Robotização e automatização são tendências no mercado de produção audiovisual

Em meio às novas mídias e aos novos processos de produção de conteúdo, câmeras DSLR, câmeras robóticas, IoT (Internet of Things) e t-commerce se apresentam como soluções para as transmissões esportivas e o jornalismo

José Dias, diretor de multimídia da TV Globo

Em um mundo de constantes transformações tecnológicas, novas mídias e novos hábitos surgem na produção de conteúdos audiovisuais. A sessão Novas mídias emergentes: DSLR, robótica, IOT, t-commerce para esportes e jornalismo refletiu esta tendência, no 27º4 Congresso SET 2015. Com moderação de José Dias (diretor de multimídia da TV Globo) e palestras de Márcio Carneiro dos Santos (UFMA/LABCOM), Neil Noriak Ugo (Panasonic), Steve Boland (Mark Roberts Motion Control) e Bryn Balcome (London Live), os expositores apontaram soluções adequadas ao novo cenário.

Márcio Carneiro dos Santos, professor de jornalismo em redes digitais da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e coordenador do Laboratório de Convergência de Mídias (LABCOM), realiza pesquisas a respeito do impacto das novas mídias no na produção, na difusão e no consumo do jornalismo. Em sua palestra no Congresso SET 2015, o professor destacou que as mudanças pelas quais passamos não ocorrem apenas do ponto de vista tecnológico.


Neil Noriak Ugo, diretor de projetos da Panasonic

“Elas [as mudanças] também são culturais, sociais e econômicas, por isso, precisamos de soluções novas na produção de jornalismo tradicional, nos métodos de produção. Eu me reocupo com o que e como as empresas de mídia vão vender jornalismo para jovens e crianças de 8 a 12 anos, que já não se interessam pelos meios de comunicação tradicional”, ponderou.

Pensando nestes princípios, Carneiro afirmou que “se pode utilizar realidade aumentada, ou seja, criar informação a partir de pontos de localização, com o Google Street View; em câmeras 360 graus, e em imersão [conteúdo transmitido via óculos]. Essas são possibilidades de futuro, para que as novas gerações possam recuperar o interesse em consumir as notícias.”

No laboratório, o pesquisador desenvolve o projeto Jumper Project, baseado em inteligência artificial e em ferramentas de criação de narrativas que aliviem os jornalistas da coleta pesada de informações. “A ideia é colocar as pessoas como produtoras de conteúdo jornalístico, em imersão, a partir de onde elas estejam. Queremos, por exemplo, colocar uma Go Pro ou um celular nas mão de um menino e permitir que ele produza conteúdo em tempo real de dentro de um estádio de futebol.  É o que chamamos de jornalismo imersivo. Assim, os jovens podem voltar a valorizar a audiência”, disse.

Em sua palestra, Neil Noriak Ugo, diretor de projetos da Panasonic, falou das câmeras DSLR oferecidas pela empresa que permitem a produção de conteúdo audiovisual em estádios e eventos esportivos. “A DSC oferece uma qualidade de imagem muito boa, mas, uma profundidade de campo nem tão boa. Já a câmera de mão, vai permitir uma boa portabilidade. Unindo essas duas câmeras, criamos um equipamento com as melhores características de cada uma delas e, o que é melhor, com tecnologia 4K, a VariCam”.

Ele disse que antigamente, as notícias eram gravadas em fitas. “Hoje, gravamos em mídias HD. Agora, a Panasonic trabalha para produzir câmeras que enviem o conteúdo diretamente para as centrais de transmissão ou edição do vídeo. Assim, não precisamos mais voltar para descarregar o conteúdo. A umidade, a temperatura, todos esses metadados captados em campo podem ser transmitidos automaticamente pela nuvem, por Wi-Fi ou mesmo por internet de cabo. Essa será a nossa próxima estratégia, ter essas tecnologias que unam as câmeras diretamente aos switchers, em tempo

Steve Boland (Mark Roberts Motion Control)

real. Com base nessas tecnologias, podemos oferecer soluções para os nossos usuários”, ressaltou.

