do código de área para receptores fixos;

Padronização de receptores de TV diferentes e/ou inclusão EWBS obrigatório, especialmente adaptado às necessidades da América do Sul, diferente do Japão.

Catalina sugeriu esperar as contribuições e comentários de todos os países que, infelizmente, não compareceram à reunião. Por isso vamos esperar por uma nova versão da proposta EWBS que será analisada e discutida durante a próxima ISDB-T International
Forum, em Montevidéu, em maio de 2013.

O Fórum ISDBT Internacional tem um novo presidente . Qual a sua opinião sobre o presidente eleito Jorge Atton?
Dependerá dele dar a importância que o Fórum ISDB-T Internacional merece. Ele não esteve presente na reunião durante o Congresso da SET, e quem o representou foi Catalina Achermann, do Subtel, chefe de departamento de Assuntos Internacionais da Subsecretaria de Telecomunicações do Ministério de Comunicações e Transporte, do Governo do Chile.

O que o senhor achou das apresentações do Seminário Internacional?
Foram majoritariamente posições brasileiras e japonesas, quanto aos status atuais, resultados e visões futuras de transições, final do analógico para digital e avanços tecnológicos do padrão ISDB-T.

O que o senhor destacaria deste painel?
Todas as apresentações foram interessantes e importantes para o público presente. Puderam passar uma visão geral do status japonês, brasileiro, plano de transição proposto pelo governo brasileiro e ações internacionais em curso.

Qual o balanço que o senhor faz do Congresso SET 2012?
Os temas e conteúdos foram abrangentes cobrindo assuntos relevantes para o nosso setor de atuação. Tivemos público menor do que ano passado. Necessitamos rever número de salas simultâneas e a concorrência interna com temas similares.

Como o senhor avalia a decisão do governo antecipar o switch off brasileiro em alguns lugares e em outros prorrogar o apagão analógico?
É necessário avaliar melhor os impactos desta intenção. Há perguntas a serem respondidas: Existem receptores digitais suficientes nestes locais que permita o desligamento analógico? Qual a razão da pressa? O governo pretende liberar uso da faixa de 700 MHz para empresas de Telecomunicações? Como serão resolvidas as interferências/saturações existentes de LTE sobre a banda dos canais remanescentes de TV Digital?

Durante a abertura do Congresso da SET 2012, a consheira da Anatel, Dra . Emilia Maria Silva Ribeiro, afirmou que o setor da radiodifusão está mais aberto à discussão . O senhor concorda com essa colocação?
O setor sempre esteve aberto. Dependerá dos interlocutores técnicos das emissoras, dos empresários e do governo federal essa discussão. Sem dúvidas será necessário planejar qualquer transição e ouvir o setor.

Como o senhor avalia a iniciativa FobTV?
A SET é uma das entidades fundadoras. Fazemos parte do Comitê de Gerenciamento. A iniciativa é louvável e vital para o futuro da TV Aberta mundial. Pretende-se ter uma padrão único mundial que facilite a recepção em qualquer lugar, o aparelho fixo ou portátil seja único, que o torne amigável e que haja uma ganho de escala que favoreça a redução de preços e propicie ágil disseminação. Neste momento foi criado o Comitê Técnico que possui quatro categorias iniciais:Spectrum efficient terrestrial broadcasting system’, ‘Stationary ultrahd broadcast’, ‘Hybrid broadcast system’ and ‘Data link & application program’. A SET pretende criar aqui os nossos grupos de estudos correspondentes, visando acompanhar e interagir com o referido Comitê Técnico.

Os temas abordados no Congresso SET também foram pautados na IBC?
Sim, mas possuindo diferentes formas de abordagens. Os conteúdos e a forma de organização do congresso do IBC são muito interessantes. Tem melhorado a cada ano.

O que o senhor achou da conferência deste ano?
Crescente em qualidade e em abrangência. É uma ótima referência para nós. Temos muito que aperfeiçoar por aqui.

Quais foram os trabalhos realizados pela SET durante a IBC 2012 ?
Tivemos o nosso evento em conjunto com a IBC que apresenta temas e palestrantes da grade do congresso da IBC. Nós escolhemos os temas interessantes sob o nosso ponto de vista e a IBC coordena para que os palestrantes façam suas apresentações. Tivemos temas interessantes e ótimos palestrantes. Nosso público presente com cerca de 120 pessoas apreciou a oportunidade daquele momento.

Gilmara é editora da Revista da SET . E-mail: [email protected]