Entrevista – Claudio Younis e Daniela Souza

ENTREVISTA

 

Por Gilmara Gelinski

O balanço do Congresso SET foi positivo em todos os aspectos. Desta opinião compartilham os diretores da SET Claudio Younis, de marketing, e Daniela Souza, de eventos. De acordo com Daniela, muitos assuntos discutidos no congresso fazem parte da agenda mundial. Para Claudio, a ótima qualidade do conteúdo do congresso é fruto do trabalho árduo da diretoria SET e dos moderadores dos painéis. Ambos são responsáveis por duas diretorias ligadas diretamente a área de comunicação e nesta entrevista à Revista da SET falam do trabalho que desenvolvem na entidade, das discussões para elevar o patamar da Sociedade e das ações que devem ser feitas para aumentar a relação com a indústria, para incrementar a receita. Para eles a SET precisa ser preservada ao longo dos anos e isso requer investimentos. Suas trajetórias são parecidas, ambos chegaram à entidade através de convites e ficaram porque se envolveram e desenvolveram projetos para contribuir com o setor.

Qual o balanço que você faz do Congresso SET 2011?
Claudio:
Mais uma vez tivemos um excelente público prestigiando apresentações de especialistas de diversas áreas da produção e distribuição de conteúdo eletrônico.

Daniela: A SET vem melhorando a cada ano. E o que eu senti é que nós ampliamos nossa base de discussão, pensando em novos modelos de negócio para os radiodifusores – com relação à TVs conectadas, múltiplas telas, avanço da mobilidade – principalmente, em função da expectativa da expansão da banda larga. O fato de termos na abertura do Congresso a participação da conselheira da Anatel, Emilia Ribeiro, foi muito importante porque ela teve um posicionamento muito firme ao nos dizer: “Olha, nós entendemos a batalha que os radiodifusores vivem nesse momento, de preservar o espaço e o que sempre foi dos radiodifusores, mas nós temos uma legislação muito antiga, e não tem jeito, e isso vai mudar”. Eu acabei de voltar da IBC, participei do congresso em Amsterdã, e o que eu percebi é que a agenda mundial é justamente esse “cabo de guerra” entre a indústria de telecom e a radiodifusão. Essa questão é a agenda econômica e tecnológica do mundo, e eu notei que a SET está aberta para esta discussão.

Existe algum ponto que marque a diferença do Congresso SET 2011 com relação aos anos anteriores?
Claudio:
Não. Acho que o evento está em continua evolução.

Daniela: Eu penso que o primeiro ponto é essa abertura que a SET vem promovendo. Tanto que no congresso nós tivemos representantes do governo, das entidades do setor, da indústria, dos radiodifusores, da telecom, justamente, para ampliar a nossa visão da atualidade. Mais uma vez citando a conselheira da Anatel, que sugeriu a nós, encontrarmos uma alternativa para caminharmos juntos, ou os radiodifusores terão muita dificuldade pela frente. Só o fato de colocar isso em discussão já é super relevante. O representante da União Internacional de Telecomunicações, Pham Nhu Hai, também nos sugeriu a união. O outro ponto é o desenvolvimento tecnológico. Nós estamos vendo o movimento das operadoras em busca de novas alternativas para distribuição de conteúdos. Por sua vez, as emissoras de TV, além da criação dos aplicativos em múltiplas telas, estão buscando novos modelos de negócio com base em seu conteúdo. E voltando da IBC eu me dei conta que a revolução tecnológica está acontecendo e nós temos que fazer parte dela.

Como você avalia a participação e o interesse dos palestrantes em contribuírem com seu conhecimento, integrando a grade do Congresso?
Claudio
: O Congresso SET tem um conteúdo de ótima qualidade, fruto de um trabalho árduo da diretoria SET e dos moderadores dos painéis na elaboração da temática e na escolha dos palestrantes convidados.

Daniela: Eu fiz alguns convites e recebi bons retornos. Entre os meus convidados estava a vice presidente da Data Direct Networks, Laura Thommen, que participou do painel sobre cloud computing, moderado por Emerson Weirich. Esta profissional trabalha numa empresa que só provem infraestrutura de armazenamento de dados e ela viaja o mundo levando o seu conhecimento, mas nunca tinha participado da Broadcast & Cable como empresa e nem do congresso. Quando eu apresentei o nosso evento, ela ficou super interessada e aceitou o convite porque achou espetacular vir ao Brasil para fazer uma apresentação. Até mesmo porque, a crise, que afeta a Europa e Estados Unidos, amplia e direciona a visão dos investidores para os países em desenvolvimento. Toda vez que falamos e mostramos que o Brasil tem massa crítica, pessoas com excelente nível técnico e uma economia crescente, o mercado se interessa. E mais uma vez eu pude ver isto na IBC, que tem um espaço e pessoas destinadas a falar, exclusivamente, aos brasileiros.