Robotização e automação em transmissões esportivas

Steve Boland, head of bussiness development da Mark Roberts Motion Control, destacou a parceria de sua empresa com a Nikon, no desenvolvimento de soluções automáticas de captação para as transmissões da Olimpíada de Londres 2012. “Nós trabalhamos com câmeras robóticas instaladas em locais que um ser humano nunca chegaria. Estávamos sempre atuando com duas câmeras simultâneas”.

“A câmera robótica, comandada por um homem, pode operar os movimentos de outras câmeras robóticas, em rede, focalizando um mesmo objeto, de ângulos diferentes. Conseguimos essa solução, em parceria com a Nikon. Assim, precisamos de poucos operadores para controlar as câmeras”, frisou.

Boland lembrou, também, que, “como fabricante, nós podemos oferecer e projetar tudo o que for preciso para uma câmera automática, como as lentes ou os controladores de operação simultânea. Em um ambiente de redes de câmeras robóticas, o número de lentes que você pode ter acompanhando um único objeto ou atleta é enorme.”

O desafio é fazer com que as câmera automatizadas tenham a mesma percepção dos seres humanos. “É isso que mede se uma câmera desse tipo é boa não: como um ser humano perceberia a cena gravada pelo robô?”, questionou.

Entretando, o objetivo da emissora, segundo o palestrante, é ter um estúdio totalmente autossustentável e autônomo. “Queremos retirar o operador de cena, para ter coerência e regularidade no estúdio. Recentemente, fizemos uma transmissão ao vivo de boxe com 13 câmeras robóticas, três câmeras manuais e seis operadores de câmera. Precisamos de uma comunicação em tempo real entre câmera e ambientes 3D”.

Bryn Balcome, diretor de tecnologia da London Live

O futuro das transmissões televisivas, na opinião de Balcome, passa pela combinação de análise de dados com o uso de softwares. “Hoje, a televisão fala de reprodução. Você pega uma imagem de uma câmera e coloca na casa de outra pessoa. Mas, essa informação tem uma estrutura. No futuro, vamos melhorar essa informação antes de transmitirmos ao espectador. Será uma combinação de câmeras, informações, sensores, dados, processamento”, finalizou o executivo britânico.

A 27ª edição do Congresso da SET acontece de 23 a 27 de agosto de 2015 no Expo Center Norte, em São Paulo. Este é o Congresso mais importante das áreas de engenharias e novas mídias da América Latina reunindo especialistas dos Estados Unidos, Japão, Europa e América Latina, para debater e analisar a situação atual e as principais tendências em produção, transmissão e distribuição e contribuição de TV. Na edição deste ano o foco passa pelo desligamento analógico da TV e os temas relacionados com esta transição.

SET Expo 2015
A feira será realizada de terça-feira, 25 de agosto até quinta-feira, 27 de agosto. Este ano, o SET EXPO, Feira de Equipamentos, Tecnologia e Serviços aplicados aos Mercados de Broadcasting, Telecomunicações e Mídias Convergentes espera um público de mais de 15 mil visitantes entre profissionais, empresários e executivos do mercado de produção e distribuição de conteúdo eletrônico de multimídia, incluindo TV aberta e por assinatura, rádio, internet, indústria, produção e telecomunicações.

Mais de 200 expositores, representando mais de 400 marcas nacionais e internacionais vindos de países como Estados Unidos, Canadá, Israel, Coréia, Itália, Espanha, Chile, e muitos outros estarão presentes na edição 2015. Ainda a exposição contará com pavilhões internacionais do Reino Unido, Alemanha, Japão, Argentina e Escandinávia.

Como já é costume, siga a cobertura em tempo real do Congresso e o SET Expo na Revista da SET.

Equipe Revista da SET/ProEx Unesp: Gabriel Cortez e Fernando Moura, em São Paulo