Digitalização de Norte a Sul

Três emissoras do Paraná – TV Coroados, TV Iguaçu e TV Tarobá – e uma emissora do Maranhão – TV Mirante – atenderam a reportagem da Revista da SET e explicaram como se deu o processo para colocar o sinal digital no ar. A TV Coroados, afiliada da Rede Globo de Londrina no norte do Paraná – integrando do Grupo da Rede Paranaense de Comunicação (RPC) – iniciou seu projeto de digitalização em abril de 2009, com a elaboração do escopo. Menos de um ano depois, em 25 de fevereiro passado, colocou no ar o sinal digital.

O coordenador de engenharia da TV Coroados, Fernando Riedner, conta que o processo de implantação compreendeu investimento em novas instalações na central técnica e na sala dos transmissores; na estrutura elétrica; na aquisição de no-break; instalação do transmissor digital e antena no topo da torre. “No final houve um reforço da torre para suportar a instalação de novas antenas”.
Entre os equipamentos adquiridos, Riedner destaca um transmissor digital da Linear IS7 4k1 DE; antena principal da Transtel com 6 fendas, polarização horinzontal; antena reservada da Ideal com 6 fendas, polarização horizontal; mux e encoders da NEC, distribuidores e comutadores da Harris e exibidores da 4S. Segundo ele, o projeto total está orçado em R$ 3,5 milhões, incluindo a previsão dos gastos futuros.

Treinamento Próprio
Os treinamentos específicos para o sistema de TV digital foram realizados em parceria com o Inatel, assim como treinamentos presenciais e virtuais tiveram a ajuda da Rede Globo de São Paulo. “Não houve contratações, reunimos uma grande equipe dentro do grupo RPC, e todo o trabalho de instalações foi feito por nós”. A maior dificuldade ficou por conta da instalação das novas antenas digitais no topo da torre. “Primeiramente, fizemos um estudo de carga de vento para suportar o peso das antenas. Depois, foram feitos reforços tanto nas sapatas quanto na estrutura metálica da torre. Tivemos um cuidado muito grande com ajuda de toda a equipe de segurança da RPC para realizar esse trabalho”, detalhe o coordenador.

TV Iguaçu ainda caminha
Afiliada ao SBT na capital paranaense, Curitiba, a TV Iguaçu consolidou o projeto do sinal digital em 2008, quando a Rede Massa assumiu a operação das afiliadas do SBT no Estado do Paraná. O processo, que ainda não terminou, foi dividido em três partes: digitalização dos estúdios, transição para produção em HDTV e a transmissão digital. O diretor técnico da TV Iguaçu, Sok Won Lee, garante que em 2010 a emissora integrará o rol das emissorasdigitais deCuritiba.“Temoso projeto de transmissão aprovado pelo Minicom. Nossa intenção era ativar as transmissões ainda em 2009, mas um contratempo nos obrigou a revisar o cronograma original”. Parte do transmissor digital da TV Iguaçu sofreu danos durante o processo de importação, o que fez com que fosse enviado de volta à fábrica, para ser remanufaturado. “Talvez por ser um fato incomum, esse processo de reimportação levou mais de um ano e está prestes a ser finalizado”.
Contratempos à parte, no setor de produção o processo de digitalização segue em estágio avançado. “Os estúdios funcionam digitalmente já há alguns anos, em SD”, lembra Lee. Já as áreas de captação e edição estão preparadas para operar em HDTV, num workflow automatizado.

Media Manager
A TV Iguaçu não mede esforços na aquisição de equipamentos de transmissão, produção e exibição. Até agora, foram investidos cerca de R$ 5 milhões no projeto. Houve um reforço do setor técnico, com o advento das novas tecnologias de operação. A equipe passou por especialização, processo que determinounovas funções, como a de Media Manager, que administra e busca melhorar a disponibilidade dos recursos digitais. Sok Won Lee admite que a emissora está um pouco distante de finalizar o processo de transição. “Todas as barreiras estão sendo enfrentados com muita calma e estudo. O fato de estarmos afiliados a uma grande rede nacional e termos organizações como a SET e Fórum SBDTV como fontes de consulta facilita muito o trabalho”, conclui.

TV Mirante reelabora estrutura
Cabeça-de-rede da Rede Mirante, afiliada da Rede Globo em Maranhão, a TV Mirante, situada na capital São Luis, deu iniciou ao projeto de digitalização em junho de 2008, quando da aquisição de um transmissor digital da NEC. Atualmente, a emissora opera em sinal digital no canal 29 e analógico pelo
canal 10. A consignação do canal para alta definição foi assinada no dia 21 de dezembro de 2009. Luis Moraes, diretor de engenharia da emissora, aponta que já nesta data, 90% da infraestrutura necessária à transmissão digital havia sido reelaborada. “Com o sistema irradiante pronto e operando para os testes iniciais de cobertura, estamos finalizando atualmente a montagem de nossa central técnica, e trocando nossa captação de imagens para digital HD”, explica.

Entre os aparelhos adquiridos, além do transmissor NEC de 10 kW (5+5), Moraes lista um antena Slot de 12 fendas , da RFS para o segmento de transmissão; equipamentos da Grassvalley para produção e Panasonic P2 para captação.

“Precisamos investir ainda em parte da produção e captação, mas temos que seguir um planejamento rígido, pois os valores são muito altos”.

Alta definição
Os investimentos parciais da TV Mirante com o sinal digital – desde remontar a infraestrutura com sistema irradiante, captação, produção e treinamento – somam R$ 6,5 milhões, segundo o engenheiro. O valor total previsto deverá atingir o dobro do investimento inicial; período em que todo aparato da emissora estará alinhado com a transmissão em alta definição.
Com relação a treinamento, a emissora decidiu inicialmente atualizar os técnicos na área de TI, e aumentar essa equipe para treiná-los nas áreas de áudio e vídeo. “Concluímos que precisamos de profissionais que conheçam a fundo uma estação de televisão, incluindo dificuldades e facilidades técnicas e operacionais, e que a partir de agora conheçam também a área de TI , assim atacamos o desafio por dois lados”.

TV Tarobá prioriza jornalismo  
Afiliada da Rede Bandeirantes na cidade de Londrina, a TV Tarobá tem um alcance que compreende a maior parte do Estado do Paraná, chegando ao leste do Paraguai e norte da Argentina. Em 2007, a emissora
iniciou o projeto de digitalização do sinal, com prioridade para o jornalismo.
No segundo semestre do ano passado foram realizadas todas as aquisições de equipamentos e em fevereiro passado implementadas as modificações necessárias no switcher mestre, juntamente com a reestruturação da torre; instalação do sistema irradiante e reformas necessárias na sala dos transmissores. Valdemir Andrade, gerente técnico do projeto, conta que no início de março foram implantados os encoders, mux e transmissor. “Iniciamos os testes de transmissão digital a partir do dia 4 de março. A data para a inauguração da transmissão digital da TV Tarobá de Londrina esta prevista para 18 de março”.

O gerente enumera os equipamentos  adquiridos e os critérios avaliados. “Compramos câmeras GY-HD 250 da JVC para o estúdio de jornalismo, porque ela é versátil e atende a transição do SD analógico para o HD. Para o switcher, também optamos por um Índigo da Grass Valley. Toda parte de conversores é da Harris, encoders Ate- e Envivio, mux da EITV e transmissor Telavo”. Segundo Andrade, a emissora não realizou contratações e está treinando a própria equipe para a digitalização.

*raphael é repórter da revista da Set – raphael@ embrasec.com.br

Revista da SET
 ANO XXI – N.113 – MAR/ABR 2010