Como você avalia a participação dos congressistas?
Claudio:
Nosso público é bastante interessado e respeitoso com os palestrantes, resultando em um fórum de extrema relevância para a discussão das aplicações e tendências da tecnologia neste mercado.

Dos temas apresentados, algum em especial provocou maior interesse? Por quê?
Claudio:
A temática do congresso é bastante diversificada e atende múltiplos interesses, logo vários temas são bastante procurados pelos congressistas.

Daniela: Temas como OTTs, Cloud Computing, TVs Conectadas são muito importantes. Mas, eu destaco também as novas soluções para o 3G, na área do jornalismo para que o conteúdo chegue de uma forma mais rápida, e a gestão de conteúdo que é um tema fundamental porque as emissoras cada vez mais precisam entender que não lidamos mais com matéria física e sim com arquivos/conteúdos localizados dentro de um ambiente para serem controlados pela gestão de conteúdo. Para o próximo ano podemos abrir mais a discussão sobre as redes sociais, que está crescendo muito. Aqui no Brasil nós temos a primeira experiência da transmissão ao vivo de um jogo de futebol – entre Real Madri e Barcelona – no Facebook, por um canal brasileiro. Eles tiveram 500 mil acessos no mundo durante o jogo. É fantástico!

Sobre as instalações do congresso. Houve melhoras em relação aos anos anteriores?
Claudio:
Existe uma limitação muito grande de espaços na cidade que permitam a realização de um congresso do porte do nosso simultaneamente à feira de equipamentos e serviços que tem crescido de forma consistente. Dentro deste cenário temos conseguido oferecer aos congressistas instalações adequadas e procurado pressionar o pavilhão a melhorar todos os anos a infraestrutura existente. Além de estarmos sempre trabalhando na melhoria dos recursos multimídia, tais como a sinalização digital com a programação de todas as salas.

Daniela: A SET está sempre melhorando, e este ano não foi diferente. Foi nota dez. Na sala de apoio, melhoramos a adequação para os palestrantes. E nós tivemos melhorias na questão de cobertura com várias revistas do mercado. E acredito que isso causou certa representatividade para SET.

Que efeito você considera que provocou a nova comunicação visual elaborada para este ano, que buscou uma identidade 3D?
Claudio:
Trabalhamos com uma programação visual diferenciada neste ano com o objetivo de permitir melhor visibilidade para os nossos patrocinadores. A SET é uma entidade sem fins lucrativos, que depende dos nossos leais patrocinadores para sua perpetuação e para poder oferecer melhores serviços aos associados e ao mercado. Deste modo queremos trabalhar para melhor reconhecer nossos parceiros e acreditamos que a nova comunicação visual tenha atingido este objetivo.

Daniela: A comunicação visual dos eventos tem a ver com os temas abordados. Este ano, por exemplo, tinha a ver com a TV conectada e múltiplas telas. A idéia foi ampliar a questão do digital, do 3D para falar dessas novas tecnologias através das imagens. E se para o próximo ano o assunto for pautada em diversos painéis, então, nós temos que incluir este tema nas peças publicitárias também. A cada ano a SET se renova como imagem porque ela deve refletir nosso momento.

Em sua opinião o que precisa ser melhorado com relação à divulgação do evento?
Claudio:
Precisamos ampliar os canais de divulgação e o trabalho de assessoria de imprensa para uma maior divulgação do evento ao novo público interessado neste mercado, tais como: empresas de software e telecomunicações. Pretendemos também continuar ampliando a presença internacional do nosso evento que já conta com muitos palestrantes internacionais e expositores de diversos países, mas que ainda pode ter uma maior participação de congressistas estrangeiros, principalmente, dos países da América do Sul. Esta participação já tem acontecido, mas pode ser ampliada.

Daniela: Primeiro , nós poderíamos ter para o próximo ano, uma assessoria de imprensa da SET. Segundo, ter mais atividades da SET nas redes sociais, ainda mais agora, que nós estamos no Facebook, no Twitter. Nós temos que ser muito ativos como membros da diretoria, como SET, e isso vai nos ajudar na divulgação do evento. Com relação ao Prêmio SET, ele é um evento que, além de premiar os melhores profissionais e soluções tecnológicas, promove de uma forma descontraída a integração e a troca de informações entre os participantes do Prêmio, congresso e da feira.

Quais são as ações que devem ser tomadas?
Claudio
:Temos trabalhado junto aos órgãos regulamentadores e às associações de categoria dos países sul americanos, e, desde o início da atual gestão, temos uma diretoria Internacional focada neste objetivo. Quanto à ampliação da divulgação na imprensa, estamos trabalhando na implantação de um acordo de apoio de mídia que deve ampliar os parceiros de imprensa no evento do próximo ano.

Daniela: Nós pretendemos divulgar, brevemente, toda a grade de eventos da SET em 2012, até mesmo para darmos subsídios às empresas para incentivá-las a investir nos eventos da SET. Começar nossa divulgação antecipada, promover pacotes especiais para quem investir mais nos produtos da SET. Com isso poderemos antecipar nosso trabalho de divulgação. Outro ponto que temos discutido muito é se a revista pode virar um meio eletrônico ou não.

E o Prêmio SET veio para ficar? Como está sendo o trabalho para que o Prêmio seja uma tradição no congresso?
Claudio:
Acredito que podemos dizer que o Prêmio SET, ainda na sua segunda edição, conquistou as empresas e profissionais do setor que certamente esperam a próxima edição e a oportunidade de serem indicados e premiados. Vamos trabalhar para ampliar a premiação e para a próxima edição estaremos abrindo inscrições antecipadas através do site da SET para que sejam apresentados projetos e/ou produtos indicados para algumas das categorias. Ver a emoção dos premiados deste ano foi um prêmio que recebemos pela idealização e realização do prêmio.

Vimos que diversas empresas aproveitaram indicação ou premiação para promoverem suas empresas e/ou produtos. Como você avalia a participação das empresas no Prêmio SET?
Daniela:
Esse é um movimento que tem que ser da SET, em primeira mão. É ótimo as empresas utilizarem a indicação para o marketing delas. Até mesmo falar da sua empresa em função do Prêmio SET, colocando indiretamente a SET em evidência.

Existem novos projetos para elevar ainda mais o patamar da SET e difundila em âmbito nacional e internacional?
Claudio:
A SET está estruturada em diretorias Regionais que propõem e coordenam atividades e grupos de trabalho voltados as necessidades de cada região. No âmbito geral, temos mantido a frequência de um seminário regional que busca levar a cada região um fragmento do Congresso SET mais ajustado às demandas da própria região. Deste modo massificamos conhecimento e atendemos a mais pessoas dentro do mercado, garantindo uma maior democratização da informação no setor. Inclusive temos trabalhado para manter estes seminários regionais gratuitos para os associados assegurando a universalização do acesso ao conteúdo. Mais uma vez agradecemos os nossos leais patrocinadores que viabilizam a continuidade deste trabalho.

Daniela: Nós sempre discutimos a situação da SET, principalmente, do ponto de vista internacional. Agora, em outubro, nós teremos uma reunião de diretoria. E a discussão sempre gira em como a SET pode ser mais eficiente, ou como a própria revista pode ser um meio de divulgação. No começo de junho, eu participei de um evento em Buenos Aires com diversos países do cone sul, levei exemplares da edição especial em espanhol da revista SET e foi um sucesso! Os exemplares esgotaram e eu percebi muitas pessoas lendo a revista. Isso mostra que a SET tem massa crítica, tem conteúdo a ser divulgado. Porém, nós temos obstáculos a vencer e é difícil chegar a esta equação de quanto podemos investir em relação a resultado.

Como você avalia a participação das empresas no tocante a patrocínio dos eventos e produtos da SET?
Claudio:
A SET depende dos patrocínios para a viabilização de seus projetos e para a perpetuação da entidade. Temos somente a agradecer nossos parceiros que estão sempre presentes em nossos projetos e juntos conseguimos manter vivo este trabalho de difusão de conhecimento e fórum de discussões dos profissionais do setor.

Daniela: A SET tem condições de expandir muito a área de atuação comercial, no que se refere a patrocínio, principalmente, com essa nossa revisão do olhar para este momento de convergência da indústria de radiodifusores com a da Telecom e com a indústria de tecnologia de informação. Nós temos grandes empresas no mercado e são poucas as que são patrocinadoras. O volume de negócios que o nosso mercado movimenta, o valor dos nossos patrocínios se justificam em função dos negócios gerados. Nós temos parcerias muito fortes, porém precisamos ampliar. Nos eventos regionais, por exemplo, as empresas adquirem uma cota de patrocínio para se apresentarem nas palestras regionais e falarem sobre tecnologia e, não apenas, sobre os produtos de suas empresas. É um modelo que deu super certo.

Paralelamente ao congresso SET 2011, aconteceu a exposição de equipamentos Broadcast & Cable. Como você avalia esta parceria entre SET e Certame?
Claudio:
A exposição de equipamentos e serviços é realizada pela Certame, mas em uma iniciativa conjunta com a SET. Esta é uma parceria de 20 anos e que neste ano teve ainda mais brilho com um grande crescimento em função do bom momento econômico do setor e da elevada atratividade internacional do Brasil. Tivemos pavilhões internacionais como o da Inglaterra e da China, além de uma grande diversidade de expositores de diversos segmentos da indústria. A exposição e o congresso se combinam no maior evento da América do Sul nesse setor.

Daniela: Eu gosto muito da parceria SET e Certame. É claro que existem reivindicações que fazemos ao longo destes anos, e de uma maneira geral o organizador da feira José Carlos Mascarenhas sempre atende a SET. O que nós temos que discutir um pouco mais é a ampliação da ocupação da área da feira. Mas aí, tem uma dificuldade da estrutura de área de eventos que não tem na cidade. Eu vejo a Certame como um parceiro que sempre caminhou junto.

Para os congressistas ter a “feira de equipamentos” acontecendo simultaneamente ao Congresso é um ponto que determina sua participação no evento? E para os expositores?
Claudio:
Entendo que a co-existência do Congresso e da Feira é fundamental para atender o interesse do público e se complementam de forma importante.
Daniela: O Congresso da SET é forte por si, que independentemente da feira, ele aconteceria, não sei se com o mesmo volume de congressistas. Muitos dos participantes, que vêm ao congresso, estão ali em função da discussão tecnológica junto aos expositores. Em contrapartida, a feira também conseguiria caminhar sozinha, porém, talvez não tivesse o mesmo número de visitantes.

No geral, como a SET vem cumprindo seu papel social, técnico e de associação de profissionais do setor de radiodifusão?
Claudio
: A SET é uma entidade de profissionais e seu principal objetivo é ser um fórum para a discussão dos problemas, necessidades e tendências do setor, difundindo conhecimento aplicado a seus associados e auxiliando no desenvolvimento dos profissionais e do setor. Acredito que a SET tenha um papel extremamente relevante neste sentido e sua participação nas definições das tecnologias e das normas que regulamentam este mercado tem sido cada vez mais importante.

Daniela: Nós cumprimos alguns papéis. Nós temos os grupos técnicos dentro da SET, entre eles o de Loudness. Com relação à formação de profissionais, eu acho que nós deveríamos apoiar. Penso que poderíamos nos associar a alguns parceiros e ser uma espécie de chancela em alguns cursos. A entidade tem como missão ajudar nessa formação. Até mesmo porque nós temos dentro da nossa sociedade os principais profissionais do mercado. São pessoas que formam opinião, que escolhem tecnologia, são profissionais que fazem com que as emissoras estejam no ar. Eu viajo o Brasil inteiro, e a realidade das regiões afastadas é muito diferente se comparadas aos grandes centros. Elas precisam avançar muito.

O que pode ser melhorado?
Claudio:
Tudo pode sempre ser melhorado. Todavia esta evolução está diretamente ligada ao crescimento da Sociedade e da disponibilidade de mais recursos para poder realizar mais atividades e ampliar o alcance da própria Sociedade. Precisamos mais associados e mais patrocinadores que se engajem no crescimento e desenvolvimento deste mercado.

Pode-se considerar um desafio ser diretor de marketing e evento de uma entidade tão importante quanto a SET?
Claudio:
O desafio de ser diretor desta entidade é que temos que dedicar muito trabalho e tempo a uma atividade que não é nossa atividade principal, pois somos profissionais e temos as responsabilidades dos nossos trabalhos. Uma característica comum da grande maioria dos diretores da SET é a paixão pela tecnologia e pelo mercado que nos impele a participar ativamente da SET e poder contribuir com nosso conhecimento e experiência para o desenvolvimento do setor.

Daniela: É sim. Além de ser um desafio porque todos nós somos profissionais de mercado e cada um tem suas atividades paralelas e como o mercado está crescendo em todos os níveis, o trabalho de todos tem aumentado muito ultimamente. Então, eu tenho uma responsabilidade e um compromisso muito grande com a SET. Eu quero que as coisas funcionem bem e dêem certo. Eu gostaria de dedicar muito mais tempo do que dedico. Para mim, além de ser um desafio, é uma honra.